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Matérias / Bizarro

ETs no Rio de Janeiro: Casimiro de Abreu, a cidade que parou para recepcionar um OVNI

Em 1980, um 'mensageiro de Jupiter' angariou a atenção da imprensa internacional e de diversos turistas que fizeram questão de assistir a visita

Wallacy Ferrari Publicado em 13/05/2020, às 13h41

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Os turistas chegaram a fazer uma correria para indicar o local de pouso aos alienígnas - Créditos: Divulgação / TV Globo
Os turistas chegaram a fazer uma correria para indicar o local de pouso aos alienígnas - Créditos: Divulgação / TV Globo

Durante a história moderna do Brasil, supostas aparições de criaturas e criações extraterrestes em solo nacional se tornaram motivos de suspense, investigações e até chacota. Desde episódios investigados pela Força Aérea Nacional até relatos de aparições físicas de seres mobilizam a impensa em relação ao mistério sobre a vida fora do planeta.

Mas nada mobilizou tanta gente e posicionou tantos microfones quando em 8 de março de 1980, no pequeno município de Casimiro de Abreu, no Rio de Janeiro. Com turistas de todo o estado e a presença da imprensa mundial, a cidade fluminense seria palco do evento prometido como a maior aparição de vida extraterreste na Terra.

A teoria tinha embasamento na literatura de um suposto vidente regional, que relatava a chegada do “disco voador de Júpiter”. Edílcio Barbosa, que se apresentava como ‘mensageiro de Júpiter’, dava entrevistas afirmando ser o porta-voz da visita alienígena, especificando data, horário, local e motivos. A fala poderia ter sido levada como mais um tipo de lunatismo, mas atraiu uma multidão aos campos rurais.

Edílcio Barbosa chegou a ser submetido a testes para provar que não era louco / Créditos: Divulgação / TV Globo

30 mil boas-vindas

O número de turistas ultrapassou a população da própria cidade, que tinha 22 mil habitantes. Com a estimativa da Polícia Militar, os mais de 30 mil turistas fizeram questão de arranjar um espaço para ver a prometida visita espacial. O prefeito não achou ruim; preferiu aproveitar para promover a região.

Além de montar tendas, se aliou ao tal mensageiro de Júpiter localizar o local e preparar a estrutura para receber os extraterrestres de maneira que não houvesse tumulto ou um possível desacordo entre os humanos e os alienígenas. Em uma festa de boas-vindas organizada pela prefeitura, realizou um grande café da manhã repleto de iguarias típicas do Brasil para fidelizar os turistas terrestres e espaciais.

Até mesmo uma cartilha com instruções foi distribuída para que o cronograma fosse respeitado, chamada “ Os 10 Mandamentos dos Extraterrestes”. A cereja do bolo foi uma placa, em meio ao campo de grama, indicando o local de pouso em português, caso houvesse dúvida durante o estacionamento da nave.

A multidão formou uma fila de carros que levou horas para ser desfeita / Créditos: Divulgação / TV Globo

Não foi dessa vez

Em entrevista ao G1, o funcionário público Ervan Gonçalves, que na época tinha 10 anos de idade, explicou que a atmosfera da cidade era de festa, com milhares de pessoas em campana durante toda a madrugada. Respeitando o silêncio da cartilha, o grupo aproveitava o feriado do Dia Internacional da Mulher para largar o trabalho e observar o céu.

Porém, sem sinais de nave, o público se revoltou assim que o céu começou a clarear, por volta das 5h00. Apreensivos pela ocasião, começaram a jogar aviões de papel, tentando sinalizar o local para o pouso, sem sucesso. Quando o dia clareou, jornalistas do Canadá, Argentina, Brasil e Chile se reuniram para buscar explicações do mensageiro.

Apesar de estimular a reunião e organizar o evento junto ao prefeito, Edílcio afirmou que os alienígenas se intimidaram com a grande quantidade de pessoas e não conseguiram a privacidade necessária para a realização do pouso. Mesmo sem a visita, a cidade aproveitou o principal ocorrido na história local para promover atividades relacionadas a ufologia, como exposições e esculturas sobre o episódio.


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