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Matérias / Personagem

Fome durante a Depressão: a triste narrativa por trás de umas das mais influentes imagens da História

Em 1936, a fotógrafa Dorothea Lange deu vida ao registro que simboliza os tempos de crise da década de 30

Nicoli Raveli Publicado em 01/05/2020, às 08h00

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Fotografia Migrant Mother de Florence Owens Thompson e acompanhada de duas crianças - Divulgação
Fotografia Migrant Mother de Florence Owens Thompson e acompanhada de duas crianças - Divulgação

A crise de 1929, conhecida como a Grande Depressão, teve início nos Estados Unidos e marcou o período mais longo de crise política durante o século 20. Devido à recessão, diversas pessoas perderam seus empregos, ações na bolsa de valores e tiraram suas próprias vidas.

Posteriormente, os efeitos do acontecimento ganharam espaço no mundo, fazendo com que diversos países fossem atingidos, principalmente a partir de 1933, durante o governo de Franklin Delano Roosevelt.

Naquela época, o presidente havia instalado o New Deal, uma série de implementações que tinham o objetivo de recuperar a economia americana e promover auxílio àqueles que foram afetados pela crise.

Entretanto, mesmo que alguns especialistas afirmem que o programa governamental ajudou a minimizar as consequências da Depressão, muitas pessoas ainda viviam em situações deploráveis.

A família Thompson

Florence Owens Thompson, casada com Cleo Owens e mãe de cinco filhos, migrou com sua família para a Califórnia em busca de trabalho. Em 1931, dois anos após o início da Grande Depressão, a mulher perdeu o seu marido para a tuberculose.

Florence Owens Thompson amamentando sua filha / Crédito: Divulgação 

Thompson não tinha esperanças, mas mesmo grávida trabalhou no campo e em restaurantes para garantir o sustento das crianças. Dois anos depois, Florence mudou-se para Shafter, uma cidade ao sul do país. Lá, a mulher conheceu Jim Hill e deu à luz mais três filhos. Durante os anos seguintes, a família trabalhou em plantações agrícolas.  

As marcas da crise

Em busca de mais trabalhos, a família Thompson viajava em uma estrada dos Estados Unidos a caminho de Watsonville. Todavia, o carro apresentou problemas e o percurso foi interrompido em 1936.

Naquela altura, eles estavam em Nipomo Mesa, em um campo de ervilhas. Para a surpresa dos viajantes, aquele local abrigava cerca de três mil pessoas desesperadas por um trabalho e por comida.

Florence Owens Thompson amamentando sua filha, enquanto outra está ao lado / Crédito: Divulgação 

Enquanto Hill e dois filhos foram até a cidade mais próxima a fim de consertar o carro, Florence e as crianças construíram um acampamento temporário. Nesse meio tempo, a fotógrafa da Administração de Reassentamento, Dorothea Lange, realizou diversos cliques da família.

Ao todo, foram sete imagens que expressaram o sentimento árduo daqueles indivíduos. “Não perguntei o nome dela nem a história dela. Ela me disse sua idade, que tinha 32 anos. Ela disse que estavam vivendo de vegetais congelados dos campos e pássaros que as crianças mataram. Acabara de vender os pneus do carro para comprar comida”, contou Lange.

Mesmo ao prometer que as fotos nunca seriam divulgadas, Lange as enviou para um jornal de São Francisco. O veículo publicou diversas fotos em meio a uma matéria sobre a fome aguda dos migrantes.

Todavia, o conhecimento das fotografias levou o governo a doar cerca de nove mil quilos de alimentos para os apanhadores daquele campo. Porém, a família Thompson não estava mais no local quando a doação foi realizada.

Mesmo que ainda não houvesse relatos sobre a mulher da foto, os registros tornaram-se famosos e receberam destaque por simbolizar os tempos da Grande Depressão. 40 anos depois, Florence foi reconhecida.

Acampamento da família Thompson / Crédito: Divulgação 

Aos 70 anos, ela foi abordada pelo repórter Emmett Corrigan da Modesto Bee. Segundo o profissional, Thompson afirmou que gostaria que a fotógrafa não tivesse realizado aqueles registros.

“Eu não consigo tirar um centavo disso. Ela não perguntou meu nome. Ela disse que não venderia as fotos. Ela disse que me mandaria uma cópia. Ela nunca enviou”, completou.

Em 1960, Bill Hendrie encontrou o registro original da famosa fotografia e mais 31 fotos de Lange na lixeira da Câmara do Comércio de San Jose. Sabendo da preciosidade, ele as guardou consigo em sua casa.

Após a morte do homem e de sua esposa, Marian Tankerley, filha do casal, foi até a casa a fim de juntar os objetos da residência. Durante seu trabalho, a garota reencontrou as fotos e as venderam por 300 mil dólares em um leilão.

A vida após a fama

Em 1980, Florence morava sozinha em uma residência localizada na Califórnia. Todavia, aos 80 anos, enfrentou problemas cardíacos e foi diagnosticada com câncer, o que resultou em sua morte.

A mulher foi enterrada na cidade de Hughson no cemitério Lakewood Memorial Park. Em sua lápide, está escrito: Florence Leona Thompson, Mãe Migrante — uma lenda da força da maternidade americana.

18 anos após sua morte, Migrant Mother passou a ser o selo do Serviço Postal dos Estados Unidos e diversas cópias foram vendidas, em média, por 245 mil dólares. Em 2002, as impressões pessoas da fotografia realizada por Lange foram vendidas por mais de 140 mil dólares.

Florence Thompson acompanhada de suas filhas, Katherine, Ruby e Norma, em 1979

Katherine McIntosh concedeu uma entrevista a CNN em 2008, na qual alegou que sua mãe era uma pessoa muito forte. "Nós nunca tínhamos muito, mas ela sempre se certificou de que tínhamos alguma coisa. Ela não comia às vezes, mas fazia com que as crianças comessem. Isso é uma coisa que ela fazia".

Seu outro filho, Troy Owens, afirmou que, quando sua mãe estava doente, os gastos foram enormes. Dessa maneira, diversas pessoas enviaram cartas com doações para ajudar no pagamento da dívida médica."Para mamãe e nós, a foto sempre foi um pouco de maldição. Depois de tudo isso cartas chegaram, acho que isso nos deu uma sensação de orgulho”, completou.


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