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Matérias / Personagem

2.455 dias sendo refém do Hezbollah: Há 35 anos Terry A. Anderson era sequestrado

Correspondente-chefe do Oriente Médio, Anderson foi o norte-americano a ficar mais tempo nas mãos dos militantes xiitas

Joseane Pereira/ Atualizado por Fabio Previdelli Publicado em 16/03/2021, às 12h00

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Terry Anderson sendo recebido em casa em Lorain, Ohio em 21 de junho de 1992 - Wikimedia Commons
Terry Anderson sendo recebido em casa em Lorain, Ohio em 21 de junho de 1992 - Wikimedia Commons

Nascido em Ohio, Terry A. Anderson era um jornalista especializado em cobrir guerras e conflitos. Graduado em Comunicação de Massa e Ciência Política, ele atuou por seis anos como jornalista de combate no Corpo de Fuzileiros Navais dos Estados Unidos e também em duas missões de serviço durante a Guerra do Vietnã

Acontece que, após Anderson servir na Ásia e África junto à agência de notícias Associated Press, ele acabou sendo designado para o Líbano como correspondente-chefe do Oriente Médio no ano de 1983 — algo que mudaria para sempre sua vida. 

Terry Anderson, chefe da Associated Press em Beirute, mantido em cativeiro por militantes islâmicos / Crédito: Getty Images

Afinal, dois anos depois, em 1985, Terry passou a viver anos de desespero. Sequestrado em uma rua de Beirute, capital do Líbano, ele foi o norte-americano a ficar mais tempo nas mãos dos militantes xiitas do Hezbollah, segundo contam Peggy Say e Peter Knobler no livro “Forgotten : a sister's struggle to save Terry Anderson, America's longest-held hostage” (ou “Esquecido: a luta de uma irmã para salvar Terry Anderson, o refém mais antigo da América”, em tradução livre), que foi publicado em 1991. 

O sequestro e suas motivações 

Segundo matéria do The New York Times, Terry, que na época morava na região onde hoje é conhecido como Beirute, se preparava para viver mais uma cansativa rotina de guerra naquele 16 de março de 1985, há exatos 35 anos. Naquela manhã, o jornalista havia jogado tênis por uma hora em uma quadra à beira-mar.  

Porém, na viagem de um quilômetro e meio de volta até sua casa, onde ele tomaria um banho antes de sair para trabalhar, Anderson foi puxado para fora de seu carro por homens com pistolas de 9 milímetros e empurrado para dentro de um Mercedes verde, o mesmo que passou pela quadra de tênis enquanto ele golpeava algumas bolas. 

De acordo com o NYT, toda a ação acabou em 45 segundos. A partir dali, Terry A. Anderson passou a viver uma verdadeira provação. Nos anos que se seguiram, outros reféns que ficaram encarcerados junto ao jornalista disseram que ele estava sendo mantido em algum lugar da capital libanesa que era coberta por destroços da guerra.  

Às vezes, segundo explica a matéria, ele era acorrentado a móveis e tinha os olhos vendados. Em outras, era tratado como uma múmia, sendo preso da cabeça aos pés e levado dentro de um caixão para outro esconderijo.  

Em muitas ocasiões, segundo os reféns relatam, podia-se ouvir o jornalista bater na porta de sua cela exigindo um rádio para seus sequestradores. Isso sem contar as vezes que ele praticava francês ou árabe e até mesmo lia a Bíblia.  

Bairro de Karantina, noroeste de Beirute, durante a guerra / Crédito: Getty Images


A única coisa que se sabe ao certo é que Terry foi o norte-americano a ficar mais tempo nas mãos dos militantes xiitas do Hezbollah, que durante a Guerra Civil Libanesa se esforçavam para expulsar os norte-americanos do território. 

A motivação para isso seria o fato dos Estados Unidos passarem a fornecer armas e auxílio militar a Israel. Isso fortaleceu as tropas israelenses nos ataques de 1982 e 1983 contra muçulmanos e drusos, levando esses grupos a abominar a intervenção norte-americana no conflito. 

Apoiados pelo Irã, muçulmanos xiitas resolveram pressionar os norte-americanos através de ataques, sequestros e mortes. Nesse contexto, o jornalista e muitos outros norte-americanos foram feitos reféns. 

A liberdade 

Logo, os dias que Anderson passou em cárcere se transformaram em semanas, que por sua vez se tornaram meses. Os meses viraram anos e sua liberdade parecia se tornar algo utópico. Ao todo, seu sofrimento durou 2.455 dias, ou 6 anos e nove meses para ser mais preciso.  

Durante esse tempo, oficiais norte-americanos negociavam a soltura dos mais de cem prisioneiros sequestrados. Onze deles faleceram ou foram assassinados, e o jornalista acabou sendo o último que restou, diz o New York Times.

Libertado em 4 de dezembro de 1991, quando a guerra civil chegou ao fim, o jornalista foi recebido com celebrações. “Fiquei cerca de um ano e meio na solitária, algo que quase me destruiu”, disse Anderson durante um discurso que proferiu em uma conferência de associação de jornais em 2016, que foi repercutida pela agência internacional de notícias VOA News. “[Aquilo] destruiu minha alma”, disse o jornalista. “Descobri que preciso de pessoas”.  

Chegada de Terry Anderson em Wiesbaden, Alemanha, após sua libertação / Crédito: Getty Images


Desde que foi solto, ele passou a tentar reconstruir sua vida. Terry trabalhou como jornalista, dirigiu pequenas empresas, lecionou na Escola de Pós-Graduação em Jornalismo da Universidade de Columbia, na Escola de Jornalismo EW Scripps da Universidade de Ohio, na escola de jornalismo da Universidade de Kentucky, em 2009, e depois na Universidade de Flórida, até que ele se aposentou em dezembro de 2015. 

Antes disso, porém, em dezembro de 2003, Terry Anderson anunciou sua candidatura na chapa democrata para representar o 20º distrito no Senado de Ohio. Seu oponente era o candidato republicano Joy Padgett.  

Ao final das eleições, ele acabou recebendo 46% dos votos, algo que foi visto como grandioso, já que o distrito é ocupado por republicanos desde 1997, conforme explica notícia da The Parkesbury News and Sentinel. Hoje, Terry A. Anderson é presidente honorário do Comitê de Proteção aos Jornalistas.


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