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Matérias / Crime

Em fuga por duas décadas: a intrigante história da Viúva Negra

A criminosa permaneceu em fuga por duas décadas — um recorde, segundo a Polícia Civil de São Paulo

Vanessa Centamori Publicado em 25/01/2021, às 10h00

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Imagem ilustrativa - Imagem de Andreas Lischka por Pixabay
Imagem ilustrativa - Imagem de Andreas Lischka por Pixabay

Por quase duas décadas, o investigador brasileiro Adinei Brochi passou grande parte do tempo focado em uma única missão: capturar uma criminosa foragida, conhecida como Viúva Negra. Era Lúcia de Fátima Dutra Weisz, uma senhora de 41 anos, acusada de planejar o assassinato do próprio marido. 

O crime ocorreu em 1995, em Americana, no interior paulista, na própria residência onde Lúcia costumava viver antes de se separar do cônjuge — o diretor de banco Gravil Weisz, de 39 anos. Ele foi executado com quatro tiros, a sangue frio.

O assassinato teria sido planejado minuciosamente e teve a colaboração de três cúmplices, que ajudaram a simular um roubo: a empregada de Lúcia, Neusa Cardoso, de 46 anos; a filha da faxineira, Valdelaine, 23; e o namorado da futura viúva, Sílvio Cesar da Silva, também de 23 anos. 

Lúcia disse ter pago aos ajudantes um total de US$ 2 mil dólares, e pagaria mais US$ 17 mil quando o assassinato fosse executado. Eles aproveitariam o fato de que Gravil trabalhava em São Paulo e sempre ia até Americana nos fins de semana para ver o filho, que tinha na época 11 anos de idade. 

Anos após o crime / Crédito: Divulgação/Polícia Civil

Plano macabro

O plano era o seguinte: após deixar seu carro na garagem, Lúcia entraria pela porta da frente e uma encenação aconteceria. Quando o seu ex-marido chegasse na casa em Americana, a empregada Valdeilaine estaria atrás da porta. Sílvio, por sua vez, esperaria no banheiro, onde fingiria encostar uma arma nas costas de Lúcia e do filho, obrigando ambos a irem até o quarto. 

Mas o plano acabou não acontecendo conforme planejado. Lúcia acabou entrando na residência, demorou cerca de um minuto e meio, e depois voltou. Em seguida, levou o filho até o quarto dizendo que havia assaltantes no local. 

A empregada notou que algo estava errado no estratagema. Então, ela tentou sair pela porta da sala, que estava trancada. Ao tentar escapar dali pela cozinha, deu de cara com o executivo e acabou apertando o gatilho. Acertou em cheio três dos quatro tiros disparados com um revólver calibre 38.

Enquanto isso, Sílvio, que estava no banheiro, desistiu de simular o assalto. O barulho dos tiros fizeram o cúmplice sair da casa junto da empregada. Os dois fugiram com o carro de Lúcia, que foi abandonado em uma zona periférica. 

A viúva ligou para a delegacia onde trabalhava o investigador Adinei Brochi, que depois seria o responsável por prendê-la. Na ocasião, ela pediu socorro, dizendo que houve um assalto em sua casa, seguido da morte do ex-marido.  

O investigador Adinei Brochi / Crédito: A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo ( SSP)

Mas a história não colou. “Os fatos não condiziam com os relatos e todos foram presos”, contou o investigador à imprensa na época. Brochi acreditava que o motivo do assassinato foi por dinheiro.

Lúcia e Gravil viviam separados, mas o divórcio não tinha saído do papel. A suspeita é que ela teria recebido, por procuração, uma pensão pela morte do marido. Com a viúva incriminada, os imóveis e as propriedades rurais em nome de Gravil foram a leilão após o homicídio.

Lúcia foi indiciada como mandante do crime. Sílvio, seu namorado, foi detido no local de trabalho dele, enquanto que Valdelaine justificou o incidente dizendo que matou o ex-patrão em solidariedade à Lúcia, de quem sentia pena. 

O divórcio de Lúcia e a questão da guarda de seu filho teriam tocado o coração de Valdelaine. "Não foi pelo dinheiro [ o motivo do crime]. Lúcia ajudava minha filha, que fica com a minha mãe, e me contou que o marido [Gravil] queria levar seu filho”, afirmou a empregada. “ Eu disse, brincando, que mataria se alguém dissesse que levaria minha filha". 

Valdelaine e sua filha foram libertadas em 2004. Sílvio, por sua vez, foi solto em 2006. Lúcia passou um tempo em uma cadeia em Sumaré, São Paulo, onde aguardava julgamento. Lá ela conheceu e se apaixonou por José Paulo Gordo, indiciado por estelionato. 

Só que um dia ela conseguiu fugir do presídio junto ao bandido estelionatário — e a partir daí se iniciou uma missão árdua de recapturar a foragida. Até que no dia 5 de outubro de 2017, quase que 20 anos depois do homicídio, Lúcia foi detida dentro de uma agência bancária em Ponta Grossa, no Paraná. 

A Viúva Negra quando foi presa em agência bancária / Crédito: Divulgação / Youtube 

O investigador Adinei Brochi foi quem a reconheceu. "O semblante dela desabou e ela me disse: ‘O senhor está um pouco diferente daquele policial que me atormenta em todos os meus pesadelos”, relatou ele.

Segundo Broghi, prender uma sexagenária não foi algo que o fez feliz, mas, de um jeito ou de outro, ela tinha uma dúvida com a Justiça, a qual precisava pagar. Por muito tempo, a foragida viúva negra levou uma vida reclusa, que nada tinha a ver com o seu passado de luxo. 

Ela alugava casas simplórias, não tinha conta bancária, telefone fixo ou contas em seu nome. Usava o nome de Fátima, mas não tinha documentos falsos. Morou por uma época em Ponta Grossa com o filho, que se tornou engenheiro civil e foi criado principalmente pela irmã de Lúcia.

Quando foi presa, a viúva vivia só, na companhia de animais de estimação. “Monitoramos por anos todos os familiares dela, mas não conseguimos descobrir nada. Ela sempre foi muito cautelosa e conseguiu viver no anonimato todo esse período”, relembrou Brochi, ao site da Revista Isto é.


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