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Matérias / Cuba

Caso Elián Gonzalez, o garoto cubano que virou alvo de disputa entre EUA e Fidel Castro

Após três dias perdido em alto mar, Gonzalez foi alvo dos excessos do governo americano e tornou-se garoto-propaganda da Revolução Cubana

Fabio Previdelli Publicado em 25/11/2019, às 13h22

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Fidel Castro e Elián Gonzalez em anta Clara, Cuba, em 20 de outubro de 2004 - Getty Images
Fidel Castro e Elián Gonzalez em anta Clara, Cuba, em 20 de outubro de 2004 - Getty Images

Há vinte anos, em 22 de novembro de 1999, a cubana Elizabeth Brotons, seu namorado, e o filho de 5 anos, Elián Gonzalez, juntaram-se a um grupo de cubanos que embarcaram em uma jangada improvisada em busca de refúgio político a 140 quilômetros do estreito da Flórida.

A corrente era forte e as ondas estavam altas. Em algum momento do trajeto, o garoto foi separado de sua mãe que, assim como uma dúzia de outros cubanos, se afogou durante a viagem.

Elián Gonzales aos 8 anos de idade / Crédito: Getty Images

Após três dias perdido no mar, Elián foi encontrado à deriva a cinco quilômetros da costa de Fort Lauderdale. Era o fim de semana do Dia de Ação de Graças e seu resgate seguro por uma dupla de pescadores foi considerado um milagre entre a comunidade cubana anticomunista do sul da Flórida.

O episódio inspirou muitos a lutarem pela estadia do garoto na América com sua família paterna no bairro de Little Havana, em Miami. Os familiares do jovem alegaram que esse era o desejo de sua mãe antes de morrer, no entanto, o pai de Elián queria seu filho de volta a Cuba. Fidel Castro, o líder comunista de Cuba na época, tinha o mesmo desejo.

A custódia de Elián se tornou o centro de uma disputa entre duas nações que eram adversárias políticas. Porém, o direito internacional estava do lado dos cubanos: o Serviço de Imigração e Naturalização (INS) tinha autoridade para determinar que o pai de Elián em Cuba era seu guardião legal, anulando a decisão do Tribunal da Família da Flórida que concedeu a custódia ao tio-avô do garoto que viva em Miami.

Todos os dias, durante os quatro meses da disputa, multidões se reuniam na casa dos Gonzalez em Little Havana, Miami, para apoiar a estadia de Elián no país. Em contraponto, os cubanos também realizam manifestações pelo seu retorno.

Protesto em Miami em 8 de dezembro de 1999 / Crédito: Getty Images

Após semanas de discussões e ações legais, o governo dos Estados Unidos desistiu das negociações com a família. No final de semana da Páscoa, em 20 de abril de 2000, a família discutiu por telefone com a procuradora-geral Janet Reno e o vice-procurador-geral Eric Holder até altas horas da madrugada.

No dia seguinte, com os oficias do governo ainda em negociação, a família foi pega de surpresa com um ataque na calada da noite. Agentes armados usaram gás lacrimogêneo e invadiram a casa da família Gonzalez, que estava indefesa.

O ataque foi alvo de grande repercussão pela mídia. Uma fotografia de oficiais americanos apontando uma arma para um garoto aterrorizado e chorando foi exibido em todos os canais de notícias e jornais de todo o mundo. O fotógrafo acabou ganhando o Prêmio Pulitzer.

O Departamento de Justiça finalmente informou que Elián foi tirado com segurança, e as fotografias do garoto sorrindo ao lado de seu pai e sua madrasta, que se reuniam na Base Aérea de Andrews, em Washington, foram divulgadas.

A casa dos parentes de Elian Gonzalez em Little Havana, Miami, é decorada em 25 de abril de 2000 com letreiros e pôsteres mostrando a a fisionomia de Elian ao ser supreendido pelos agentes do INS / Crédito: Getty Images

No ano os Estados Unidos passaria por mais uma eleição presidencial. O tenso episódio é frequentemente creditado por afastar milhares de eleitores cubano-americanos não apenas do então presidente Bill Clinton, mas de todo o Partido Democrata e seu candidato à presidência, Al Gore.

As eleições de novembro de 2000 foram marcadas justamente pelo ocorrido na Flórida. O estado passou uma controvérsia recontagem de votos. Ao final, ficou decidido que George W. Bush fora eleito o novo presidente americano, quebrando o ciclo Partido Democrata no poder.

Vinte anos depois, a chocante imagem da polícia militarizada invadindo a casa de Gonzalez se tornou normalizada em ataques policiais nas fronteiras de todo o país. Já em Cuba, Elián Gonzalez continuou sendo um garoto-propaganda.

Fidel Castro e, depois que sua saúde começou a se deteriorar, seu irmão Raul, participaram de muitas festas de aniversário do jovem. Com 20 e poucos anos, Elián é um dos apoiadores mais reconhecidos da Revolução Cubana na ilha, principalmente depois de se formar em uma academia militar em 2016.

Elián Gonzalez e Fidel Castro em celebração do 5º aniverssário de retrono do garoto ao país / Crédito: Getty Images

Porém, nos Estados Unidos, a história de sua apreensão e retorno a Cuba é marcada pelos erros e excessos do governo.


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