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Matérias / Personagem

Enviada para a Europa: a intrigante Duquesa de Goiás, filha ilegítima de Dom Pedro I

Isabel Maria de Alcântara passou boa parte da vida sem saber quem era sua verdadeira mãe

Penélope Coelho Publicado em 23/06/2020, às 12h02

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Fotografia da Duquesa de Goiás - Wikimedia Commons
Fotografia da Duquesa de Goiás - Wikimedia Commons

As relações extraconjugais eram comuns na vida de Dom Pedro I. Seu caso mais comentado e fervoroso aconteceu com Domitila de Castro, posteriormente conhecida como Marquesa de Santos.

A relação proibida resultou no nascimento de alguns filhos, inclusive a linda menina Isabel Maria de Alcântara. Sua vida foi feliz e enquanto pôde a garota conviveu com o pai, porém, sua verdadeira história permaneceu escondida.

Primeiros anos

Nascida em 23 de maio de 1824, no Rio de Janeiro, Isabel Maria de Alcântara Brasileira, foi a primeira e até hoje, a única duquesa de Goiás. A história que foi contada sobre o nascimento da menina era de que ela teria sido abandonada por seus pais verdadeiros, na casa do coronel João de Castro — que na realidade, era seu avô materno.

Sendo assim, Dom Pedro I teria legitimado a menina como sua filha, porém, em sua certidão, o nome da mãe permaneceu desconhecido. Um pouco antes de Maria completar dois anos, seu pai concedeu a ela o título de Duquesa de Goiás, a partir desse momento, era oficialmente uma Alteza. O ato do imperador chocou a sociedade da época.

Pintura de Dom Pedro I, em 1834 / Crédito: Wikimedia Commons

Ainda muito pequena, a duquesa conviveu com a imperatriz Leopoldina, antes do falecimento da primeira mulher do imperador. Além disso, Isabel passou a frequentar o palácio oficial com frequência, sendo criada junto com os outros filhos do imperador, até mesmo com Dom Pedro II.

Contudo, a regalia não duraria muito. Após a morte de Leopoldina, seu pai conheceu Dona Amélia, que não estava nada feliz com a presença da filha bastarda de seu marido no palácio, em São Cristóvão.

Mudança de planos

Ainda muito pequena, aos cinco anos de idade, a garotinha foi enviada para Europa. Isabel estudou na França, e a intenção do imperador era de que a menina se tornasse freira.

A viagem de navio que a duquesa enfrentou foi extremamente complicada, uma grande tempestade danificou o navio, o percurso até o destino final foi alterado algumas vezes para a segurança da menina, até que ela finalmente chegasse a Paris sã e salva.

Isabel passou a estudar no renomado internato Ecole du Sacré-Coeur, para onde as filhas dos aristocratas católicos eram levadas. Seu pai acompanhou à distância o desempenho da menina, que foi descrita pelas freiras como muito dócil, porém, não gostava quando era forçada a estudar.

As coisas mudaram um pouco na vida de Maria, quando Dom Pedro I abdicou do trono no Brasil e se mudou para a Europa junto com sua esposa, que inicialmente não gostava da ideia de conviver com a menina.

De todos os filhos do imperador com Domitila, Isabel foi a que teve maior contato com a segunda esposa de seu pai. Aos poucos, a doçura da criança foi abrindo o coração de sua madrasta, que logo aceitou adotá-la como filha.

Após o falecimento de Dom Pedro I, em 24 de setembro de 1834, a educação da garota passou a ser responsabilidade de Amélia e de sua mãe, a duquesa Augusta, que criaram Isabel como filha.

Vida adulta

Em 1839, aos 15 anos ela pôde abandonar o internato, já que seus familiares perceberam que se tornar freira não era a verdadeira vocação da garota. A menina foi enviada para estudar em Munique, na Alemanha.

A partir daí, a família Leuchtenberg passou a procurar um noivo para a duquesa de Goiás, o que não foi difícil — já que seus grandes olhos escuros e cabelos negros chamavam a atenção dos homens.

Devido à sua família nobre, aos 19 anos, a menina conseguiu acumular um bom dote e se casou com o conde Ernesto José João Fischler de Treuberg, um homem muito rico e treze anos mais velho que Isabel. A relação rendeu à mulher quatro filhos, que cresceram na Alemanha. Porém, mesmo distante a conexão com sua família permaneceu próxima, através de cartas que ela trocou até o fim de sua vida.

Marquesa de Santos, a verdadeira mãe de Isabel / Crédito: Wikimedia Commons

Revelações

Para Amélia era imprescindível que a verdade sobre as origens de Isabel Maria permanecessem um segredo. Essa era uma ordem que Dom Pedro I havia deixado, para que a posição da menina na nobreza, não fosse prejudicada.

Entretanto, na vida adulta, ela acabou descobrindo quem era sua verdadeira mãe, com quem nunca teve contato. As fontes históricas contam que apesar de viver uma vida baseada em uma mentira, a duquesa foi feliz.

Ela conseguiu um casamento bom e estável, além de ser muito próxima de seus filhos. A duquesa faleceu em 3 de novembro de 1898, aos 74 anos, no distrito alemão de Murnau am Staffelsee, em decorrência da idade avançada. A delicadeza e a beleza de Isabel Maria de Alcântara foi um marco da personalidade da protetora da província de Goiás.


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