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Matérias / Personagem

Depois da renúncia conturbada: Por onde anda Evo Morales?

Após deixar o cargo pressionado por militares bolivianos, o ex-presidente entrou em um avião e ainda não voltou para o seu país natal

Isabela Barreiros Publicado em 30/10/2020, às 08h00

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O ex-presidente boliviano Evo Morales - Getty Images
O ex-presidente boliviano Evo Morales - Getty Images

O clima esquentou na Bolívia no final do ano passado. Quando as eleições aconteceram no país e Evo Morales foi declarado como vencedor, depois de ficar no poder por 13 anos, com uma popularidade incontestável, muitos começaram a afirmar que a situação parecia suspeita e uma movimentação militar pôde ser observada. 

Naquele momento, uma auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA) disse ter percebido irregularidades no processo eleitoral boliviano. No dia 10 de novembro, o órgão anunciou: “dadas as irregularidades observadas, é impossível garantir a integridade dos dados e atestar a precisão dos resultados”.

No relatório final, divulgado no mês seguinte, atestaram: “a equipe de auditores detectou manipulação intencional” baseadas em “evidências incontestáveis de um processo eleitoral marcado por graves irregularidades”.

Em junho deste ano, porém, o New York Times contrariou essa afirmação: “Um exame atento dos dados eleitorais sugere que a análise inicial da OEA que levantou dúvidas sobre fraude eleitoral – e contribuiu para a deposição de um presidente – foi falha”. De uma forma ou outra, o resultado é conhecido por nós. Já no dia 10, Morales renunciou e quem assumiu o poder foi a senadora Janine Áñez.

Depois de todo esse cenário conturbado, em que, em apenas três semanas, o ex-presidente da Bolívia foi eleito, acusado de ter roubado as eleições, renunciou sua posição e afirmou a todos que seu país havia passado por um golpe de Estado, a situação não ficou mais fácil para Evo.

Pós-renúncia

Crédito: Gettty Images

Após a renúncia pressionada por militares do país, Morales pediu asilo a países latino americanos e recebeu uma proposta do presidente do México, Andrés Manuel López Obrador. Assim, já no dia seguinte, ele pegou um voo com destino à Cidade do México, onde permaneceu por um tempo.

Segundo ele, a decisão foi tomada porque ele acreditava que sua vida estaria em perigo enquanto estivesse na Bolívia. Quando chegou, deu uma breve entrevista, dizendo que foi forçado a desistir, mas o fez "para que não houvesse mais derramamento de sangue”. O líder ainda agradeceu ao presidente mexicano pelo asilo político no país, alegando que ele “salvou sua vida”.

Durante o voo, o Parlamento boliviano recebeu sua carta de renúncia: "Minha responsabilidade como presidente indígena e de todos os bolivianos é evitar que os golpistas sigam perseguindo meus irmãos e irmãs dirigentes sindicais, maltratando e sequestrando seus familiares, queimando casas de governadores, de parlamentares e de conselheiro. A ordem é resistir para amanhã voltar a lutar pela pátria. Nossa ação é e será defender as conquistas de nosso governo. Pátria ou morte!”.

Exílio

Morales ficou mais ou menos um mês no México. Depois desse período, ele foi para a Argentina, país onde passou por seu exílio político. Mesmo longe de sua vida como líder da Bolívia e do próprio país fisicamente, ele não deixou de acompanhar o que estava acontecendo no território.

Durante os meses que permaneceu em terras argentinas, o ex-presidente ditou uma obra que tem como intuito reunir todos os acontecimentos da sua vida de 2019 a 2020. Com o título, “Voltaremos e Seremos Milhões”, o livro deverá conter as mais importantes memórias do político nos últimos meses.

Mas mais que isso: enquanto estava em exílio, ele continuou apoiando seu partido, o Movimento ao Socialismo (MAS), em sua campanha eleitoral, que agora contaria com outro candidato. Mesmo que menos expressivo que o popular governante, ele seria uma espécie de “afilhado político” do mesmo.

E assim foi: de volta à disputa eleitoral, o MAS venceu nas urnas, dessa vez com Luis Arce. Para o próprio Morales, a vitória indica que sua popularidade continua na população boliviana. Essa mudança no cenário político do país ainda o ajudou. Na segunda-feira, 26, a justiça boliviana anulou uma ordem de detenção estabelecida pelo governo anterior por suposto crime de terrorismo cometido pelo ex-líder.

A anulação ocorreu somente uma semana depois de Arce vencer nas eleições oficiais do país e juiz Jorge Quino, presidente do Tribunal Departamental de Justiça de La Paz, divulgou a decisão afirmando que a ordem foi suspensa pois "seus direitos foram desrespeitados, basicamente o direito à defesa, pois o ex-presidente não foi devidamente convocado”.

Volta à Bolívia?

Com a anulação da sentença, é possível que Morales agora volte para seu país natal. Na quarta-feira, 28, ele afirmou: “Pedem-me [os camponeses] que voltemos no dia 11 de novembro, porque saí num 11 de novembro. É muito simbólico”.

A expectativa é que o ex-presidente volte para a Bolívia por terra, passando pela fronteira entre a Argentina e seu território para ficar novamente com a população. Ele espera permanecer dois dias em povoados no sul e chegar no centro do país no mesmo dia em que, um ano atrás, havia o deixado para o exílio.


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