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Matérias / Curiosidades

A farsa de Pierre Brassau, o macaco artista

Em 1964, um misterioso pintor impressionou a comunidade artística sueca e recebeu elogios de críticos de arte, até que sua identidade foi revelada

Alana Sousa Publicado em 14/07/2020, às 15h00

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Peter, o chipanzé, com pincéis artísticos - Wikimedia Commons
Peter, o chipanzé, com pincéis artísticos - Wikimedia Commons

No ano de 1964, na Gallerie Christinae em Gotemburgo, localizada na Suécia, estava marcada uma exposição de um artista misterioso que se sabia apenas o nome: Pierre Brassau. Quando chegou o dia, a galeria ficou lotada com os mais renomados críticos de arte e cultos apreciadores. A comoção foi grande, seria este mais um nome promissor do expressionismo abstrato — que já revelara artistas como Jackson Pollock e Willem de Kooning.

“Brassau pinta com pinceladas poderosas, mas também com determinação clara. Suas pinceladas se contorcem com furiosa fastidiosidade. Pierre é um artista que se apresenta com a delicadeza de uma bailarina”, escreveu o crítico Rolf Anderberg. Todos se perguntavam quem era o talentoso pintor que, por alguma razão, não queria revelar sua identidade.

A surpresa veio pouco tempo depois, quando foi descoberta a residência de Pierre Brassau. Para o choque de toda a comunidade artística, a casa do misterioso autor das impressionantes obras de arte estava localizada no zoológico Borås Djurpark, na Suécia, mais precisamente dentro da ala dos primatas. Pierre era, na verdade, Peter, um chipanzé de quatro anos de idade.

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Uma tela de Pierre Brassau / Crédito: Wikimedia Commons

Com a descoberta de que Pierre não era humano e, sim, um macaco, a verdade completa veio à tona. O plano fora organizado pelo jornalista Åke "Dacke" Axelsson, que trabalhava para o tabloide sueco Göteborgs-Tidningen. O homem queria avaliar as habilidades dos críticos, testando na prática se eles saberiam diferenciar entre uma obra feita por uma pessoa e uma feita por um animal.

Farsa artística

Certo dia, Axelsson foi até o zoológico e pediu para que um dos funcionários entregasse um conjunto de tintas e telas para Peter. No começo, o macaco estranhou os itens, estava mais interessado em comer as tintas do que realmente usá-las como forma de expressão artística.

Um tempo depois, Peter começou a fazer os primeiros rabiscos na tela. Logo, o jornalista — e o funcionário do zoo que ajudava na missão—, entendeu que o interesse do primata em pintar estava ligado ao número de bananas que lhe eram dadas. Quanto mais frutas ele ganhava, mais rápido suas telas eram preenchidas com pinceladas aleatórias que, juntas, formavam uma convincente pintura abstrata.

Assim, por semanas, Åke manteve Peter ocupado, enquanto divulgava que um pintor desconhecido, supostamente de origem francesa, nomeado de Pierre Brassau iria expor seus trabalhos na cidade de Gotemburgo. Ao final do projeto, o homem escolheu os melhores quadros e reservou uma parte da exposição para o teste final.

Muito bem recebido pelos críticos, a reputação de Pierre estava surpreendendo até mesmo o jornalista. Até que, uma semana depois, a farsa foi, finalmente, revelada, revoltando alguns dos avaliadores, e apenas confirmando o talento do animal para outros. Rolf Anderberg, após descobrir a verdade, reafirmou seus elogios: de todos os trabalhos expostos na galeria, os de Peter “ainda era a melhor pintura da exposição”.

Peter pintando um de seus quadros / Crédito: Divulgação

Enquanto alguns críticos levaram a situação com certa tranquilidade, outros se juntaram a organização sueca de artistas e denunciaram Åke Axelsson à polícia. As autoridades investigaram, mas as queixas foram arquivadas, pois, nenhum sinal de atividade criminosa havia sido encontrado.

Toda a comoção em volta do animal fez com que muitas pessoas fossem visita-lo no zoo. A situação rapidamente se tornou perturbadora para o chipanzé, que logo mostrou traços agressivos com todo o assédio. Por isso, foi tomada a decisão de vende-lo para o zoológico de Chester, na Inglaterra, em 1969. Ele passou o resto da vida de maneira calma, em um local aonde era, mais uma vez, desconhecido.

Em 2009, um colecionador de arte mostrou interesse em uma das telas do primata, que naquela altura já estavam quase esquecidas. O homem, que não teve a identidade revelada, comprou um quadro por um alto valor, pouco mais ao equivalente hoje de 700 dólares (em conversão: quase 4 mil reais).


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