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Matérias / Rússia

Hemorragia e tiros: a vida curta e sofrida do herdeiro Alexei Romanov, da Rússia

O menino, que morreu aos 13 anos de idade na execução dos Romanov, sofria constantemente com a hemofilia

Vanessa Centamori Publicado em 28/04/2020, às 14h40

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Alexei Romanov - Wikimedia Commons
Alexei Romanov - Wikimedia Commons

Alexei Romanov teve uma vida curta e dolorosa, com um fim trágico e precoce, aos 13 anos de idade. Tudo começou com a celebração do nascimento do príncipe herdeiro do trono. Quando a mãe, a czarina Alexandra Feodorovna, finalmente deu à luz um menino, isso agradou muito o czar Nicolau II

O casal real já havia gerado quatro meninas, entre 1895 e 1901. Finalmente, a vinda de um rapazinho, em 1904, era tudo que o rei queria; em seu diário, ele não deixou de expressar alegria: “Não há palavras suficientes para agradecer ao Senhor por esse alívio que ele nos enviou nestes tempos difíceis!”, escreveu o czar

No entanto, mal sabiam os pais que muitas dificuldades estavam à caminho. Alexei sofria de uma doença congênita, chamada hemofilia. Nessa condição, o corpo tem dificuldade de coagular o sangue, então, um minúsculo hematoma podia representar um sangramento interno, podendo resultar na morte.

Herança perigosa 

Sobre a hemofilia, o livro Royal Maladies: Doenças Hereditárias nas Casas Governantes da Europa, do autor Alan R. Rushton, explica que a dama de honra da imperatriz, Anna Vyrubova, relatou que a czarina Alexandra Feodorovna se sentia mal pelo filho ter herdado por parte materna a terrível doença. 

Alexei Romanov em 1904 / Crédito: Domínio Público 

"Um de seus irmãos mais novos sofria com isso; e seu tio Leopold, filho mais novo da Rainha Vitória; enquanto que todos os três filhos de sua irmã, a prinessa Henry da Prússia, também foram afetados', afirmou Vyrubova.

Devido à hemofilia, o garoto teve que passar por diversos tratamentos. Ele gritava de dor constantemente e seus familiares tinham que lidar com a gritaria. O médico e historiador Boris Nakhapetov, no livro Medical Secrets of the House Romanov, relatou os momentos mais excruciantes para o pequeno Alexei Romanov. 

Um deles é quando o sangue penetrou nas articulações da criança. “O sangue destruiu ossos e tendões; ele não podia se agachar ou dobrar os braços ou as pernas ”, disse Nakhapetov.

Alexei e um de seus ajudantes, vestidos de marinheiro, em 1910 / Crédito: Domínio Público 

A única maneira de melhorar a situação eram massagens e exercícios. Porém, isso envolvia riscos de mais lesões e sangramentos. Então, era comum que de vez em quando Alexei não pudesse andar. Para se ter ideia da gravidade, os servos precisavam carregar o menino para eventos oficiais. 

A única saída para o jovem teriam sido os tratamentos alternativos, oferecidos pelo místico siberiano Grigory Rasputin, que teria usado hipnose e ervas. Um santo autoproclamado, o curandeiro conheceu o czar e sua esposa em 1905. "Há muitas menções que Rasputin repetidamente fez o herdeiro se sentir melhor", relata Nakhapetov. "Mas não há dados documentados fortes."

Nicolau II e Alexei, em 1916 / Crédito: Domínio Público 

Criança travessa

No mês de setembro de 1912, ocorreu uma grande festa em Bordino, Rússia. Estavam presentes membros da família real e figuras importantes da corte. Alexei e um amigo encontraram copos com vodka e experimentaram as bebidas, ficando embriagados. 

O tutor francês do pequeno czarevich, um homem chamado Pierre Gilliard, percebeu o que tinha ocorrido e contou à mãe de Alexei sobre a travessura do menino. Incrédula, a czarina foi ver por conta própria o que havia ocorrido. Deu uma bronca nas crianças, que riam alegremente, e as levou para longe dos convidados da festa. 

Os próximos dois anos envolveram celebrações pelo tricentenário da dinastia Romanov. Foram meses de festas e enquanto isso, Alexei se tornou escoteiro em uma organização norte-americana que funcionava na Rússia. O objetivo era ele adquirir dons para se tornar, no futuro, um czar. Mas isso nunca ocorreu. 

Nicolau II e Alexei Romanov em 1916 / Crédito: Domínio Público 

Execução 

Em março de 1917, levantes surgiram com o objetivo de eliminar a monarquia russa. O czar Nicolau II abdicou ao trono e, consequentemente, Alexei não era mais herdeiro. A família Romanov se exilou e ficou sob prisão domiciliar enquanto acontecia um Governo Provisório.

Os membros da família real eram cercados por guardas e ficavam confinados em seus quartos. Os bolcheviques chegaram ao poder em outubro daquele ano. O czar e a imperatriz foram movidos para Ecaterimburgo. Enquanto isso, por conta de sua saúde frágil, Alexei permaneceu com as irmãs, Olga, Tatiana, e Anastásia, em Tobolsk.

"De repente, Alexei não conseguiu mais andar", escreveu Tatiana Botkina, médica que ajudou os romanovs em Tobolsk. "Ele sofria tanto com sangramento interno ...". Mal o menino teve tempo de se recuperar, surgiu outro machucado. 

Nicolau II com Alexei e a irmã do menino / Crédito: Domínio Público 

Em maio de 1918, a família inteira voltou a ficar reunida e permaneceu presa na Casa Ipatiev, de Ecaterimburgo. À meia-noite de 16 de julho de 1918, Nicolau II, sua esposa, e os filhos foram condenados à morte pelos líderes soviéticos. Era a Revolução Russa, que acabava com o czarismo, tornando os Romanov a última dinastia.

Quando bolcheviques ordenaram que os romanovs descessem ao porão, o czar carregava seu filho em desespero. A mãe trouxe cadeiras para que pudessem se sentar, quando foi anunciada a execução. Nicolau II, a czarina e dois servos morreram a tiros. 

O pequeno Alexei, ainda sentado na cadeira, sentiu muito medo em seus momentos finais. Levou vários disparos, mas não morreu. Segundo um relato do agente bolchevique Yakov Yurovsky, os assasinos então esfaquearam a criança com baionetas, mas nada parecia funcionar. Após Yurovsky direcionar mais dois tiros na cabeça do menino, ele faleceu. Sangue jorrou. 


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