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Matérias / Bizarro

De urina de morcego a coração do Rei Sol: o peculiar — e anômalo — apetite de William Buckland

Um dos mais notórios geólogos e paleontólogos da Inglaterra vitoriana chamava a atenção pela excentricidade de seus gostos culinários

Thiago Lincolins Publicado em 21/04/2020, às 08h00

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Ilustração de William Buckland comendo o coração do Rei Sol - Wikimedia Commons
Ilustração de William Buckland comendo o coração do Rei Sol - Wikimedia Commons

Durante uma recepção, Lorde Harcourt, arcebispo de York, resolveu passar entre os convivas o orgulho de sua coleção: o coração preservado do Rei Sol, Luís XIV, morto em 1715. De mão em mão, a peça passou, causando suspiros impressionados. Com o mais de um século desde sua preservação, encolhera até o tamanho de uma noz.

Até cair nas mãos da celebridade mais duradoura por ali: o reverendo William Buckland, teólogo e naturalista, o descobridor dos dinossauros, primeiro a descrever um deles numa publicação científica. Impressionado com a relíquia, proferiu: “Eu tenho comido muitas coisas estranhas, mas nunca comi o coração de um rei antes”.

E goela abaixo se foi a relíquia histórica, para o choque de todos. Menos quem conhecia Buckland, um dos cientistas mais estranhos da História.

William Buckland, o cientista que comeu o coração do rei / Crédito: Wikimedia Commons

Nascido em Devonshire, na Inglaterra, ganhou uma bolsa de estudos em Oxford em 1801. Atuou como pastor anglicano e professor até que, em 1824, foi nomeado presidente da Sociedade Geológica de Londres. Ano em que batizou o Megalossauro, reconhecendo pela primeira vez que os dinossauros eram uma categoria de animais há muito extintos, não restos de seres mitológicos.

Como resultado de suas muitas descobertas, Buckland tornou-se um dos mais notórios geólogos e paleontólogos da Inglaterra vitoriana. O que deu a ele certa licença para a excentricidade.

Começou quando trabalhou com aclimatação de animais. Obcecado pelas espécies mais exóticas, importou inúmeras delas para a Grã-Bretanha — cobras, águias, macacos e até uma hiena, apelidada de Billy.

Disso veio a brecha para saciar o desejo por carne animal fora dos padrões. Nenhum bicho escapou do seu paladar. Toupeiras, moscas varejeiras, panteras, crocodilos e ratos — estes, acompanhados de torradas — conheceram o interior de Buckland.

O hábito não parou na degustação das espécies. Ao visitar uma catedral em Londres, ouviu uma história que afirmava que o sangue dos santos se espalhava pelo chão e paredes da igreja. E a prova estava diante dele, uma mancha no chão.

Usando do exclusivo Método Buckland, investigou a mancha abaixando-se ao chão e lambendo-a. Levantou-se e, diante do que certamente era uma plateia atônita, encerrou com estas palavras a lenda piedosa: “urina de morcego”.

Buckland se foi em 1856, por um problema neurológico. A compulsão foi passada de pai para filho. Frank Buckland continuou a degustar seus objetos de estudo. Seu apelido era “o homem que comia tudo”.


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