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Matérias / Brasil

De exibição em praça pública a decomposição: o destino macabro da cabeça de Lampião e seu bando

Após uma morte brutal — e inesperada — os restos dos cangaceiros foram exibidos em diversas cidades

Nicoli Raveli Publicado em 28/03/2020, às 09h00

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Bando de Virgínio Fortunato da Silva em 1936 - Wikimedia Commons
Bando de Virgínio Fortunato da Silva em 1936 - Wikimedia Commons

O final do século 19 foi marcado pela existência de diversos grupos que se opunham ao coronelismo no Brasil. Entre eles, estava Lampião e seus brutais seguidores. Conhecidos como cangaceiros, o bando usava a violência contra os inimigos, uma vez que o nordeste passava por uma situação de miséria.

Os cangaceiros Lampião, Maria Bonita e seus seguidores / Crédito: Domínio Público

Entretanto, em 1938, o bando foi encurralado por pequenos grupos de soldados. Os policiais chegaram de surpresa em uma fazenda em Sergipe, enquanto os cangaceiros dormiam com medo. Carregando metralhadoras portáteis as autoridades pegaram os seguidores de Lampião de surpresa. O tiroteio durou, em média, 20 minutos, e feriu quase todos do bando. Ao ver que Lampião não seria poupado, Maria Bonita implorou por sua vida, mas a tentativa foi em vão. Assim como a maior parte da equipe, ela também teve sua cabeça decepada.

Exibição pelo país

Após as mortes, os cangaceiros tiveram suas cabeças expostas em diversas cidades. Para os Volantes, o episódio representou um marco e poderia servir de exemplo. Com as cabeças sendo exibidas como troféus, as levaram até Maceió, onde passaram por uma autópsia.

Exibição das cabeças naescadaria da prefeitura em Piranhas, Alagoas / Crédito: Divulgação 

Foi também na cidade que elas foram exibidas na Praça da Cadeia apresentado características bizarras: os órgãos estavam nos primeiros estágios de decomposição. No entanto, isso não impediu que a população acompanhasse todo o processo insólito.

Mais tarde, elas foram retiradas do local e foram transportadas para a Santa Casa de Misericórdia. Durante o trajeto, a área teve que ser isolada devido a população que ameaçava invadir.

Muldidão na Praça da Cadeia, em Maceió / Crédito: Divulgação

A autópsia e a exposição no Museu de Salvador

José Aristeu, necropsista, e o Doutor José Lages Filho ficaram encarregados pela autópsia. Posteriormente, eles concluíram que as cabeças não foram conservadas de maneira correta e, como consequência, somente a cabeça de Lampião seria útil para os estudos científicos. Mesmo assim, o especialista relatou que o rei do cangaço havia perdido a massa encefálica, o que impossibilitava a realização de estudos mais aprofundados sobre sua anatomia cerebral.

Para que a análise conseguisse provar que a cabeça realmente pertencia a Lampião, ainda faltavam as informações adicionais sobre seu maxilar e deformações cranianas. “Todavia, nem por isso os dados anatômicos e antropométricos assinalados perdem sua valia pelas sugestões que oferecem na apreciação da natureza delinquencial do famoso cangaceiro nordestino”, informou o médico através de uma lauda.

Na época, esses estudos apresentavam tanta importância, que o governo de Alagoas recebeu um pedido de Berlim para que as cabeças fossem enviadas ao Instituto Guilherme II, mas a autoridade local não aceitou.

Depois das pesquisas realizadas na cidade, os restos mortais de todos os cangaceiros foram encaminhados para Salvador e ganharam espaço no Museu Antropológico Estácio de Lima.

Anos depois, a cangaceira sobrevivente, Sérgia Ribeiro da Silva, conhecida como Dadá, foi quem pediu o sepultamento dos restos mortais dos colegas, a fim de obter o cumprimento da legislação em respeito aos mortos. Entretanto, seu pedido só foi atendido em 1969, durante o governo de Luiz Viana Filho.

No entanto, antes de entregar as cabeças decapitadas, o museu fez moldes para que, de alguma forma, elas ainda fossem expostas e servissem como prova concreta da morte dos cangaceiros.


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