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Matérias / Personagem

Heley de Abreu Silva, a professora que morreu ao salvar a vida de alunos

Em 2017, Heley viu-se em uma situação trágica, mas não hesitou em colocar as crianças em primeiro lugar

Redação Publicado em 26/09/2021, às 10h00 - Atualizado em 26/11/2022, às 11h00

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Fotografia da professora Heley de Abreu Silva Batista - Divulgação/ Arquivo pessoal
Fotografia da professora Heley de Abreu Silva Batista - Divulgação/ Arquivo pessoal

Aquele dia 5 de outubro de 2017 começou como qualquer outro para os moradores de Janaúba, em Minas Gerais. Era uma manhã comum na creche Gente Inocente e as professoras se preparavam para começar mais um dia letivo com as crianças.

Era para ser mais um dia cheio de brincadeiras, aprendizado e, inevitavelmente, algum choro. Os profissionais da creche, no entanto, foram surpreendidos por algo muito distante do que eles estavam acostumados a enfrentar: uma verdadeira tragédia

Com motivos que só foram descobertos mais tarde, durante as investigações do caso, o segurança noturno da escola fez o impensável. Munido de um galão de álcool, o homem entrou na escola e ateou fogo em si mesmo e em diversas crianças. 

Fotografia da professora Heley de Abreu Silva Batista / Crédito: Divulgação/ Arquivo pessoal

O episódio

Pouco antes do segurança entrar na instituição, criando uma cena digna de filmes de terror, a professora Heley de Abreu Silva Batista, de 43 anos, guiava seus alunos para a sala de aula. 

Foi nesse momento que, horas antes do começo de seu turno, o vigilante Damião Soares dos Santos, de 50 anos, invadiu a instituição. Com o líquido inflamatório em mãos, o segurança noturno foi até a sala do segundo período e começou o incêndio.

Damião ateou fogo em si mesmo e logo partiu para cima dos pequenos, que tinham entre quatro e cinco anos. A sala de aula foi rapidamente tomada pelas chamas, enquanto Heley e outras duas professores tentavam impedir o ataque. 

Sem pensar duas vezes, a pedagoga partiu para cima do vigilante e, segundo testemunhas, entrou em uma luta corporal com o homem. Dessa forma, antes de tentar salvar o maior número de crianças que conseguiria, Heley também teve seu corpo incendiado.

Junto de outras duas funcionárias, Jéssica Morgana e Geni Oliveira, a professora conseguiu retirar vários alunos da sala de aula, mas teve de ser levada para o hospital. Mais de 90% do seu corpo estava coberto por queimaduras irreversíveis.

Durante o incêndio, logo que a gritaria começou, diversos vizinhos da creche foram até a escola para socorrer as vítimas. Por sorte, muitas crianças foram salvas. Ao menos pequenos foram vítimas fatais do ataque. Além deles, segundo os bombeiros da região, outras crianças e adultos ficaram feridos e foram levados para o hospital às pressas. 

Heley chegou a ser levada para o Hospital Regional de Janaúba, mas, já em estado grave, não resistiu aos ferimentos. Sob cuidado dos médicos, a professora chegou a ter duas paradas cardíacas. As outras duas funcionárias também não sobreviveram.

Damião, o único responsável pelo incêndio, morreu na tarde do ataque. Ele chegou a ser socorrido, mas não resistiu, assim como a professora que tentou detê-lo. Segundo sua família, o segurança tinha problemas de saúde mental e recebia tratamento psiquiátrico.

O estado de uma das salas atingidas pelo fogo / Crédito: Divulgação/Polícia Militar

Condecorações 

Conhecida na comunidade como membro da Pastoral Familiar, Heley era um exemplo de profissional. Por isso, não foi surpresa para ninguém quando revelaram que ela deu a própria vida para salvar a das crianças que lecionava.

Formada em pedagogia, ela era especializada na inclusão de Pessoas com deficiência e, segundo colegas, tinha um bebê de apenas um ano de idade. Heley  dedicava grande parte de seu tempo a cursos para noivos e trabalhos voluntários.

Posteriormente, pelo "gesto de coragem e de heroísmo”, a professora foi condecorada com a Ordem Nacional do Mérito e com a Medalha da Inconfidência. Muito mais do que os títulos, contudo, Heley passou a fazer parte da história, como a professora que salvou a vida de 25 crianças na tragédia.