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Matérias / Guerra Fria

Durante a Guerra Fria, os EUA tinham um plano tétrico para identificar cadáveres

A medida, resultado do clima tumultuado entre os EUA e a URSS, visava a catalogação rápida para situações de ataques

Thiago Lincolins Publicado em 31/12/2020, às 10h00

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Exemplo de dog tag infantil contendo dados de documentos - Divulgação
Exemplo de dog tag infantil contendo dados de documentos - Divulgação

Era agosto de 1949 quando a União Soviética testou a sua primeira bomba nuclear. Em um dos pontos mais críticos da Guerra Fria, o pânico se espalhou pelos Estados Unidos. O medo de uma “morte coletiva”, que poderia envolver até crianças, tirava o sono dos norte-americanos.

Como consequência, o presidente Harry S. Truman criou a Administração Federal de Defesa Civil. A agência desenvolvia planos para as escolas públicas e distribuía panfletos, filmes e até programas de rádio.

Nas salas de aula, as crianças assistiam ao Berth, the Turtle (Berth, a Tartaruga). O personagem ensinava as crianças como elas deveriam se proteger em caso de ataque. Além do simpático personagem, treinamentos reais eram realizados dentro das salas de aula. Mas os Estados Unidos iriam além.

A disputa poderia deflagrar a Terceira Guerra Mundial, com o uso de armas atômicas mais potentes que as de Hiroshima e Nagasaki. Temendo um devastador ataque da URSS, os EUA colocaram um medonho plano em prática: as crianças deveriam utilizar os dog tags (“etiquetas de identificação de cachorro”, em tradução livre).

Costume antigo

As tags são mais antigas do que se imagina. Começou com os romanos.  Durante o alistamento, os guerreiros recebiam o signaculum, um disco de chumbo carregado numa bolsa em volta do pescoço.

No objeto, era gravado o nome dos guerreiros e a região na qual residiam. Com o passar do tempo, o colar continuou sendo fabricado para uso militar – são importantes na identificação dos soldados mortos e feridos nos conflitos.

Assim, os EUA encontraram nas pequenas placas de metal uma solução para ajudar na identificação dos cadáveres das crianças.

Lógica militar

Em fevereiro de 1952, a cidade de Nova York encomendou milhões de 'dog tags'. No mês de abril, quase todas as crianças da cidade - do jardim de infância à quarta série - passaram a utilizar o acessório. O cenário era o mesmo em São Francisco, Seattle, Las Vegas e Filadélfia.

Por todo o país, os colares foram adotados e descreviam o nome da criança, o nome de um dos pais e o endereço de onde viviam. Todavia, em alguns estados, algumas informações adicionais eram adicionadas no pequeno metal.

Em Houston, alguns eram marcados com um “P” que indicava “Protestante”. Já em Washington, alguns receberam o acessório com um número de série especial - poderia ajudar as famílias a se reencontrarem em um possível ataque.

Criança norte-americana exibe sua dog tag durante a Guerra Fria / Crédito: Getty Images

Antes dos dog tags, uma alternativa foi cogitada. Na edição de 1951 do Journal of National Education, William M Lamers, um superintendente de escolas na cidade de Milwaukee, nos EUA, pensou em tatuar as crianças.

Todavia, numa explosão nuclear a tatuagem seria inútil - a pele poderia se desprender do corpo dos pequenos. A ideia de Lamers foi engavetada, e a placa de metal parecia a melhor solução.

Em 1960, o acessório foi deixado de lado. Os líderes políticos possivelmente refletiram sobre as consequências que um ataque nuclear causaria.

Para a sorte de todo o mundo, o conflito nunca chegou às vias de fato. O que se viu foi uma luta ideológica, política e econômica que só foi encerrada em 1991, com o fim da URSS.


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