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Matérias / Personagem

Do exílio conturbado à prisão: Maria Thereza Goulart, a mais bela primeira-dama do Brasil

A esposa de Jango é uma relevante estilista e figura central da mídia dos anos 1960, tendo estado ao lado do marido em comícios, no golpe e no Uruguai

André Nogueira Publicado em 17/05/2020, às 08h00

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Maria Thereza Goulart - Divulgação
Maria Thereza Goulart - Divulgação

Maria Thereza Goulart é uma estilista que ficou conhecida como primeira dama entre 1961 e 1964, quando seu marido João Goulart foi presidente do Brasil. Com uma vida sofrida e agitada durante os anos em que a repressão tomou a América Latina, ela sempre foi uma aliada e suporte para o político petebista, mesmo diante de adversidades e tensões políticas e pessoais.

Thereza nasceu em São Borja, Rio Grande do Sul. Curiosamente, era vizinha do futuro esposo. Conheceu Jango aos 14 anos, época em que sua família tinha conexões com os parentes de Getúlio Vargas. Alinhada com as principais famílias da região, ela se aproximou cada vez mais de Goulart.

Segundo Thereza, um momento de proximidade se deu diante de um baile de debutante ocorrido na casa da tia no rio de Janeiro. Não foi amor a primeira vista, pois a recatada moça não se via podendo “namorar uma pessoa de sua projeção” (Jango era um mulherengo).

O relacionamento amoroso  teve início após Maria Thereza terminar seus estudos, na época em que Jango era Ministro do Trabalho de Getúlio. O namoro resultou em casamento no ano de 1955, quando o político concorria ao cargo de vice-presidente.

Obstáculos

As circunstâncias da cerimônia foram tão adversas, por conta de viagens e uma tempestade, que a consumação oficial ocorreu por procuração (que surpreendeu as especulações de que ele nem ocorreria, pois Goulart não se fecharia a uma mulher só).

Acontece que João e Thereza se tornaram um casal modelo da época, tidos como referência de casamento entre belos jovens. A mídia surfou nessa fama, e o casal Goulart apareceu em revistas de moda e política em diversas ocasiões.

Em entrevista à Wagner William, autor da biografia Uma mulher vestida de silêncio, lançada em 2019, Maria Thereza fez revelações. De acordo com William, Thereza revelou que sofria com síndrome do pânico e ansiedade, o que a levou a situações conturbadas diversas vezes.

Com medo de multidões, casar-se com um líder populista foi complicado, no entanto, a estilista nunca deixou de estar ao lado de Jango, incorrendo em diversas amizades políticas como Brizola ou JK. Muitas vezes comparada com Jackie Kennedy, ela era bem reclusa, e a mídia parecia não buscar saber se seus projetos pessoais, injustamente.

Jango e Thereza na Central do Brasil / Crédito: Wikimedia Commons

As complicações psicológicas de Thereza afetaram boa parte de sua agitada vida, desde a infância. Segundo William, a ex-primeira-dama teria tentado cometer suicídio na adolescência, como forma de chamar a atenção dos pais. Ela também afirmou que seu momento de vida mais feliz foi quando vivia com o marido em Copacabana.

Os obstáculos mentais também foram fatais em momentos de reunião política, principalmente durante a crise do governo Jango. Um exemplo que ela deu ocorreu no Comício da Central do Brasil, quando milhares de brasileiros se juntaram em favor de Goulart e Thereza. Amedrontada, se recusou a sair do lado do marido, o apoiando e colaborando com seus discursos.

Glamour e exílio

Quando era primeira-dama, Maria Thereza se dedicou a carreira profissional, adentrando no mundo da alta costura. Criando obras de grande glamour, ela se tornou novamente um fenômeno midiático, inclusive internacional. Foi considerada a primeira-dama mais linda do mundo.

Porém, a vida de Thereza e sua família sofreu um grande revés após o golpe de 1964, quando ela foi obrigada a fugir com os filhos para um avião e buscar exílio no Uruguai.

Apesar das dificuldades, o afastamento político a acalentou. Na época, chegou a propor a Jango que eles nunca mais voltassem ao Brasil. Thereza foi presa inúmeras vezes nesse período.

Thereza e a embaixatriz dos EUA, Allison Gordon, em Brasília / Crédito: Wikimedia Commons

O exílio representou um abalo para ela, que depois escrevera ao Instituto João Goulart: “Perdi pessoas que eu amava sem poder dizer adeus. Perdi amigos, perdi meu lar e perdi minha pátria. Fiquei sem meus sonhos vivendo uma realidade de incertezas e desafetos. Tive medo sim e pensei que aqueles momentos eram de uma perseguição coletiva que acabaria envolvendo nosso futuro”.

Ao mesmo tempo, vivia atravessando a fronteira gaúcha ilegalmente, em ocasiões que chegaram a fazê-la ser presa. Na primeira ocasião, ela sofreu com abusos, como ser obrigada a se despir no quartel em frente a um oficial. Ela nunca contou o fato ao marido, que morreu em 1976. 

Desde a morte de Jango, sua família defende a tese de que o líder esquerdista fora envenenado pela CIA, mas Thereza sempre se recusou a acreditar nessa hipótese. Jango era sedentário e fumante, e a tese do ataque cardíaco era muito plausível.  No entanto, o óbito do homem que tanto amara a entristeceu.

Longe de entrevista e das deturpações da mídia, Maria Thereza seguiu sua vida em reclusão, fornecendo pouquíssimas falas sobre o passado. Claro, continuou com sua vida social até hoje, indo e festas e namorando, mas se mudando corriqueiramente e parecendo não estar mais confortável com o Brasil, país que a expulsara injustamente.


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