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Matérias / Entretenimento

"A explosão cinematográfica na Índia foi repentina”, diz cineasta sobre o sucesso de Bollywood

Em entrevista ao site Aventuras na História, Daniel Bydlowski fala sobre a ascensão do mercado indiano

Fabio Previdelli Publicado em 07/03/2021, às 00h00

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Dev Patel em "Quem Quer ser um Milionário" (2008) - Divulgação
Dev Patel em "Quem Quer ser um Milionário" (2008) - Divulgação

Todos os anos o Oscar, Globo de Ouro e diversas outras premiações exaltam os filmes produzidos por Hollywood. Não é para menos, afinal, Los Angeles é a capital mundial do cinema, certo? 

Engana-se quem pensa assim. Por mais que o público mainstream consuma muito mais conteúdos vindos de lá, visto que, recentemente, “Os Vingadores: End Game” bateu recordes de bilheteria, a cidade dos anjos já deixou de ser o local que mais se faz cinema no mundo. 

Porter de Vingadores: End Game, que tem a maior bilheteria do cinema / Crédito: Divulgação

Duvida? Segundo dados do Instituto de Cinema de São Paulo, cerca de 1.500 filmes são produzidos todos os anos em... Bollywood?! Isso mesmo, o mercado indiano é o maior produtor de cinema do mundo.  

Como se não bastasse a produção em massa, o público também é muito fiel, lotando cada lançamento. Estima-se que cada nova película tenha uma média de espectadores mensais que batem a casa de meio milhão. 

“A explosão cinematográfica na Índia foi repentina. Sabemos que os indianos engrenaram na indústria depois do cinema mudo com o filme, ‘Alam Ara’ (1931), uma história de amor mais musical, do que dialogada, grande chamativo para o resto do mundo. Aliás, música, dança e melodrama são marcas registradas das produções indianas”, diz o cineasta Daniel Bydlowski, mestre pela University of Southern California (USC), considerada a melhor faculdade de cinema dos Estados Unidos. 

“No entanto, definir o momento exato em que Bollywood estourou é relativo, já que para a maioria dos brasileiros, o sucesso surgiu com ‘Quem Quer Ser Um Milionário’, dirigido por Danny Boyle e estrelado por Dev Patel”, completa Daniel

Apesar do sucesso, o começo de Bollywood não foi fácil, já que o país sofreu com a Grande Depressão — por conta da 2ª Guerra Mundial —, além de outros percalços, como movimento pela independência e a violência da partição.  

“Apesar disso, as produções que foram realizadas tinham o intuito de esquecer as mazelas. Dificilmente encontrava-se obras com os problemas do país como pano de fundo”, explica Bydlowski.

Cena de ‘Alam Ara’ (1931) / Crédito: Wikimedia Commons

“Com 10 anos de atraso, só em 1960 que apareceram os filmes coloridos por lá. Mas entre 50 e 70, acredito que eles começaram a marcar bastante presença com os dramas que conquistavam muitas pessoas, tanto é que foi chamada de Era de Ouro de Bollywood, com filmes como ‘Flores de Papel’ (1959), ‘Pyaasa’ (1957) e ‘O Vagabundo’ (1951)”. 

Bollywood X Hollywood? 

Apesar da grandiosidade do cinema indiano, é possível considerar Bollywood como o principal rival de Hollywood? Daniel não vê as coisas bem assim. Para o cineasta, apesar de o país asiático ter mexido um pouco com a 'hegemonia' hollywoodiana, o mercado indiano não é o único ter crescido.  

“Claro que com o sucesso, alguns nomes, diretores, ou mesmo, algumas produtoras de Hollywood, que até pouco tempo eram detentoras do mercado podem ter sentido um tom de ameaça. Mas não é só Bollywood que está competindo, existem outras gigantes como a Disney, que cada vez mais tem autonomia com o próprio espaço”, diz o cineasta. 

Já em relação a diversidade no quesito produção, Bydlowski acredita que a indústria americana, apesar de todas as polêmicas, ainda assim é mais aberta. “Bollywood é firme em produzir sobre sua cultura e com seus próprios atores, diretores e tudo mais. Mas, na minha opinião, isso não prejudica em nada. Cinema é cinema em qualquer lugar”.  

Outro ponto que considera Bollywood menos inclusiva é o fato de que o mercado é amplamente dominado por homens, apesar de considerar que isso já está mudando um pouco, não só lá, apesar de ser um processo mais lento, como no mundo inteiro.  

Priyanka Chopra é uma das atrizes indianas mais conhecidas da atualidade / Crédito: Divulgação

“Mas é inegável que quando eles sabem que alguma atriz roubou a cena, eles a colocam em evidência”, ressalta. “Dentre as grandes estrelas estão: Madhuri Dixit – atriz e uma das mais conhecidas; seguida de Priyanka Chopra – que inclusive quase subiu no tapete vermelho; Irrfan Khan – apesar de que seu sucesso foi em Hollywood; e Dev Patel – reconhecido no mundo inteiro com Quem Quer ser um Milionário”. 

Bollywood é pop 

Em 13 de janeiro 2004, a carreira da diva do pop Britney Spears passava por um período morno, contudo, o cenário estava prestes a mudar. Isso porque ela havia acabado de lançar uma de suas canções mais famosas: Toxic.  

A música se mostrou um hit instantâneo, invadindo as rádios de países ao redor do globo e entrando nas primeiras dez posições da Billboard Hot 100 — ranking estadunidense que mostra as canções de maior sucesso na última semana. Vale ressaltar que foi o vídeo da música que resultou no único Grammy que a 'Princesinha do Pop' carrega no currículo. 

Contudo, algo que nem todos sabem é que por trás do sucesso estrondoso da melodia única e clipe de ares cinematográficos, existem fortes influências direto de Bollywood. Ao se fragmentar a composição de Toxic, é possível identificar três partes diferentes: os agudos gritantes produzidos por violinos, o som de base mais baixo, e a guitarra de acompanhamento.  

É possível rastrear cada um desses conjuntos de notas para obras indianas. Até a maneira sussurrada em que Britney Spears canta a letra de sua canção lembra os vocais indianos - isso porque trata-se de um caso que envolve a compra de sample. Apesar disso tudo, por que Bollywood ainda não tem a mesma relevância, aos olhos de espectadores do mundo inteiro, do que Hollywood? 

“Acredito que Hollywood se tornou referência e que as pessoas realmente não se atentam ao cinema, mas sim aos filmes. Acredito que uma posição de marca de Bollywood cairia bem”, explica o cineasta brasileiro. 

Para Daniel Bydlowski, outras medidas ainda poderiam ser adotadas para diminuir esse espaço. “Ainda, os espaços nas premiações deveriam ser maiores, uma vez que eles produzem tantos filmes no ano. É como os nossos filmes nacionais, e é assim para tantos outros países, há uma cultura de que se não veio de Hollywood não é bom. É necessário abrir o campo de visão dessas pessoas, afinal, há produções excelentes em todos os países”, finaliza.


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