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Matérias / América

Fidel Castro, antes da Revolução, não era socialista

A trajetória de Castro foi, acima de tudo, nacionalista e anti-EUA. Os ideais marxistas só apareceram após as pressões da URSS

André Nogueira Publicado em 28/09/2019, às 09h00

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Reprodução
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Fidel Castro entrou para a História como líder da Revolução Cubana e, depois, ditador socialista que comandou a ilha por 47 anos, implementando uma agenda socialista e nacionalista.

No entanto, em termos do desenvolvimento político da Revolução, o socialismo castrista tem uma origem recente, estando presente após as pressões da URSS em planificar Cuba a partir de 1960. Antes disso, Castro não levantava bandeiras marxistas, se envolvendo com grupos políticos menos direcionados ao comunismo.

Origens cristãs

Fidel nasceu na fazenda de seus pais em 1926 e logo foi direcionado a uma vida escolar. Aos seis anos, foi enviado para Santiago e batizado na Igreja Católica. Pelo batismo, foi permitido que ele ingressasse no colégio La Salle. No entanto, era um aluno rebelde e nada disciplinado. Por esse motivo, foi transferido para o Colégio de Belén, em Havana, comandado por jesuítas.

Fidel Castro criança / Crédito: Reprodução

Teve a oportunidade de entrar em contato com temas pelos quais tinha interesse, como geografia, história e retórica. Porém, como não queria se destacar academicamente acabou se dedicando mais ao esporte. Neste momento, tornou-se um dos melhores jogadores de baseball do país.

Entrada na política

Em 1945, Fidel entrou na Faculdade de Direita da Universidade de Havana, onde teve seu primeiro contato com política institucional. Se envolvendo com o Movimento Estudantil, que possuía uma forte cultura de gangue, se aproximou de movimentos anti-imperialistas e contra as intervenções dos EUA. Fez então campanha para a presidência da Federación Estudiantíl Universitaria, mas acabou perdendo.

Neste ambiente, tornou-se defensor de bandeiras em oposição à corrupção e a violência do governo de Ramón Grau. Suas palavras de ordem eram “honestidade, decência e justiça” e, nessa empreitada contra o presidente, acabou na capa dos jornais de Cuba.

O Partido Ortodoxo

PPC-O / Crédito: Wikimedia Commons

Depois de dois anos de militância, ingressou no Partido del Pueblo Cubano – Ortodoxos, ou simplesmente Partido Ortodoxo, que era defensor de reformas em nome da justiça social. Em defesa de Eduardo Chibás, fundador do partido, adentrou movimentos violentos contra Grau, o que culminou numa ameaça de morte - como consequência, quase abandonou a universidade. Se recusando, passou a andar andar armado.

O PPC-O era um partido amplo, envolvendo diversas facções políticas (principalmente os nacionalistas radicais, os socialistas jovens e a pequena burguesia), que se juntavam contra a manutenção do poder de Grau. Com isso as principais defesas do partido eram: democracia direta, livre mercado, defesa da propriedade, nacionalismo anti-imperialista, abolição do latifúndio, distribuição de renda, nacionalização de áreas estratégicas e anticorrupção. 

Quando Fidel se graduou, decidiu se dedicar à defesa dos opositores do governo e à denúncia da corrupção. Aumentou seu vínculo com o Partido Ortodoxo e iniciou campanhas de denúncia contra o presidente Carlos Prío no jornal Alerta e na rádio Álvarez e COCO.

O golpe de Fulgencio

Foi em 10 de março de 1952 que El Comandante se radicalizou, mas ainda sem se alinhar ao marxismo. Isso porque esta é a data do golpe comandado por Fulgencio Batista, que derrubou o governo e programou uma ditadura cujo poder era dele, fazendo defesa dos interesses norte-americanos.

Golpe de 1952, no centro: Fulgencio Batista / Crédito: Reprodução

Castro, então, escreveu uma grande denúncia contra o crime institucional de Batista no jornal La Palabra e levou o caso aos tribunais de Havana, sem grande sucesso. Com isso, passou a defender uma renovação nas práticas de oposição, o que envolvia a adesão à violência armada contra um governo de opressões. Isto foi o embrião do que acabaria na fundação do M-26-7 e no Assalto ao Quartel Moncada, em Santiago, em 1953, que levou à prisão de Fidel Casto.