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Matérias / Evita Perón

Evita Perón passou pelo perturbador procedimento de lobotomia?

A esposa de Juan Perón morreu aos 33 anos de idade, poucos meses após o procedimento

Ingredi Brunato, sob supervisão de Thiago Lincolins Publicado em 26/06/2022, às 11h00

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Montagem mostrando pintura de Eva Perón, e ilustração de lobotomia - Domínio Público
Montagem mostrando pintura de Eva Perón, e ilustração de lobotomia - Domínio Público

Maria Eva Duarte de Perón foi mais do que a esposa de um presidente. Popular entre a população argentina, a carismática atriz e política ajudou a desenvolver, juntamente de seu marido, Juan Domingo Perón, o movimento político do peronismo, marcado por características populistas, isso é, voltadas para a melhora da qualidade de vida do trabalhador, e do chamado "Estado benfeitor". 

Também conhecida pelo apelido de Evita, ela esteve ao lado de seu parceiro enquanto ele liderava o governo da Argentina entre 1946 e 1952. O presidente Perón ainda teve mais três anos como chefe de Estado, mas àquele ponto ela já havia falecido, fato que gerou comoção na nação.  

A esposa do presidente, que é lembrada até hoje através de diversos produtos culturais argentinos, foi diagnosticada com um câncer de colo uterino que, infelizmente, já se encontrava em estágio avançado. A doença se provou terminal, com os últimos meses de vida de Eva tendo sido marcados por dores fortes que persistiam a despeito do uso de cuidados paliativos. 

Foi neste contexto que a mulher teria sido submetida a uma lobotomia, conforme concluído por um artigo científico publicado em 2011 pela revista "World Neurosurgery", segundo repercutido por uma matéria do g1 publicada na época. O procedimento, que consiste na retirada de total ou parcial de lóbulos cerebrais, teria sido feito com o objetivo de aplacar o sofrimento da primeira-dama. 

Montagem mostrando fotografia de Eva Perón sozinha em 1951, e dela com seu marido, o presidente da Argentina, em 1945 / Crédito: Domínio Público

Lobotomizada

Os pesquisadores responsáveis pelo estudo levaram em conta, por exemplo, as declarações feitas por um médico argentino de renome, que afirmou em 2005 ter realizado a operação em Perón durante os anos 50. 

Com base em nossas evidências, que concordam com as declarações feitas pelo doutor George Udvarhelyu, um distinto neurocirurgião que morreu em junho de 2010, ela foi submetida a uma lobotomia pré-frontal nos últimos meses de enfermidade em 1952", relatou o artigo. 

Entrevistas com pessoas que pertenciam ao círculo social de Evita também trazem evidências de que seu comportamento e quadro como um todo já no fim da vida era compatível com o de alguém que fora lobotomizado, e apresentava os efeitos colaterais desse tipo de cirurgia invasiva. 

Ainda mais importante que os fatos anteriores, todavia, foi uma radiografia do crânio da primeira-dama, que mostrou a presença "trepanações", isso é, furos criados com brocas neurocirúrgicas através do qual é possível drenar partes do cérebro. 

A lobotomia, hoje vista com terror por muitos, já foi considerada um tratamento médico legítimo, de forma que seu criador, António Edgas Moniz, chegou a receber um prêmio Nobel em 1949 por conta da invenção. 

No caso de Eva Perón, a operação foi usada para curar "dores intratáveis e crescente ansiedade, agitação e agressividade", de acordo com as informações publicadas na revista World Neurosurgery. 

Fotografia de Eva Perón em evento público / Crédito: Domínio Público

A natureza sensível da operação e suas implicações políticas e emocionais ainda são importantes hoje em dia e potencialmente incendiárias, apesar do tempo que passou", concluíram os pesquisadores.