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Matérias / Oriente Médio

Há 25 anos, o assassinato de Yitzhak Rabin assombrava Israel

Conversamos com Daniel Douek, diretor do Instituto Brasil-Israel, sobre a trajetória do primeiro-ministro

Ingredi Brunato Publicado em 04/11/2020, às 12h00 - Atualizado às 12h38

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Fotografia de Yitzhak Rabin - Wikimedia Commons
Fotografia de Yitzhak Rabin - Wikimedia Commons

Yitzhak Rabin foi um general e político israelense que viveu durante um período em que o Oriente Médio passou por conflitos e tensões que ficaram marcadas na História por sua intensidade e violência. 

Tanto, que recebeu um Prêmio Nobel da Paz em 1994 em recompensa aos seus esforços pelo fim dos confrontos com a Palestina, para os quais sua influência política foi fundamental.

Uma frase simbólica que foi proferida no seu discurso de recebimento do prêmio foi: “Cemitérios militares em todos os cantos do mundo são um testemunho silencioso do fracasso dos líderes nacionais em santificar a vida humana.”

Apenas um ano depois do prêmio, contudo, no auge de sua luta pela paz, Yitzhak foi assassinado em praça pública por um estudante extremista de direita - o que converteu primeiro-ministro em símbolo nacional.

Vida 

"Yitzhak Rabin nasceu em Jerusalém, em março de 1922 – 25 anos antes da aprovação da Partilha da Palestina na Assembleia Geral da ONU, que levou à criação do Estado de Israel. Na juventude, integrou a organização paramilitar judaica Haganá, participando do grupo de elite, o Palmach, cujos membros, mais tarde, formaram a espinha dorsal do exército israelense", explicou Daniel Douek, diretor do Instituto Brasil-Israel, em entrevista ao site Aventuras na História.

Rabin foi um dos líderes à frente de Israel quando se deu a Primeira Intifada, ocupando então o cargo de Ministro da Defesa. As Intifadas foi uma revolta que teve início nos anos 80, na qual palestinos, inconformados com a tomada de seus territórios pelo Estado israelense, jogaram pedras nos soldados que representavam a dominação estrangeira. 

Os episódios geraram repercussão internacional na época, chocando pela violência e pelo claro desequilíbrio de poder entre os soldados segurando armas de fogo de um lado, e os palestinos com pedras de outro. 

Porém, após uma vida imersa nesse ambiente de guerra, ódio e intolerância, o político israelense passou a ser um agente precioso na busca pela paz. 

Legado 

Foi durante o segundo mandato de Yitzhak Rabin como primeiro-ministro de Israel que ele realizou os Acordos de Oslo, que iniciaram o processo de paz com a Palestina, acordos inclusive que visavam entrar nos conformes do que a ONU classifica como um ‘tratado de paz’. 

Dentro de Israel despontaram diversas manifestações contra essa ideia, mostrando que tais decisões provocaram cisão e polarização na sociedade.

Da esquerda para direita, Yitzhak Rabin, líder de Israel, o presidente norte-americano Bill Clinton e líder palestino Yasser Arafat durante os Acordos de Oslo em 13 de setembro de 1993 - Crédito: Wikimedia Commons

Em 1994, Rabin recebeu o Nobel da Paz com outros dois políticos, Yasser Arafat e Shimon Peres, o que embora tenha sido um grande símbolo do reconhecimento internacional pelos esforços em direção ao término dos conflitos por parte desses governantes, não significou uma homogeneização da opinião pública do país. 

A população de Israel ainda estava dividida: para alguns, Yitzhak era um herói da causa da paz, enquanto outros o consideravam um traidor por ceder terras vistas por esses como pertencentes ao Estado israelense para o povo da Palestina. 

Da esquerda para a direita, Yitzhak Rabin, Bill Clinton e o rei da Jordânia, Hussein, após assinar um acordo de paz em 1994 - Crédito: Wikimedia Commons

"Nas ruas, Rabin era chamado de traidor e, por vezes, ameaçado de morte, mas parecia não acreditar que tais ameaças pudessem se tornar realidade – motivo que o levou, inclusive, a negligenciar medidas de segurança no dia de seu assassinato. Israel estava acostumado (e, de certa forma, preparado para lidar) com o terrorismo árabe, mas os tiros de um judeu religioso surpreenderam a todos", diz Douek.

Morte

Em 4 de novembro de 1995, o primeiro-ministro estava participando de um comício em defesa do processo de pazna cidade de Tel Aviv, localizada em uma praça conhecida então como “Praça dos Reis de Israel”, quando um extremista de direita que era contra os Acordos de Oslo, chamado Yigal Amir, atirou no político com uma pistola semiautomática. 

"Yigal Amir nunca se arrependeu de ter assassinado o primeiro-ministro Yitzhak Rabin e, no tribunal, alegou que estava agindo de acordo com a lei judaica. Na sentença de condenação", diz o diretor. "os juízes afirmaram que 'Todo assassinato é um ato abominável, mas o ato diante de nós é mais abominável porque não apenas o acusado não expressou arrependimento ou tristeza, mas também procura mostrar que está em paz consigo mesmo pelo ato que perpetrou”.

Yitzhak Rabin conseguiu chegar ao hospital, porém acabou falecendo na mesa de operação devido à grande perda de sangue que havia sofrido. A área pública onde ele morreu foi renomeada como Praça Rabin, e até hoje o israelense é símbolo da paz com a Palestina, com sua morte - e a causa pelo qual lutou - sendo lembrada em homenagens anuais organizadas no local.

"Yitzhak Rabin foi o primeiro chefe de Estado a entender e levar às últimas consequências o fato de que só seria possível realizar dois dos três sonhos de Israel: ser um país judaico, ser um país democrático e manter fronteiras expandidas. Assim, acabou optando por abrir mão de território, numa equação que, até hoje, orienta a esquerda sionista", afirma Douek. "O reconhecimento da Organização pela Libertação da Palestina como representante legítima do povo palestino e a obtenção, em troca, do reconhecimento do Estado de Israel complementam o legado e garantem o seu lugar entre as mais destacadas lideranças do país", finaliza.


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