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Matérias / Entretenimento

Entenda os eventos históricos reais na série As Telefonistas, da Netflix

O mês de julho trouxe o fim da série, no entanto, você ainda pode maratonar a obra depois de conhecer o contexto real

André Nogueira Publicado em 02/07/2020, às 12h25

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Protagonistas de As Telefonistas - Wikimedia Commons
Protagonistas de As Telefonistas - Wikimedia Commons

O mês de julho veio acompanhado da sexta e última temporada da série As Telefonistas (Las Chicas del Cable), uma série inovadora que se passa no início do século 20, abordando diversas questões relativas às minorias, focando na questão de gênero e sexualidade, na Europa.

Em 1928, quatro mulheres passam a trabalhar numa empresa pioneira de telecomunicações em Madri, comandada pela família Cifuentes. Entre as trabalhadoras, foca-se em Alba, que se passa como Lídia após ser acusada de um assassinato, Angeles, Carlota e Marga, que vivem diversas situações enquanto lidam com as diversas opressões da época.

As mulheres passam a ter sentimentos conflitantes e repensar suas relações com os maridos ou namorados, além de refletirem sobre relacionamentos antigos. A série retrata com vigor o apagamento das mulheres na sociedade do momento e as dificuldades que elas enfrentavam, inclusive num relacionamento de Lídia com o filho do dono da empresa, Carlos e com Francisco, o diretor.

Entre os anos 1920 e 1930, o feminismo tomou a Europa com a reivindicação do direito ao voto e ao trabalho / Crédito: Wikimedia Commons

Elas então passam a ir atrás de seus sonhos particulares e em busca de maior protagonismo. O seriado acaba abordando questões essenciais como dor, amor, lutas sociais, patriarcado, transexualidade, opressão fabril, discriminação, direitos LGBT e relações abusivas.

A Realidade Histórica

Las chicas del cable não é propriamente baseada numa história verídica, mas é ambientada num contexto histórico real. A ficção ocorre baseada em aspectos verdadeiros da sociedade espanhola dos anos 1920, incluindo o modo que esta tratava as mulheres, e com alusões a personagens da vida real.

O que mais se destaca é a empresa onde elas trabalham: a Telefonia. Trata0se de uma referência à empresa Tenefonica, que passou a existir na Espanha um ano depois do que se discute na série. Na época, as mulheres não tinham sequer direito a voto, que só se tornaria realidade em 1931.

Em 1933, as mulheres tomaram os postos de eleição na Espanha / Crédito: Wikimedia Commons

Ou seja, a ambientação de As Telefonistas se baseia numa realidade de lutas por protagonismo e direitos por partes das espanholas dos anos 1920. O aumento de escritórios e empresas de tecnologia no país, e o efetivo feminino nas linhas de trabalho, criaram um espaço de fluxo e mutabilidade de ideias e modos de vida que influenciou a busca por igualdade entre as mulheres.

Com isso, a série reproduz  relações sociais que são concretas e historicamente verificáveis. O aumento dos movimentos feministas e o impulso por um esforço global do mesmo aparecem como reflexão do núcleo individual das personagens, que vivem num cenário pouco mais de uma década antes da inauguração do movimento feminista no país (traçado pela historiografia como sendo em 1915).

No cenário especificamente europeu, uma das pautas mais centrais do feminismo era a questão laboral: exigia-se espaço para as mulheres no mercado de trabalho, fora do ambiente doméstico. Com isso, também nascia uma luta pela igualdade de salários, o que culminou num aumento da própria consciência crítica dessas mulheres.

As feministas foram se suma importância no combate ao franquismo / Crédito: Wikimedia Commons

O estatuto legal da cidadã mudou em 1932, passando a ter igualdade jurídica (antes, a mulher era quase que funcionalmente uma propriedade na visão do Estado), conquistando direito ao voto. Ainda seria legalizado o aborto no país, que era pauta do movimento, e o crime de adultério, que atingia injustamente as mulheres, deixou de ser tipificado.

Ao mesmo tempo, As Telefonistas acaba sendo uma alteridade que se confunde com identidade, ou seja, uma obra que acaba trabalhando não apenas na representação da realidade do passado, mas também produz reflexões sobre a realidade da desigualdade atualmente. Por mais que as relações de gênero tenham mudado entre 1928 e 2020, a luta feminista é eterna.


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