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Matérias / Segunda Guerra

O dia em que Hiroíto, o imperador do Japão, declarou que não era um deus

Há exatos 31 anos, morria o monstro do Eixo, que deixou para trás uma trajetória repleta de polêmicas e controversas

Mariana Ribas e Fabio Previdelli Publicado em 07/01/2020, às 11h37

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Imperador Hirohito - Getty Images
Imperador Hirohito - Getty Images

Era 22 de setembro de 1987 quando o Imperador Hiroíto foi submetido a uma cirurgia no pâncreas. Depois de passar vários meses com problemas digestivos, os médicos finalmente descobriram que ele tinha câncer duodenal.

Passado alguns meses da intervenção cirúrgica, sua recuperação parecia boa. No entanto, cerca de um ano depois, em 19 de setembro de 1988, ele entrou em colapso e seu estado de saúde piorou gradativamente.

O Imperado Hiroíto do Japão / Crédito: Getty Images

Às 7h55 da manhã do dia 7 de janeiro de 1989, há exatos 31 anos, era anunciado oficialmente sua morte, aos 85 anos. Hiroíto deixou para trás sua esposa, seus cinco filhos sobreviventes, dez netos, um bisneto, 62 anos no Trono Crisântemo e uma história cheia de polêmicas e controversas daquele que um dia foi considerado descendente da deusa do sol, Amaterasu, mas que voltou atrás depois de uma transmissão de rádio pós Segunda Guerra Mundial.

Conheça mais sobre esse período da história do Imperador Hiroíto:

Hiroíto, imperador do Japão de 1926 até sua morte, em 1989, era  visto como uma divindade pelos japoneses. Sempre vestido com roupas imponentes e impecáveis, era considerado descendente da deusa do sol, Amaterasu.

Em 1942, durante a Segunda Guerra Mundial, o Japão tinha declarado guerra aos Estados Unidos. Como o país nunca tinha perdido uma guerra, a pressão sobre a população e sobre o imperador era grande. Muitos japoneses morreram, e outros tiveram que aceitar a derrota.

Parte da população tinha medo de o imperador ordenar que todos se suicidassem em nome da pátria. Segundo aspectos culturais, era de praxe que japoneses pátrios se matassem após serem derrotados.

O imperador nunca havia se pronunciado diretamente ao povo. Quando o fez, em 15 de agosto de 1945, em uma transmissão de rádio, precisou de um intérprete, tamanha a formalidade de sua linguagem. Em seu primeiro contato verbal com o público, Hiroítodeclarou o fim da guerra com os Estados Unidos.

Ele dizia a todos para tolerar o intolerável e disse que ao testemunhar tamanho sofrimento de seu povo, seus órgãos vitais haviam se partido — tentando, assim, reverberar sua imagem divina e uma ligação mágica com o povo.

A imagem do imperador não o sustentava mais. Após a guerra e a ocupação norte-americana do Japão, o mundo entrou em crise e líderes de vários países começaram a ser investigados, inclusive Hiroíto, que teve que mudar sua estratégia para conquistar os súditos.

Hitler se suicidou. Mussolini fugiu para a Suíça e foi morto. Enquanto isso, no Japão, o líder que causara mais estragos do que na Itália fascista foi encontrado vivo, e nem chegou a ser julgado pelos crimes que cometera. Hiroítoficou no poder até 1989, dia em que deu seu último suspiro.

A decisão de que o absolutista ficasse no poder não foi dos japoneses, e nem mesmo de sua família, que o incentivou a renunciar ao trono. Hiroítoaté tentou se responsabilizar pela guerra e os crimes que cometera, mas o marechal Douglas MacArthur, oficial norte-americano que ocupara o Japão pós-guerra, foi quem decidiu mantê-lo no poder.

O Imperado Hiroítodo Japão / Crédito: Getty Images

Alguns acreditam que MacArthur havia escutado o general Bonner Fellers dizer que "a morte do imperador seria semelhante à crucificação de Cristo", achando melhor inocentá-lo. Outros dizem que Hiroítoo convenceu, com seu jeito manipulador, de que havia sido obrigado a dar continuidade à guerra e fazer o que fez.

Já que os poderes do imperador haviam diminuído com a derrota, ele decidiu fazer outra transmissão de rádio no dia 1 de janeiro de 1946. Afirmou não ser um deus. Disse que sua família não tinha ligação divina e que seu sangue era exatamente como o dos outros.


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