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Matérias / Personagem

Grace Halsell, a jornalista branca que viveu um ano como uma mulher negra

Após a morte de Martin Luther King Jr., Halsell quis sentir na pele as dificuldades vividas pela população afro-americana nos EUA dos anos 1960

Fabio Previdelli Publicado em 29/07/2020, às 12h36

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A jornalista Grace Halsell - Mary Couts Burnett Lib Special Cols/Texas C. U.
A jornalista Grace Halsell - Mary Couts Burnett Lib Special Cols/Texas C. U.

Seja escancarado ou de uma maneira mais velada, o racismo ainda faz parte de diversos momentos da história americana. Entretanto, na década de 1960, a luta por igualdade racial ganhou um trágico capítulo: o brutal assassinato de Martin Luther King Jr.

Naquele fatídico 4 de abril de 1968, a jornalista Grace Halsell, que trabalhava em Washington no gabinete do presidente Lyndon Baines Johnson, estava no Texas, seu estado natal, quando soube da morte de Luther King.

Hasell enxergava no jornalismo uma forma de se aventurar ao redor do mundo. Assim, cobriu duas guerras: Vietnã e Coreia, além de viajar para Hong Kong, Grécia, Turquia e Lima. Porém, após a notícia, decidiu que encararia a mais difícil pauta de sua carreira: se tornaria negra por um ano para sentir na pele as dificuldades da população afro-americana.

“Minha primeira reação foi: ‘não há mais esperança. Nós vamos falhar como povo e nação’”, escreveu a jornalista em seu livro Soul Sister, que foi publicado em 1969. Na obra, Grace descreve como foi sua experiência como uma mulher negra. "Então gradualmente percebi que cada um de nós deveria tentar alcançar seu sonho de uma América única e me lembro de me fortalecer com o pensamento de que é possível matar uma pessoa, mas não uma ideia”.

A vontade de Grace de passar um ano como uma mulher negra começou a prosperar quando, em um jantar na Casa Branca, ela ouviu falar de John Howard Griffin, que escreveu Black Like Me em 1961. Griffin também era um jornalista branco e, no ano anterior, decidiu viajar como um homem negro por seis semanas, passando por diversos estados sulistas, onde, na época, vigoravam as ferrenhas leis de Jim Crow.

Assim, o próximo passo foi dado por Hassel quando ela se encontrou com o autor e recebeu sua “benção”. Para isso, a metodologia escolhida foi feita com base em medicações para vitiligo. Sua intenção era tomar pílulas que ajudariam a "escurecer" seu tom de pele ao ser exposto ao sol, o que foi potencializado após uma viagem para Porto Rico. "Para ter certeza, coloquei o meu braço junto ao dele [de um de seus médicos]. Ele é negro, mas eu estava mais escura", relatou.

Com o sucesso da primeira parte do plano, embarcou para o Harlem, bairro nova iorquino com uma grande concentração de negros. Usando apenas um vestido simples de algodão e com um lenço amarrado no cabelo, além de lentes de contato pretas, a jornalista tinha cerca de 20 dólares no bolso quando entrou no ônibus.

Seus maiores medos, revela, era que descobrissem que ela não era negra e que, por consequência, a castigassem por isso. Além do mais, devido a visão estereotipada da população branca, tinha medo que pudesse ser estuprada ou roubada por homens negros a qualquer momento. “Abandone toda esperança aquele que por aqui entrar”, disse quando o transporte se aproximou de seu destino.

Porém, nada disso aconteceu, muito pelo contrário, o Harlem era absolutamente diferente daquilo que pensara. Por isso, acabou decidindo ir para o Mississippi, no sul dos EUA, para trabalhar como empregada doméstica na casa de uma família branca.

Foi por lá, inclusive, que se aproximou de ter uma das experiências que tanto temia. Certo dia, o chefe da família, um homem branco, tentou estuprá-la, mas Halsell conseguiu se livrar após quebrar um porta-retratos na cabeça de seu agressor.

Com isso, acabou desistindo de seu projeto, há apenas alguns meses de concluí-lo. Mais tarde, em seu livro, dissertou sobre a experiência: "o problema é maior que branco ou preto. É a desumanidade do homem com o homem (e mulher) sempre e por toda a parte".


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