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Matérias / Crimes

Executado injustamente? O controverso caso de Cameron Todd Willingham

O pai de três meninas foi acusado de iniciar um incêndio criminoso na própria casa, que resultou no óbito das crianças

Vanessa Centamori Publicado em 17/08/2020, às 16h53

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Cameron Todd Willingham - Wikimedia Commons/Polícia do Condado de Navarro
Cameron Todd Willingham - Wikimedia Commons/Polícia do Condado de Navarro

Era aparentemente um dia comum em dezembro de 1991, em Corsicana, Texas. Em uma residência, um pai estava sozinho com suas três filhas pequenas. O homem adulto era Cameron Todd Willingham, um indivíduo controverso: afinal, seria ele uma figura paterna em luto ou um assassino manipulador?

Essa questão movimenta discussões até hoje. Em suma o que se sabe, porém, é que naquele fatídico dia, de repente, as chamas arderam — e, com isso, ocorreu a trágica morte das gêmeas de 1 ano, Karmen Diane e Kameron Marie; e ainda, da pequena Amber Louise, de 2 anos de idade.  

O terrível óbito das garotinhas fez contraste com o livramento de Willingham, que escapou da casa apenas com algumas queimaduras. A mãe das meninas, Stacy, não estava no imóvel no horário do incêndio, já que estava fazendo compras de natal. O pai, por sua vez, seria considerado o principal suspeito de atear fogo na residência— com o suposto objetivo cruel de matar as próprias filhas. 

Incêndio na casa de Cameron Todd Willingham em antiga reportagem da The New Yorker / Crédito: Divulgação/Youtube/The New Yorker

Perícia

De acordo com os relatórios da autópsia, Amber e as gêmeas morreram de envenenamento agudo por monóxido de carbono como resultado da inalação de fumaça.

Vizinhos testemunharam que, enquanto o incêndio ocorria na residência de Willingham, ele “se agachou” no jardim da frente. Segundo essa versão, Cameron não teria feito esforço nenhum para salvar as filhas. Ainda nessa onda, outras testemunhas afirmaram que ele se preocupou com o carro na garagem, deu um pulo e o tirou de casa para que o veículo não fosse destruído no fogo. Porém, nada de ajudar as crianças. 

Além disso, em vez de se desesperar com as vidas das meninas, Willingham teria expressado aborrecimento com os bombeiros que seu alvo de dardos teria sido queimado no incêndio. Com base nessas e várias outras acusações, o pai foi indiciado em 8 de janeiro de 1992. Em agosto do mesmo ano, foi condenado e sentenciado à morte. Por fim, sua execução ocorreu em 17 de fevereiro de 2004. 

Um testemunho controverso

Uma das testemunhas mais contraditórias do caso foi Johnny Webb, um informante da prisão em que foi encarcerado com Willingham. Webb afirmou que o pai acusado confessou que colocou fogo para esconder um ferimento ou a morte de uma das meninas. 

Entretanto, o informante mais tarde desmentiu as alegações e disse que Willingham era inocente. Além do mais, segundo a Revista New Yorker, se o acusado confessasse o crime ele se livraria da pena de morte. Porém, o pai das meninas se recusou a fazer isso.  “Não vou implorar por algo que não fiz, especialmente matar minhas próprias filhas”, disse. 

Cameron Todd Willingham / Crédito: Divulgação/University Press of Mississippi

Possível inocência 

A New Yorker relembrou em 2009 o caso e disse que as evidências podem ter sido mal interpretadas. Segundo a publicação, Buffie Barbee, uma menina de 11 anos, estava brincando em seu quintal na vizinhança quando sentiu o cheiro de fumaça. Ela contou sobre o incêndio à mãe, Diane. 

Segundo o relato, Willingham teria reagido para salvar as meninas, ao contrário do que se falava antes. Tanto que quebrou a janela do quarto das crianças. E, segundo um vizinho, ele também chorou intermitentemente: "Meus bebês!", dizia. A seguir, ficou em silêncio pelo choque. 

O pai, supostamente desesperado, teria gritado aos bombeiros alertando que as crianças estavam no imóvel. Além disso, Willingham afirmou, segundo essa versão, que foi acordado por Amber, gritando: “Papai! Papai!".

“Minha filhinha estava tentando me acordar e me contar sobre o incêndio”, teria dito ele, que supostamente acrescentou: “Não consegui tirar meus bebês”. A seguir, um bombeiro teria saído da casa, com Amber nos braços. Tentaram então fazer ressuscitação cardiopulmonar na criança, mas foi tarde para salvá-la.

Além disso, segundo a The New Yorker, Willingham teve que ser contido pela polícia para não voltar à casa em chamas. No mesmo ano da reportagem da revista, a Comissão de Ciência Forense do Texas defendeu que as alegações de incêndio criminoso eram duvidosas. O suspeito, no entanto, já havia sido executado. O caso foi retratado em 2018, no filme Trial By Fire, do diretor Edward Zwick, que adaptou a matéria jornalística às telonas. 

Últimas palavras

Pouco antes de ser executado, Cameron Todd Willingham reforçou a alegação de que era inocente. "A única afirmação que quero fazer é que sou um homem inocente, condenado por um crime que não cometi. Fui perseguido por 12 anos por algo que não cometi. Do pó de Deus vim e ao pó eu vou voltar para que a Terra se torne meu trono", afirmou. 

Depois, o condenado declarou seu amor a alguém chamada Gabby e insultou a ex-mulher, Stacy, que não se tornou ré na justiça, apenas depôs contra ele no tribunal. "Espero que você apodreça no Inferno, sua vadia", esbravejou Willingham. A mulher não mostrou reação ao insulto; já o homem que foi executado tentou mover a mão, amarrada pelo pulso, para fazer um gesto obsceno. 


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