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Matérias / Arte

Em 1933, Diego Rivera irritou a família Rockefeller ao retratar Lenin em um mural encomendado

Criada em 1934, a emblemática obra retrata o confronto entre as dicotomias que compõem o universo ideológico do pintor mexicano

Izabel Duva Rapoport Publicado em 20/06/2021, às 09h00 - Atualizado em 17/04/2022, às 08h00

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Fotografia do impressionante afresco - AAP86/ Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons
Fotografia do impressionante afresco - AAP86/ Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

Um dos episódios mais polêmicos da vida do artista mexicano Diego Rivera (1886-1957) aconteceu em 1933, quando o magnata norte-americano John Rockefeller encomendou a ele um mural na entrada do principal edifício da família, o Rockefeller Center — um marco emblemático do capitalismo em Nova York.

Diego era comprometido com os valores políticos do comunismo, diferentemente de Rockefeller, que, embora estivesse disposto a aceitar a obra, se ofendeu com a figura de Vladimir Lenin na pintura e pediu que o substituísse por uma pessoa desconhecida.

O artista negou essa alteração e a família milionária destruiu o afresco, cujo tema era a encruzilhada da humanidade.

No ano seguinte, de volta ao México, Diegopintou o mesmo mural no Palácio de Belas Artes — parecendo até um prenúncio da Segunda Guerra Mundial, da polarização da Guerra Fria e dos dias de hoje.

Confira quatro detalhes sobre a composição do impressionante afresco. 

1. Antropocentrismo

Para entender o nome dado à obra, 'O Homem Controlador do Universo', basta olhar para o trabalhador sentado no centro da tela. Cercado por quatro formas elípticas (que representam a dinâmica planetária), ele parece operar o universo.


2. Ciência e religião

Detalhes do afresco / Crédito: AAP86/ Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

À esquerda do mural, há a imagem de um deus da mitologia grega com um rosário no pescoço. Logo abaixo, Charles Darwin (1809-1882), o pai da Teoria da Evolução, mostra o raio X de um crânio humano.

Juntos, demonstram a tensão entre ciência e religião. À direita, a estátua decapitada vira símbolo do poder absoluto destronado pelo poder
dos trabalhadores, que assistem à revolução.


3. Ordem mundial

De um lado, o capitalismo na visão de Diego Rivera: elementos que representam a religião, o evolucionismo, o confronto entre as classe sociais e o exército da Primeira Guerra (1914-1918).

Do outro lado, o comunismo como o artista imagina: a classe trabalhadora unida em torno de uma causa e sob a liderança de figuras como Karl Marx, Friedrich Engels, Leon Trotsky, Bertram D. Wolfe e Lenin.


4. Partes de um sistema

Detalhes do afresco / Crédito: AAP86/ Domínio Público/ Creative Commons/ Wikimedia Commons

Nas laterais do homem controlador do universo, e sob as elipses, estão duas cenas que se opõem: à direita, Lenin segura a mão de trabalhadores de diversas raças; já à esquerda, um grupo de mulheres carrega cartas e dinheiro, simbolizando os vícios e a corrupção ativa do sistema capitalista. Logo atrás delas, rola uma festa, com pessoas dançando, fumando e vestindo trajes sociais.