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Matérias / Encontro das águas

Encontro das Águas: por que o Rio Tapajós e o Amazonas não se misturam?

O chamado 'Encontro das Águas' é um fenômeno comum em rios da Amazônia

Éric Moreira, sob supervisão de Wallacy Ferrari Publicado em 16/08/2022, às 15h58 - Atualizado às 19h21

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Encontro das Águas, fenômeno que acontece entre os rios Tapajós e Amazonas - Foto por James Martins pelo Wikimedia Commons
Encontro das Águas, fenômeno que acontece entre os rios Tapajós e Amazonas - Foto por James Martins pelo Wikimedia Commons

O encontro entre o rio Tapajós e o rio Amazonas é um fenômeno natural que salta aos olhos de quem vê. Isso porque é possível observar nitidamente a separação entre as águas deles, sendo o primeiro de águas azuis-esverdeadas, e o segundo de águas barrentas, de forma a criar grande contraste na paisagem local.

Em 2014, o local foi reconhecido como patrimônio cultural do estado do Pará, sendo localizado na região da cidade de Santarém, quase na divisa com o Amazonas. Em entrevista realizada ao g1 em 2016, o biólogo e mestre na FIT/Unama, Jocireudo Aguiar, explicou brevemente o motivo de as águas dos dois rios não se misturarem.

O rio Amazonas tem essa coloração barrenta porque ele nasce em uma região de altitude, nos Andes peruanos, e então ele sai arrastando argila, areia. Já o rio Tapajós do ponto de vista geológico é um mais antigo do que o Amazonas. Ele não tem muito sedimento para estar arrastando por isso ele é límpido e transparente", explicou Jocireudo Aguiar.

Logo, continua e aponta que, devido a essas diferenças, além de outros fatores, como densidade, temperatura e velocidade das águas, as águas dos rios não se misturam —ao menos, não logo de cara.

As águas do rio Amazonas tem um peso maior do que a do rio Tapajós e isso influencia, além da temperatura. Outro fator é a velocidade. Na época de vazante do Tapajós, o Amazonas avança e esse encontro fica bem mais próximo de Santarém. É interessante que a extensão de diferença de tonalidade se arrasta por uma área de mais ou menos quatro quilômetros até eles se misturarem num local mais a frente", concluiu o biólogo.
Fotografia de barco navegando próximo ao encontro das águas dos rios Tapajós e Amazonas
Fotografia de barco navegando próximo ao encontro das águas dos rios Tapajós e Amazonas / Foto por Ana Claudia Jatahy - MTUR pelo Wikimedia Commons

Alterações na paisagem

Ainda como informado pelo veículo, o fenômeno nem sempre ocorreu dessa forma; degundo a historiadora Terezinha Amorim, não se sabe exatamente como ele surgiu, mas é de conhecimento que nem sempre os rios foram unidos, sendo anteriormente separados por um pedaço de terra conhecido como Ponta Negra, mais à frente da cidade de Santarém.

Porém, com o tempo, o evento conhecido como 'fenômeno das terras caídas' — quando a correnteza de um rio bate com tanta força nas margens que chega ao ponto de destruir parte do solo, podendo provocar alguns deslizamentos de terra — acabou modificando a paisagem. Com isso, uma parte da Ponta Negra foi arrastada e, assim, os rios ficaram mais próximos, formando a paisagem que pode ser vista hoje.

Fotografia aérea da região da Ponta Negra, que divide os rios Tapajós e Amazonas
Fotografia aérea da região da Ponta Negra, que divide os rios Tapajós e Amazonas / Foto por Portal da Copa pelo Wikimedia Commons