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Matérias / Personagem

Silenciamento, depressão e morte dos próprios filhos: a trágica vida de Isabel de Baviera, a rainha da Áustria

Diante de uma trajetória solitária, a nobre de cabeça progressista sofreu nas mãos da Corte de Viena

André Nogueira Publicado em 25/01/2020, às 09h00

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Isabel da Baviera em pintura oficial - Getty Images
Isabel da Baviera em pintura oficial - Getty Images

Com uma vida de poder e angústia, Isabel da Baviera foi uma notória figura do século 19. Famosa na sociedade europeia por sua beleza extravagante, teve coragem de desafiar o tradicionalismo da Corte de Viena.

Sisi, como era conhecida (ou ainda Sissi, na versão moderna), vivia preocupada com a própria beleza e fazia uma série de exercícios e atividades desgastantes para manter o corpo impecável.

Por decisão da família, seu destino já estava traçado desde cedo: queriam que a garota se casasse com um membro da elite, pensando nos governantes da Baviera, de onde veio sua mãe.

Então, foi organizado um encontro: as filhas de Luísa da Baviera, Sisi e Helene, deveriam se encontrar o filho de sua tia Sophie, Franz Joseph, para serem cortejadas. O objetivo era que Franz se casasse com Helene, no entanto, o nobre de 23 anos se interessou por Isabel, de 15. Oito meses depois, os primos estavam casados.

Foto de sua coroação, uma das poucas que existem / Crédito: Wikimedia Commons

A sogra de Isabel, princesa Sophie, tomou para si a missão de criar os filhos de Sisi. Ela era conhecida por ser dominadora e manipuladora, supervisionando a família do filho constantemente, chegando a impedir que Sisi tivesse contato com as suas crianças. Sua primeira, inclusive, foi batizada com o nome da avó, sem que a mãe fosse consultada.

Em 1857, durante uma viagem à Hungria, a pequena Sophie, de dois anos, morreu de uma doença (provavelmente tifo). O trágico episódio foi usado, então, pela avó para endurecer ainda mais a relação com a nora. A segunda filha dela, Gisela, foi então afastada da mãe, passando a viver uma vida marcada pela extrema disciplina, enquanto Sisi era duramente censurada.

Como desejavam um herdeiro homem para o trono, Isabel e Franz tornaram-se obcecados nesse objetivo. Depois de um tempo, nasceu, finalmente, o primeiro homem: Rudolf.

Rudolf cresceu como um progressista, e não gostava muito do estilo de vida das cortes (assim como a mãe). Por conta das pressões familiares, ele embarcou de cabeça no desenvolvimento pessoal para ser rei, mas rapidamente se cansou daquela vida.  

Em 1883, o herdeiro casou-se com uma nobre belga. O matrimônio resultou no nascimento de uma filha. Entretanto, o casamento por obrigação deixava-o insatisfeito, por odiar o estilo de vida nobiliárquico da Áustria. Chegou a tentar anular seu casamento, mas foi impedido.

Sisi com o irmão favorito, Karl Theodor / Crédito: Wikimedia Commons

Como consequência, Rudolf passou a viver na base do adultério e álcool. Não durou muito: foi encontrado morto, junto a uma filha adotiva, em 30 de janeiro de 1889, num pavilhão de caça em Mayerling. É consenso que Rudolf se matou, mas o motivo principal é ainda discutido: se por pressão do pai em relação ao casamento, depressão ou desespero generalizado.

Mesmo sua admiradora, a Família Real tinha uma relação complicada com Sisi. Por ser contra a submissão e o decoro exigido pelos nobres austríacos. Sisi se irritava no meio da corte, chegando a ter um colapso logo após o nascimento de Rudolf. Por conta dessa condição, seus médicos a recomendaram que fosse para um lugar de clima tropical. Então, ela se mudou para Madeira, território português no Atlântico.

Depois de seis meses na ilha, Sisi reparou como era bom viver longe de Viena, passando a viajar e ignorar as responsabilidades da monarquia austríaca. Passou a prestar atenção no mundo fora das fronteiras, chegando a focar seus esforços políticos na situação da Hungria.

Rudolf / Crédito: Wikimedia Commons

Doença venérea

Isabel passou os seus dias finais viajando pela Europa, e se afastou da vida política. Enquanto isso, seu marido Franz Josef passou a traí-la com várias mulheres. Hoje em dia, estudiosos da Áustria oitocentista acreditam que Franz teria transmitido, em um encontro com a esposa, alguma doença venérea a ela, o que explicaria o aumento das viagens, o maior afastamento da corte e a recusa em ter mais filhos por parte de Sisi.

Mesmo assim, na década de 1860, Isabel criou um acordo com o marido, concedendo-lhe uma outra filha em troca de uma garantia de que seria entronada Rainha da Hungria, o que aconteceu em 1867. No país, que possuía uma relação de dupla monarquia com a Áustria, Isabel era muito bem quista.

BELEZA INESTIMÁVEL

Isabel era fissurada em sua aparência, trabalhando bastante para se manter bela. Mesmo que ela fosse veemente contra fotografias suas, sua vida foi dedicada à estética. Possuía vários equipamentos de ginástica: não aceitava qualquer aumento de peso e valorizava seu corpo esbelto, assim como seus cabelos longos (dos quais cuidava por três horas, diariamente). Não usava maquiagem, mas vários óleos no rosto.

Um de seus hábitos de embelezamento consistia em dormir com um pedaço de carne crua e morangos esmagados em seu rosto. Também embebeu seus pijamas no vinagre, pretendendo conservar sua cintura fina.

Pintura de Isabel cavalgando, atividade que amava / Crédito: Wikimedia Commons

Assassinato

Em 1898, durante uma de suas viagens, Sisi planejou um amigável passeio de barco que sairia de Genebra e a deixaria em Montreux. Com a embarcação posicionada num porto, ela saiu de casa para uma caminhada até o local de onde partiria.

Entretanto, um militante anarquista italiano chamado Luigi Lucheni havia passado os dias anteriores observando a sua rotina, e sabia o hotel onde estava hospedada. Após a saída da Rainha da Áustria, ele se aproximou e fingiu tropeçar para colocar seu corpo em frente ao dela. Apoiou-se no braço de Isabel e a esfaqueou com uma faca improvisada feita de madeira e pasta industrial. O corte atingiu o coração e o pulmão.

Porém, no momento, Isabel não sentiu dores: o espartilho impediu o impacto do objeto cortante. Diante disso, continuou em direção ao navio, que partiu com ela a bordo. Todavia, depois de alguns minutos, os efeitos da facada começaram a aparecer, e a rainha morreu de imediato. Lucheni foi preso, mas se enforcou na cadeia.


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