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Matérias / Bizarro

Desmaios no meio da rua: A cidade que sofria da doença do sono

Em 2015, o local chocou a comunidade científica após uma epidemia de sonolência ligada a uma antiga mina de urânio

Wallacy Ferrari Publicado em 08/08/2022, às 16h46

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Imagem meramente ilustrativa - Pixabay
Imagem meramente ilustrativa - Pixabay

No ano de 2015, o vilarejo de Kalachi, no Cazaquistão, mobilizou a comunidade científica internacional para observar um fenômeno raro que acometeu os moradores ao longo de dois anos, resultando em mistério e até mesmo suposições tenebrosas com base em episódios atribuídos a paranormalidade.

Por lá, os moradores sofriam de crises de sono; boa parte do vilarejo dormia por dias e de maneira repentina, esbanjando ausência de disposição. Nas escolas, crianças mal sustentavam a postura nas cadeiras, rapidamente repousando sobre as mesas. Trabalhadores também eram afetados, perdendo dias de trabalho para o sono intenso.

O caso tomou uma gravidade ainda maior quando os registros médicos aumentaram; oito pessoas ficaram internadas por três meses em um hospital local, chegando a perder a capacidade de sustentação em pé.

O auge, de acordo com o Fantástico, da TV Globo, em reportagem de 2015, foi registrado no inverno daquele ano, com 60 pessoas resgatadas por ambulâncias, todos espalhados por pontos da cidade no que chamou de "epidemia de sonolência" pelo motorista do veículo de emergência.

A resposta dos eventos surgiu quando o diretor de um hospital notou uma constante em uma análise cerebral de crianças atendidas: pequenos edemas cerebrais.

Origem do problema

Ao questionar o histórico das crianças, notou que algumas delas passaram próximas ou até entraram para brincar em uma mina abandonada. Ao questionar o histórico das crianças, notou que algumas delas passaram próximas ou até entraram para brincar em uma mina abandonada.

Ao revisar o histórico da localidade, descobriram que, ainda na época em que o lugar compunha a União Soviética, o local era centro de extração de urânio, um elemento químico radioativo usado para produzir energia atômica. Contudo, quando manipulado sem equipamentos de segurança, o material é extremamente nocivo a saúde.

Placa ilustra perigo de aproximação em local com material radioativo / Crédito: Getty Images

Apesar de fechada em 1980, a mina abandonada ainda contava com níveis de radiação alarmante, contando com relatos de cheiro forte e adocicado partindo da mina.

Estranhamente, a associação da suposta radiação com o caso permanecia inexplicável, visto que, além da sonolência, o quadro de saúde dos afetados não apresentava nenhuma anormalidade, mesmo se estivessem o contato com o item corrosivo.

Origem do problema

Pesquisadores buscaram, então, descobrir como ocorreu a desativação do local; ao fechar, a mina foi inundada para ficar inacessível a pé, mas as estruturas de madeira que sustentavam a estrutura subterrânea acabou encharcando e apodrecendo, liberando uma série de gases durante o processo de decomposição.

Tamanha a quantidade deles que, quando dispersos sobre o vilarejo, chegam a abaixar o nível de oxigênio no ar. Pessoas mais vulneráveis, como idosos e crianças, sofrem com a queda do oxigênio em relação a produção de monóxido de carbono no sangue, causando tontura.

Como forma de evitar danos maiores, o cérebro ativa uma espécie de estado de emergência, desacelerando o metabolismo e induzindo a sonolência e, enfim, explicando a tal “doença do sono”.

A recomendação posterior foi de deixar áreas mais próximas a mina, sendo parcialmente aceita por moradores — e rejeitada por outros, que não fizeram questão de abandonar a área.