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Matérias / Brasil

Dom Pedro I teve dor de barriga no dia da Independência?

Descubra o que realmente aconteceu no dia em que o governante mudou os rumos da história brasileira

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 29/05/2022, às 09h00

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O imperador Dom Pedro I em retrato - Domínio Público
O imperador Dom Pedro I em retrato - Domínio Público

Nas últimas semanas, notícias a respeito dos grandiosos planejamentos do governo federal para o Dia da Independência, que é comemorado no 7 de setembro, chamaram atenção do povo brasileiro. 

A origem do estranhamento foi a revelação por parte de George Prata, embaixador do Brasil em Portugal, que as autoridades daqui têm a intenção de entrar contato com as de Portugal para pedir o coração de Dom Pedro Iemprestado. 

O pedido inusitado almeja que o transporte do órgão que pulsava no peito de nosso antigo imperador seja feito a tempo de que ele esteja em território brasileiro durante as comemorações da data histórica. 

Com ou sem coração, o fato é que este ano o 7 de setembro será particularmente importante para a história do Brasil por marcar o bicentenário de independência do país.

Seguindo uma narrativa quase que digna de roteiro de filme, 200 anos atrás, Dom Pedro I, vestido com algumas de suas melhores roupas, montado em um belo corcel e cercado de um regimento de soldados brasileiros em posição de combate, brandiu sua espada no ar enquanto dava o intrépido grito de "Independência ou morte" que viria a mudar o destino de nossa nação.

Ou, pelo menos, é assim que costumamos lembrar do evento. A verdade, todavia, foi muito menos glamourosa do que sugere a tela pintada porPedro Américo em 1888, e envolveu até mesmo problemas intestinais. 

Quadro retratando a Independência do Brasil / Crédito: Domínio Público

Indigestão 

Em seu livro "1822", referente ao ano em que a Independência brasileira foi proclamada, o escritor e jornalista Laurentino Gomesrealizou uma desmistificação do momento em que nosso país cortou seus laços com a nação colonizadora, Portugal. 

Um dos primeiros elementos que precisam ser levados em consideração é que o grito de Dom Pedro I foi, antes de tudo, simbólico. A verdadeira decisão havia sido tomada dias antes, em 2 de setembro, quando Maria Leopoldinaarticulou a independência. 

Maria Leopoldina de Áustria, imperatriz do Brasil / Crédito: Domínio Público

O dia 7, por sua vez, foi apenas aquele em que a carta da imperatriz alcançou seu marido, que estava então em uma viagem para São Paulo. O percurso, aliás, era cruzado nas costas de mulas, não de cavalos. Também não temos motivos para acreditar que as roupas dos viajantes eram particularmente requintadas.

A dor de barriga de Pedro

A parte menos glamourosa de toda a situação, todavia, era que Dom Pedro I estava sofrendo com uma indigestão naquele dia. Segundo apurado por Laurentino, o problema possivelmente fora causado pelo consumo de água contaminada ou então algum de alimento que não havia sido conservado de forma adequada. 

Independentemente do que tivesse causado a questão, contudo, o fato é que o imperador não teve a melhor das experiências:

Testemunha dos acontecimentos, o coronel Manuel Marcondes de Oliveira Melo, subcomandante da guarda de honra e futuro barão de Pindamonhangaba, usou em suas memórias um eufemismo para descrever a situação do príncipe. Segundo ele, a intervalos regulares D. Pedro se via obrigado a apear do animal que o transportava para ‘prover-se’ no denso matagal que cobria as margens da estrada", escreveu o autor de 1822.

O trajeto chegou a precisar ser interrompido para que o líder recuperasse suas energias, de forma que o grupo fez uma parada em uma estalagem de Cubatão, um município paulista. 

Maria do Couto, responsável pelo estabelecimento, preparou-lhe um chá de folha de goiabeira, remédio ancestral usado no Brasil contra diarreia. A ação do chá apenas aliviou temporariamente as dores do príncipe, mas deu-lhe ânimo para prosseguir a viagem", descreveu Laurentino em sua obra. 

Pouco tempo após a intervenção, Dom Pedro I recebeu a carta de Leopoldina. Ignorando as condições desfavoráveis, o governante soube que era hora de fazer História.