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Matérias / Brasil

Neste dia, em 1992, Collor era destituído; entenda o que causou sua queda

Há exatos 31 anos, em 29 de dezembro de 1992, o país que se mobilizou pela eleição de um candidato o retirou do poder; veja a queda de Collor em tópicos!

Maria Fernanda Ziegler Publicado em 02/10/2020, às 00h00 - Atualizado em 29/12/2023, às 09h40

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Collor em imagem oficial - Ubirajara Dettimar/Agência Brasil
Collor em imagem oficial - Ubirajara Dettimar/Agência Brasil

Após quase três décadas, finalmente um presidente civil seria escolhido pelo povo. Mas, em apenas três anos, o que parecia inacreditável aconteceu: o país que se mobilizou pela eleição de um candidato retirou-o do comando, sem qualquer alteração nas regras do jogo democrático.

Em 19 de outubro de 1991, o então presidente da Petrobras, Luís Otávio Motta Veiga, pediu demissão por ter sido pressionado a fazer uma operação danosa à empresa no valor de 60 milhões de dólares — e acusou o empresário Paulo César Farias, o PC, ex-tesoureiro da campanha de Fernando Collor de Mello e seu amigo íntimo.

Em 10 de maio de 1992, a revista Veja publicou um dossiê elaborado por Pedro Collor de Mello, irmão do presidente, sobre o chamado esquema PC de corrupção. Nele, afirmava que PC era um testa-de-ferro e que o beneficiário da corrupção era o próprio presidente.

No dia 13 de agosto, quinta-feira, o presidente resolveu contra-atacar. Em discurso, criticou as manifestações, de uma minoria, e conclamou a população que saísse às ruas, no domingo, vestindo verde e amarelo. No auge de sua impopularidade. Para desafiá-lo, manifestantes vestiram-se de preto e ocuparam quase todas as capitais. 

A Câmara instaurou uma Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar as denúncias contra PC em 26 de maio de 1992. A ligação do esquema PC com a presidência foi confirmada por Francisco Eriberto Freire França, ex-motorista de Collor. O processo de cassação foi aberto em 29 de setembro de 1992 e Collor foi afastado.

Horas antes de ser anunciado o impeachment, em 29 de dezembro de 1992, data que completa 31 anos nesta sexta-feira, ele renunciou — uma manobra para voltar ao cargo ou, pelo menos, para não ser julgado pela Justiça Comum. Mesmo assim, foi julgado por crime de responsabilidade e perdeu os direitos políticos por oito anos. Veja em tópicos como ocorreu a queda de Collor. 

Mau começo (15/3/1990)

Candidato do Partido da Renovação Nacional (PRN), Fernando Collor de Mello é eleito no segundo turno. A campanha destacava a juventude do caçador de marajás

Manchete que anunciava o Plano Collor/ Crédito: Wikimedia Commons

O presidente tinha como meta eliminar a inflação de 80% ao mês. Reduziu ministérios, demitiu servidores públicos e anunciou o Plano Collor: o bloqueio, por 18 meses, das contas correntes e poupanças que excedessem 50 mil cruzeiros.


Em baixa (1990)

No início, o plano foi bem-sucedido. Em dezembro, a inflação atingiu índice próximo dos 20%, mas a queda das vendas no comércio gerou desemprego. A aceitação do governo despencou 50% em relação à do período eleitoral. As medidas também não agradaram os parlamentares.

Em 1991, a inflação acumulada passava de 400%. Enquanto isso, denúncias de compras superfaturadas na Liga Brasileira de Assistência (LBA), entidade presidida pela primeira dama Rosane Collor, estampavam os jornais.


Barraco de irmãos (27/5/1992)

Em entrevista à revista Veja, Pedro Collor, irmão mais novo do presidente, acusa o tesoureiro da campanha, PC Farias, de usar a amizade com Collor para enriquecer. Ele entregou um dossiê e apontou operações ilegais que envolviam o irmão e o tesoureiro.

+ Pedro x Fernando: A briga dos irmãos Collor que culminaria no impeachment

Ainda em 1992, a Câmara dos Deputados instala uma CPI para apurar as denúncias de Pedro Collor. A Comissão apurou a existência de ligações das atividades ilegais do empresário com o governo federal. Organizações da sociedade civil e partidos da oposição lançaram o Manifesto Democrático contra a Impunidade.


Nas ruas (16/8/1992)

Milhares de estudantes usam preto e fazem passeatas em dez capitais. Eles são chamados de caras-pintadas e a sociedade passa a exigir o impeachment de Collor. 

A CPI conclui que o presidente sabia da corrupção e do esquema de lavagem de dinheiro de PC. A Câmara aprovou o impeachment por 441 votos a 38. Collor, condenado por crime de responsabilidade, é afastado e, em 2 de outubro, o vice Itamar Franco assume interinamente a Presidência.


No senado (29/12/1992)

Collor renuncia minutos antes de ser condenado pelo Senado. Mesmo assim, seus direitos políticos são suspensos por oito anos. Horas depois, ele reúne a imprensa para justificar que a renúncia foi em defesa das instituições democráticas, que estariam sendo ameaçadas pelas elites contrárias à modernização do país.

Fernando Collor de Mello após renunciar / Crédito: Wikimedia Commons

Por falta de provas, Fernando Collor de Mello e PCFarias são inocentados da acusação de corrupção passiva. Collor continuou inelegível e respondeu a outras 35 ações judiciais. Em agosto de 1995, mudou-se para Miami e, em 2006, voltou ao cenário político nacional ao ser eleito senador por Alagoas.