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Matérias / Brasil

Rusga, a disputa por Cuiabá que causou um massacre

No século 19, um grupo de brasileiros matou centenas de portugueses

Anselmo Carvalho Pinto Publicado em 24/06/2009, às 07h53 - Atualizado em 19/12/2021, às 08h00

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Fotografia - Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons
Fotografia - Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

Era meia-noite de 30 de maio de 1834 quando Cuiabá foi tomada pelo som de cornetas e tiros de arcabuzes. Saindo do Campo do Ourique, no centro da capital de Mato Grosso, 80 homens começaram a invadir e saquear casas. A ordem era matar os portugueses e arrancar suas orelhas como troféu.

Ao amanhecer, centenas de pessoas estavam mortas. A rebelião ficou conhecida como Rusga. “O movimento se expandiu pelas redondezas”, diz a historiadora Elizabeth Siqueira, autora de 'História de Mato Grosso'.

O massacre foi motivado pela mudança no comando do país, três anos antes. Em 1831, dom Pedro I (1798-1834) voltou para Portugal e deixou o filho, de 6 anos. Até que dom Pedro II (1825-1891) alcançasse a maioridade, o Brasil seria comandado por regentes.

A situação inspirou conflitos em vários locais. Cuiabá se dividiu entre liberais brasileiros e portugueses conservadores. O levante liberal foi bem-sucedido. O grupo permaneceria no governo até 1842, quando começou um período de alternância de poder.

Assassinato sem culpado

Morte do presidente da província é mistério.

Pouco antes da Rusga, a Regência quis impedir que os liberais pegassem em armas. Para isso, assumiu a presidência da província João Poupino Caldas. Liberal moderado, ele tentou barrar a rebelião, sem sucesso. Em setembro de 1834, foi afastado.

O novo gestor, Antônio Pedro de Alencastro, prendeu e processou os líderes do motim. Mas foi seu antecessor, Poupino, quem assinou o processo contra os colegas de partido. Em 1836, ele decidiu deixar Cuiabá. No dia da despedida, foi morto pelas costas com uma bala de prata. O autor do disparo nunca foi encontrado. Pouco depois, começou a circular na cidade uma quadrinha anônima: "No dia nove de maio/ Depois da Ave Maria/ Matei Coronel Poupino/ Fiz tudo o que queria".

Líderes inocentados

Nenhum deles foi para a cadeia.

Julgado no Rio de Janeiro, Pascoal Domingues de Miranda, juiz de direito, foi considerado inocente e se estabeleceu na cidade. José Alves Ribeiro, fazendeiro próspero da região, também foi inocentado no Rio. Depois, voltou para Cuiabá. Por fim, Caetano Xavier da Silva Pereira, major da Guarda Nacional, liderou os revoltosos e acabou julgado inocente.