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Matérias / Personagem

Hilda Maia Valentim: Quem foi o 'furacão' da vida real

Disputada e cortejada por muitos homens na época, a história da mulher acabou ganhando destaque quando uma minissérie baseada em sua vida estreou em 1998

Paola Churchill Publicado em 22/05/2020, às 09h00

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Hilda Furacão foi uma das prostitutas mais conhecidas do país - Wikimedia Commons
Hilda Furacão foi uma das prostitutas mais conhecidas do país - Wikimedia Commons

Quando a minissérie Hilda Furacão estreou, em 1998, os telespectadores ficaram fascinados pela história baseada no livro de mesmo nome escrito por Robert Drummond. Na época, não imaginavam que a linda mulher vivida por Ana Paula Arósio realmente existiu.

"Hilda existiu. Agora de tal forma ela foi mitificada, e mistificada que ela se transformou em um boato. Um boato festivo, colorido, maravilhoso, então o livro é contado através desse boato", afirmou o criador de 'Hilda Furacão' em 1991, segundo o programa Fantástico, da Rede Globo.

Hilda Maia Valentim nasceu em 30 de dezembro de 1930, em Recife, mas ainda criança se mudou com sua família para Belo Horizonte. Seus pais tinham um grande poder aquisitivo.

No entanto, Hilda tinha uma alma livre e desde muito jovem queria desbravar os bairros boêmios da capital mineira. Foi nesse momento que descobriu uma profissão pouco convencional. Lá, iniciou seus primeiros trabalhos como garota de programa.

A verdadeira Hilda Furacão ao lado da atriz Ana Paula Arósio que a interpretou na minissérie Global/Crédito: Divulgação 

O apelido de Furacão surgiu pouco tempo depois, devido ao seu temperamento. A prostituta não levava desaforo para casa. No entanto, a história mostrada na produção conta com a famosa liberdade criativa, comum em filmes e séries baseados em histórias reais.

"Era uma moça até certo ponto comum. O Roberto glamourizou muito a figura da Hilda, naturalmente com a liberdade criativa que tem os escritores, os poetas não é?",  disse ao Fantástico José Maria Rabelo.

O verdadeiro amor

O amor nunca passou pela cabeça da jovem, se apaixonar estava fora de cogitação. Até meados de 1950, durante uma noitada no Hotel Maravilhoso, na zona boêmia de Belo Horizonte, seu coração foi tomado quando conheceu o jogador Paulo Valentim, que na época jogava no Atlético Mineiro.

Hilda e Paulo se apaixonaram. A mulher largou a prostituição e os dois decidiram oficializar a união. Com o amado, a ex-furacão se mudou para Buenos Aires para acompanhar a carreira de sucesso do marido no Boca Juniors, Valentim se tornou um ídolo no país pelo seu desempenho no time.

Foto do dia do casamento de Hilda e do jogador Paulo Valentim/Crédito: Divulgação 

A felicidade do casal só aumentou com o nascimento do filho Ulisses e Hilda queria deixar o passado pra trás e focar em sua felicidade com sua família. Mas, em 1972, Valentim após anos de jogatina e alcoolismo, levou a família à decadência, repercute o Estado de Minas.

Na riqueza e na pobreza

O casal se mudou para o México, mas não tinham mais a vida luxuosa de antes. Hilda tinha que trabalhar como faxineira e costureira para sustentar a casa. 

Paulo morreu em 1984, desolada, Hilda voltou a morar em Buenos Aires com o filho. Todavia, o que a mulher não imaginava é que mais uma tragédia assombraria a sua vida: a mãe também teve que lidar com o óbito do próprio filho.

Sozinha, Hilda foi morar em um asilo no bairro de Barracas, na capital Argentina. Ninguém sabia se ela estava viva, até que uma equipe de reportagem do Fantástico fez uma matéria ao seu respeito, em 2014.

O programa revelou que, pouco antes de viver na Instituição, se viu diante de uma trágica queda e acabou sendo internada num hospital público durante seis meses. 

“Conheci a Hilda e comecei a pesquisar e a recuperar parte de documentação e a identidade da Hilda. E chegamos a essa história fantástica da Hilda Furacão. Ou da Hilda Maia Valentim, viúva de Paulo Valentim, um grande herói do Boca Juniors”, informou Marisa Barcellos, uma assistente social que desvendou o passado da solitária mulher.

Hilda aos 84 anos em entrevista ao Fantástico, da rede Globo/Crédito: Divulgação/Rede Globo

Hilda era uma mulher fragilizada e muitas vezes, não se lembrava de seu passado boêmio, só se recordava de seu amor por Paulo Valentim, que dizia sentir saudades todos os dias. Pouco tempo depois de a reportagem ir ao ar, faleceu, aos 84 anos, de causas naturais.