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Vitrine / Segunda Guerra

A cruel saga da fazenda nazista do Brasil — que usava crianças negras para o trabalho forçado

Durante a Segunda Guerra, membros da Ação Integralista Brasileira recrutavam órfãos para trabalharem em fazendas e as obrigavam a saudar Hitler

Victória Gearini Publicado em 05/03/2024, às 16h00

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Fazenda nazista localizada no interior de São Paulo, durante a Segunda Guerra Mundial - Imagem cedida pela Senhorinha Barreto da Silva
Fazenda nazista localizada no interior de São Paulo, durante a Segunda Guerra Mundial - Imagem cedida pela Senhorinha Barreto da Silva

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Brasil possuía fortes vínculos comerciais com a Alemanha Nazista e chegou a ter campos de trabalhos forçados para crianças negras.

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Atual proprietário da fazenda encontra tijolos nazistas na propriedade / Crédito: Gibby Zobel

O historiador Sidney Aguillar Filho investigou a existência de campos nazistas no Brasil e localizou um deles no interior do estado de São Paulo. A fazenda fascista pertencia à família de industriais, Rocha Miranda.

O pai Renato e seus filhos Otávio e Osvaldo eram membros da Ação Integralista Brasileira (AIB) — organização de extrema direita. Frequentemente a família promovia jantares para os simpatizantes nazistas da AIB.

O historiador afirmou que para conseguir recrutar as crianças, Osvaldo Rocha Miranda solicitava a guarda legal dos órfãos. "Descobri a história de 50 meninos com idades em torno de 10 anos que tinham sido tirados de um orfanato no Rio. Foram três levas. O primeiro grupo, em 1933, tinha dez crianças", declarou o pesquisador em entrevista à BBC.

A grande maioria das crianças escravizadas eram negras. Os proprietários e empregados da fazenda não as tratavam pelos seus nomes, mas sim por números. Além disso, eram constantemente espancadas com uma palmatória e intimidadas por cães de guarda.

Aloysio da Silva foi uma das primeiras crianças a serem levadas para o local. Em uma entrevista concedida à BBC em 2014, Silva, com até então 90 anos, disse que era chamado de número 23.

"Ele prometeu o mundo, que iríamos jogar futebol, andar a cavalo. Mas não tinha nada disso. Todos os dez tinham de arrancar ervas daninhas com um ancinho e limpar a fazenda. Fui enganado", disse.

Argemiro dos Santos, na época com 89 anos, disse à emissora que a família Rocha Miranda obrigava as crianças a saudarem Hitler. “Eles não gostavam de negros. Havia castigos, deixavam a gente sem comida ou nos batiam com a palmatória. Doía muito. Duas batidas, às vezes. O máximo eram cinco, porque uma pessoa não aguentava".

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Gado da fazenda com suástica / Crédito: Senhorinha Barreto da Silva 

O sobrinho-bisneto de Otávio e Osvaldo, Maurice Rocha Miranda negou as atrocidades cometidas contra as crianças mantidas na fazenda.

“Tinham de ser controlados, mas nunca foram punidos ou escravizados", disse em entrevista à Folha de São Paulo.

O historiador Sidney Aguillar Filho explica que o futebol teve um papel fundamental durante a ideologia integralista, portanto, muitos órfãos usaram o esporte como válvula de espace para a dura realidade.

"A gente se reunia para bater bola e a coisa foi crescendo. Tínhamos campeonatos, éramos bons de futebol", relembra Santos.


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