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Matérias / Personagem

Henry Molaison, o homem que fez uma cirurgia e ficou preso no passado

Conhecido como o cérebro mais estudado de todos os tempos, o paciente foi responsável por diversas conclusões na psiquiatria

Wallacy Ferrari Publicado em 18/05/2020, às 09h45

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O homem, antes da cirurgia (à esq.) e após a cirurgia (à dir.) - Divulgação
O homem, antes da cirurgia (à esq.) e após a cirurgia (à dir.) - Divulgação

Nascido em 26 de fevereiro de 1926, o americano Henry Gustav Molaison sempre externou uma personalidade bem-humorada e realizou atividades cotidianas sem maiores problemas. Um episódio na infância, no entanto, complicaria algumas de suas atividades diárias quando, aos 9 anos, sofreu um acidente de bicicleta.

Em um violento choque, Molaison teve um traumatismo craniano que deixou marcas que foram além das cicatrizes. Ao longo do resto de sua juventude, começou a sofrer com inúmeras crises epilépticas inesperadas e dadas como incuráveis por psiquiatras na época. A primeira solução apresentada seria apenas aos 27 anos, em 1953.

Com a proposta de uma cirurgia experimental, o estadunidense seria submetido a uma remoção de ambos os hipocampos. Diretamente ligados a geração de crises, o método poderia anular as crises sem alterar outras funções cognitivas. Pelo menos, esse era o planejado para a cirurgia.

Imagem ilustrativa da remoção / Crédito: Divulgação

Paciente H.M.

Após a intervenção, Henry respondeu bem sobre os estímulos sensoriais e chegou a perguntar se a cirurgia já havia ocorrido e se havia sido um sucesso. Suas funções motoras, como locomoção, reação, reflexo e equilíbrio permaneceram sem nenhuma interferência. O problema é que, rapidamente, o rapaz perguntava novamente onde estava e sobre a operação.

Com a remoção, o estadunidense desenvolveu amnésia anterógrada; se tornou incapaz de formar novas memórias, como se seu disco rígido estivesse cheio. As memórias anteriores a cirurgia foram mantidas — desde episódios durante a infância até momentos antes do procedimento médico — mas sem conseguir recordar os dias seguintes de sua vida.

Em processos repetitivos, o homem passou a esquecer os momentos anteriores do próprio dia, como o que havia comido horas antes, o local que estava ou o nome das pessoas que foram apresentadas, constantemente confuso apesar de sua racionalidade para realizar qualquer atividade. Sabendo de sua capacidade cognitiva, a dra. Brenda Milner foi escalada para aplicar as dinâmicas de desenvolvimento e estudo junto a Henry.

O cérebro mais estudado da história

Acompanhando o paciente por mais de trinta anos, Milner tomou ciência da gravidade do caso quando notou que precisaria se apresentar para o homem pelo resto da vida, como se fosse a primeira vez. Com técnicas de psiquiatria aliadas a psicanálise, a professora de neurociência aplicou dezenas de testes de memória ao homem, sempre agindo de maneira cuidadosa para o situar.

Responsável pelo primeiro estudo relatando as condições de sua memória, no Hospital Hatford, o sujeito foi conduzido nos anos seguintes ao Instituto Neurológico de Montreal e, por último, ao MIT, que, em parceria com o Hospital Geral de Massachusetts, passou a realizar seus exames de rotina, tendo cerca de 100 cientistas entrevistando o paciente H.M. ao longo de 53 anos.

Os estudos sobre Molaison puderam contribuir ativamente com a psiquiatria no que se refere a memória; foi possível concluir que as lembranças não ficam armazenadas de maneira aleatória, mas sim com as mais duradouras na camada exterior do cérebro, o córtex, sendo protegidas por um corpo celular de neurônios.

Com as memórias recentes armazenadas no campo inicial, a remoção explica uma espécie de desconexão de um cabo de armazenamento.

Henry Molaison em uma de suas últimas imagens, no documentário 'H.M' (2009) / Crédito: Divulgação

O que pôde ser feito pelo homem

Apesar do acompanhamento longevo, o progresso do homem em relação às novas memórias não apresentou uma melhora significativa. A equipe notou que algumas tarefas motoras, assim que aprendidas, se tornaram autônomas e imediatas, sem a necessidade de relacionar com a área afetada. Porém, a maior surpresa foi com sua memória inconsciente.

A dra. Milner apresentou uma figura ao longo de dias, orientando o paciente a copiá-la por um desenho. Em todas as ocasiões, Henry reafirmou que nunca havia visto a figura, porém, ao longo dos dias, já conseguia realizar o desenho sem a necessidade de observar a referência, guardando a figura na memória inconsciente.

Em 2002, o paciente aceitou um termo que permitiu a doação do seu cérebro ao MIT após o falecimento. Em 2008, morreu aos 82 anos por insuficiência respiratória, porém, seu cérebro foi removido e cortado mecanicamente em diversas lâminas finas para análises.


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