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Matérias / Brasil

Dois meses antes de D.Pedro I: O fico da Imperatriz Leopoldina

As influências da dama com relação ao então príncipe regente foram vitais para a permanência no Brasil

Vanessa Centamori Publicado em 12/08/2020, às 16h37

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Retrato de Dona Leopoldina - Wikimedia Commons
Retrato de Dona Leopoldina - Wikimedia Commons

A influente Maria Leopoldina teve uma participação notória na história política do Brasil. Tal relação é tida muitas vezes como sutil, mas, na verdade, foi muito grandiosa nos bastidores da independência — e, claro, no Dia do Fico (9 de janeiro de 1822). Essa data, certamente, foi uma vitória: tanto para os brasileiros, quanto para a princesa.

Nas vésperas tensas do fico, a população local começou a temer as decisões das Cortes. Muitos se manifestavam contra o retrocesso ao status de colônia na imprensa e no exército. Nesse ínterim, como descreve o documento comemorativo da Câmara dos Deputados, D. Leopoldina: imperatriz e Maria do Brasil, "D. Pedro, todas as vezes em que se manifestava, mostrava acatamento às ordens das Cortes e se mostrava pronto a voltar a Lisboa". 

Em contraponto, Dona Leopoldina comentava à irmã, a arquiduquesa Maria Luísa da Áustria (esposa de Napoleão Bonaparte), sobre a cabeça resistente do marido. Em uma das cartas, ela dizia até que o caráter dele era exaltado, "com um tratamento contraditório, duro e injusto com todas as novas mudanças e tudo que lhe insinua liberdade lhe é odioso". 

Imperatriz Leopoldina / Crédito: Wikimedia Commons 

Pensamento estratégico 

Vale lembrar que o príncipe regente se divertia com várias amantes, sendo a mais famosa Domitila de Castro, a Marquesa de Santos. A última seria um grande incômodo no casamento de Leopoldina com o soberano, mas a relação conturbada entre os dois não impediu que a dama conseguisse extrair o máximo do político fanfarrão. 

Como já era aparente, Dom Pedro I não estava totalmente convencido acerca da ideia de separar o Brasil de Portugal. Com isso, inclinava-se ao lado do pai, o rei Dom João VI, que voltara a Lisboa junto com a família real. A notícia da falta de apoio do regente caiu então de modo tão sutil quanto uma bomba. 

Daí a tamanha importância de Leopoldina de convencê-lo ao contrário. Se o Brasil fizesse a vontade dos portugueses, a nação provavelmente se fragmentaria em tantas colônias quanto capitanias existentes. Estima-se ainda que mais de oitocentas famílias ficariam sem renda. Não só comerciantes seriam prejudicados, como também os brasileiros não teriam acesso às altas patentes das forças armadas. 

Mas, Leopoldina agiu rápido. Em dezembro de 1821, ela se comunicou com “patriotas brasileiros” que queriam a emancipação política do país. O contato mais próximo foi com o Frei Francisco de Santa Thereza de Jesus Sampaio, do convento de Santo Antônio, no Rio de Janeiro. Nem por perto do local D.Pedro I caminharia, afinal ele queria manter seu laço com as Cortes.

Porém, a esposa dele, com astúcia política, já não via mais futuro em Portugal, que estava controlada pelas tais Cortes. O Brasil, por outro lado, tinha futuro, sob o ponto de vista da princesa. Mas não como um antro de colônias distintas (como ocorreu muito na América Espanhola) — mas sim, como nação independente. 

Dona Leopoldina e Dom Pedro I /Crédito: Wikimedia Commons 

Convencendo Dom Pedro I 

Historiadores atribuem que Leopoldina possa ter sido influenciada pela Igreja (daí o encontro com o Frei Francisco), uma vez que era uma católica fervorosa. Mas alguns apontam ainda que ela recorreu a membros da maçonaria, como o seu secretário particular, Jorge Antonio von Schäffer. Isso pois era na clandestinidade — como no obscuro universo dos maçons — que a independência crescia. 

Com o passar do tempo, a princesa foi conseguindo cada vez mais convencer D.Pedro I, mas ele ainda resistia. Em carta a Schäffer, ela descreveu essa angústia. “Fiquei admiradíssima quando vi, de repente, aparecer meu esposo, ontem à noite. Ele estava mais bem disposto para os brasileiros do que eu esperava — mas é necessário que
algumas pessoas o influam mais, pois não está tão positivamente decidido quanto eu desejaria", escreveu. 

"Dizem aqui que tropas portuguesas o obrigarão a partir — Tudo então estaria perdido e torna-se absolutamente necessário impedi-lo", completou. Logo, não à toa, a princesa fez de tudo para que seu plano se concretizasse. E D. Pedro convenceu-se do erro que seria deixar o Brasil. 

Naquele emblemático dia 9 de janeiro de 1822, ele recebeu uma carta da corte de Lisboa, exigindo o insistente retorno do líder político a Portugal. Porém, o soberano respondeu negativamente, ao proclamar: "Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, estou pronto! Digam ao povo que fico".

Esse ato, entre vários fatores, fez com que a glória caísse toda sobre D. Pedro. Essa versão que o ovaciona talvez seja a principal abordada até hoje nos livros escolares. Porém, Leopoldina já estava decidida bem antes. O historiador Carlos Oberacker Jr. diz até que o seu Fico precede o do marido aproximadamente "por mais de dois meses". 


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