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Matérias / Personagem

As declarações polêmicas de João Batista Figueiredo, o último presidente militar

Em diversas ocasiões, Figueiredo chocou o país com seus posicionamentos controversos

André Nogueira Publicado em 22/05/2020, às 17h19

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Figueiredo em aparição pública - Divulgação
Figueiredo em aparição pública - Divulgação

Temer, Dutra, Nereu Ramos. Estes são alguns dos presidentes do Brasil que não possuíam carisma nenhum, mas pelo menos nunca chegaram a ofender todo o povo do país. Este não é o caso de João Batista Figueiredo, último ditador militar antes da Nova Constituição. “O difícil faz-se logo, o impossível demora um pouco”, ele já dizia.

Figueiredo não nasceu para ser uma figura pública, mas sim um militar recluso. Apontado por Geisel como sucessor à presidência pela ARENA, ele era curto e grosso em diversas falas: “eu dava um tiro na cuca”, uma vez respondeu a um garoto que o questionou, em 1979, sobre o que faria se seu pai ganhasse apenas um salário mínimo.

O plano original do governo militar era o de transformar Figueiredo numa figura popular, conhecida como João do Povo. Mas isso foi muito difícil, afinal, o presidente não colaborava. Praticante do hipismo, foi questionado uma vez sobre o “cheiro do povo” numa entrevista sobre a cavalaria. Sem dó, ele respondeu: “Eu prefiro o cheiro do cavalo”.

Figueiredo e seus amados cavalos / Crédito: Reprodução

Seu governo foi marcado pela abertura controlada, a transição para um regime de eleições diretas. Quando questionado sobre a abertura, que ao mesmo tempo consolidava a estrutura de poder da Ditadura, mas tirava a centralidade dos militares, ele só gritou: “É para abrir mesmo. Quem quiser que não abra, eu prendo e arrebento”.

O apreço pelo povo era praticamente negativo para Figueiredo. Várias vezes de forma ofensiva, ele culpava os mais pobres por diversos problemas do país. Uma vez, ele afirmou que “um povo que não sabe nem escovar os dentes não está preparado para votar”.

Além do mais, Figueiredo era racista. Não só apontava posições esdrúxulas para o país, como quando disse que “a solução para as favelas é jogar uma bomba atômica”, mas já chegou a fazer declarações praticamente criminosas.

Uma vez, disse, como se como uma piada: “Eu cheguei e as baianas já vieram me abraçando. Ficou um cheiro insuportável, cheguei no hotel tomei 3, 5, 7 banhos e aquele cheiro de preto não saía”. Também já declarou que “durante muito tempo o gaúcho foi gigolô de vaca“.

Por fim, Figueiredo se posicionava como quem, na verdade, pouco se importava com a opinião popular. Ele foi eleito por um Colégio Eleitoral, nunca por sufrágio popular, e sabia que a vontade geral era a de fomentar o MDB e a Frente Democrática. Sua participação no governo seria temporária e responsável pela dissolução do regime.

Por isso, chegou a falar que “o povão que poderá me escutar será talvez os 70% de brasileiros que estão apoiando o Tancredo. Então desejo que eles tenham razão, que o doutor Tancredo consiga fazer um bom governo para eles”, mas encerrou da maneira mais brusca possível: “E que me esqueçam!”.