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Matérias / Coreia do Norte

Enigmática e dada como morta: Hyon Song-wol, o amor proibido de Kim Jong-Un

A pop star que roubou o coração do atual ditador da Coreia do Norte no passado, também faz a alegria das massas do regime ditatorial

Vanessa Centamori Publicado em 02/08/2020, às 09h00

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Hyon Song-wol em entrevista antiga - Divulgação/Youtube/섹션 TV
Hyon Song-wol em entrevista antiga - Divulgação/Youtube/섹션 TV

"Paterno general/Nós nos perguntamos onde você está agora/ A luz brilha pela janela/ A partir dos quartéis supremos/ O general está lá em algum lugar /Onde você tem certeza de estar?", canta a estrela pop norte-coreana Hyon Song-wol, em uma popular canção propagandística do regime da Coreia do Norte. 

Esses versos ilustram bem o trabalho de um cantor na ditadura de Kim Jong-Un. A mulher que os proclama é vocalista da orquestra Pochonbo Electronic Ensemble, cujo um dos maiores sucessos é também "Warhorse Maiden" (준마 처녀, em coreano). Essa outra canção louva os trabalhadores de fábricas têxteis, conhecidos pelo termo soviético Stakhanovita, que produziam mais do que deviam para o estado comunista.

Hyon Song-wol, suposta amante de Kim Jong-Un / Crédito: Wikimedia Commons 

No videoclipe, Hyon é vestida como como uma "heroína em volta de uma fábrica cintilante". Aparece "com um sorriso beatífico, distribuindo bobinas e coletando amostras de tecido em alta velocidade", segundo descreveu o jornal The Independent. 

Paixão proibida

A Coreia do Norte é o governo mais fechado do planeta. Naturalmente, a vida de Hyon Song-wol é um sigilo. Não se sabe a idade dela ao certo, mas estima-se que tenha cerca de 40 anos, apesar das feições jovens. A estrela pop conheceu Kim Jong-Un na adolescência e os dois namoraram. 

Supostamente, ambos teriam retomado o relacionamento em 2012. Segundo informações do O Globo, um funcionário do serviço de inteligência da Coreia do Sul revelou à mídia sul-coreana que havia "rumores na elite de Pyongyang de que os dois estejam tendo um caso".

O suposto affair se explica pois Kim é casado, segundo dados locais, com Ri Sol-ju, sua sorridente esposa. A primeira-dama sempre aparece em impecáveis conjuntos em tons pastéis. Os dois fecharam um laço matrimonial em 2009.

O ditador norte-coreano, Kim Jong-Un / Crédito: WIkimedia Commons 

O romance com a cantora sempre foi proibido. Há 10 anos, o pai do atual governante, o já falecido ex-ditador Kim Jong-il, teria impedido a relação amorosa, resultando na separação do casal. Anos após esse episódio, Hyon se casou com um militar do Exército norte-coreano, com quem teve um filho. 

Dada como morta 

A cantora pop ficou anos sem aparecer nas notícias da Coreia do Norte, só voltando em março daquele ano. Na ocasião, ela estava grávida e presente em um show em Pyongyang em comemoração ao Dia Internacional da Mulher. Kim Jong-Un também compareceu ao evento. 

No entanto, um novo sumiço ocorreu. A bomba veio em agosto de 2014, quando um jornal crítico ao governo da Coreia do Norte divulgou que Hyon teria sido executada por uma decisão vingativa da esposa de Kim. De tudo fizeram para alimentar rumores de que a artista e o ditador estariam juntos.

A suposta execução teria sido aplicada por um pelotão de fuzilamento, que aniquilou outras dez pessoas, sob a acusação de produzirem vídeos pornográficos vendidos na China.

Cena do suposto vídeo considerado pornográfico / Crédito: Divulgação/Youtube 

O vídeo que circulou contendo o conteúdo "explícito" não tinha nada de sexual, mas apenas a mulher dançando, como de costume, com as pernas à mostra. Então uma versão dos fatos, divulgada pela agência de notícias estatal de Pyongyang, KCNA, desmentiu que Hyon tivesse realmente sido executada. 

As especulações se abafaram quando a cantora finalmente reapareceu e discursou em um programa da TV estatal do país, no qual ela dialoga em um comício de trabalhadores de arte e agradece a liderança da Coreia do Norte.

Poderosa 

Hoje, Hyon Song-wol é conhecida como uma das mulheres mais influentes do regime ditatorial. Foi descrita pela mídia internacional como uma "megaestrela glamourosa" que exalta "um ar de calma confiante ", "como alguém tentando emular o estilo de Melania Trump". 

Em 2018, ela atravessou a fronteira e fez parte de uma comitiva nos Jogos Olímpicos de Inverno de Seul. A viagem ocorreu com dois autocarros sob forte escolta policial. Hyon foi recebida por um mar de gente à porta de um hotel sul-coreano.

De volta à Coreia do Norte, as suas muitas canções como "Os passos do soldado”, “Eu amo Pyongyang”, “Ela é uma militar dispensada”, e “Nós somos as tropas do partido” fazem nascer muitos sorrisos ideológicos, para a alegria do governo doutrinado por Kim Jong-Un. 


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