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Matérias / Personagem

A infeliz vida do rei Carlos II, o último da dinastia dos Habsburgo

Maior símbolo das deformidades genéticas das relações incestuosas, o monarca desenvolveu graves problemas físicos e mentais

Caio Tortamano Publicado em 18/03/2020, às 08h00

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Carlos II, rei da Espanha e vítima do incesto tradicional de sua família - Wikimedia Commons
Carlos II, rei da Espanha e vítima do incesto tradicional de sua família - Wikimedia Commons

A necessidade da família real espanhola de criar uma pureza em sua dinastia trouxe graves consequências para os sucessores do trono. O incesto era algo bastante comum na Europa do século 17, e os casamentos entre parentes era tido como forma de manter o “sangue real” restrito a um pequeno grupo de pessoas.

Um dos monarcas que mais sofreu com o insólito hábito ao longo da história foi Carlos II, rei da Espanha. Portador da famosa mandíbula de Habsburgo (notório sintoma de um fruto de uma relação incestuosa), Carlos mastigou durante a sua vida inteira com muita dificuldade, além de sua enorme língua fazer com que liberasse saliva constantemente.

Suas condições genéticas resultaram em constantes diarreias e vômitos ao longo de toda a sua vida. A face, destorcida, fazia com que ele tivesse severos problemas para falar, o que em sua condição como rei foi extremamente problemático, já que ninguém entendia o que era discutido.

Apesar disso, se casou duas vezes, uma aos 18 anos e a segunda quando tinha 29. Mas de nada servia para a dinastia dos Habsburgo, porque era infértil e — de acordo com uma de suas esposas — impotente sexual.

Sua família era uma verdadeira bagunça em relação a consanguinidade, Carlos era primo de primeiro grau da sua própria mãe, além de ser sobrinho-neto de seu pai. Logo, sua avó também era sua tia, e toda sua árvore genealógica vinha de um único casal: Felipe e Joana de Castela.

Carlos II por autor desconhecido / Crédito: Wikimedia Commons

A mistura fez com que Carlos provavelmente sofresse com dois distúrbios genéticos específicos: deficiência combinada de hormônio hipofisário e acidose tubular renal distal. A primeira condição dava ao rei sua baixa estatura, infertilidade e impotência, podendo ter causado fraqueza muscular e problemas digestivos.

O segundo distúrbio fazia com que o rim não pudesse se livrar de ácidos através da urina, fazendo com que saísse sangue com o seu xixi, além de fraqueza muscular e uma cabeça desproporcional ao seu corpo.

A família

Seu pai, Felipe IV, se casou pela primeira vez quando tinha 10 anos, com a filha do rei da França, Isabel, com quem teve oito crianças, somente dois eram homens e morreram antes de subir ao trono. Com a morte da francesa, Felipe se casou com sua sobrinha, Mariana da Áustria, tendo duas meninas e dois meninos também falecidos quando jovens.

Depois de tantos meninos terem morrido na família, seus pais tinham certeza que Carlos não chegaria a sobreviver. Ele não conseguiu falar até fazer quatro anos e andar somente aos oito e, apesar das pinturas oficiais da época, ele não era um bebê normal, sendo muito fraco e debilitado.

Carlos II durante infância, longe da realidade / Crédito: Wikimedia Commons

Por mais que o incesto não fosse anormal, era uma prática recorrente na família real espanhola do que pela população normal. Os Habsburgo justificavam a prática — apelidada de intercasamentos reais — afirmando que as uniões fortaleciam linhas de sucessão, e facilitavam alianças políticas futuras. E, por mais que eles buscassem uma suposta pureza sanguínea casando entre si, foram essas uniões que fizeram a monarquia ruir.

Em 1700, perto da morte, Carlos preparou um testamento deixando o reino da Espanha para Felipe, Duque de Anjou, já que não teve nenhum sucessor ao longo de sua vida.

Felipe era neto da irmã do monarca, que tinha se casado com ninguém menos do que Luís XIV, da França. A escolha não foi bem recebida, e levou o país para o conflito conhecido como Guerra de Sucessão, que duraria de 1701 até 1713 e colocou um Bourbon francês no trono espanhol.


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