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Matérias / Personagem

Oscar Wilde, o poeta irlandês preso por ser bissexual

Há exatos 165 anos, nascia Wilde, que seria julgado por sodomia após uma perseguição doentia

André Nogueira Publicado em 16/10/2019, às 11h15

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Wikimedia Commons
Wikimedia Commons

55 mil palavras. Esse foi o número de caracteres presentes na carta de amor visceral que Oscar Wilde escreveu para seu companheiro, Lord Alfred Douglas, numa cela de prisão em Berkshire, Inglaterra. Num Reino Unido marcado pela perseguição aos homossexuais, Wilde teve sua vida atravessada pela infelicidade de ser considerado indecente pela prática da tal da sodomia.

“Negar as próprias experiências é colocar uma mentira nos lábios da própria vida”, ele defendia. E assim agiu: em 1895, o dramaturgo foi sentenciado a dois anos de trabalhos forçados num campo punitivo britânico, por sua sexualidade. Poderia ter fugido para a França e se safado da sentença, mas a prática da defesa da própria experiência era essencial para Wilde, que gostava de meninos e meninas, mas tinha afetos especiais por um homem.

Sua condenação ocorreu em 25 de maio daquele ano, quando o tribunal de Old Bailey, em Londres, declarou o poeta de Dublin sodomita e de “indecência grosseira”. Atingido pela Emenda Labouchere do Direito Penal, que proibia a intimidade entre os homens, Wilde foi considerado intraventor.

Wilde e Douglas, escritores da época / Crédito: Domínio Público

No caso, Wilde possuía relações íntimas de afeto com seu namorado (muitas vezes tratado como amigo) Alfred Douglas, sem a aprovação do poderoso pai, o nono marquês de Queensberry.

Ter o marquês como sogro não foi simples: não apoiando o relacionamento entre o filho e o poeta, A. Sholto Douglas começou a difamar o artista e manchar seu nome para impedir o relacionamento. Chegou a ameaçar espancar donos de estabelecimentos em que o casal tivesse encontros.

Oscar declarou que sua “vida inteira parece arruinada por esse homem", por conta dessas difamações. Então decidiu processar Queensberry. Wilde conversou com um advogado e pediu um mandato, que levou à prisão do Marquês. Depois, com o julgamento, Wilde foi instruído a abrir mão das queixas, que o botavam numa situação perigosa. Mas, por orgulho, continuou.

Durante a defesa de Queensberry, foi apontado que seus atos eram justificados pela preocupação de um pai com a companhia do filho, o que abriu espaço para o que foi fatal: a denúncia pública do Marquês sobre a sodomia de Wilde. Argumentou que o escritor teria contratado 12 meninos em dois anos para a prática criminosa. Wilde foi obrigado a retirar as acusações.

John Sholto Douglas, nono Marquês de Queensburry / Crédito: Wikimedia Commons

Após a denúncia feita no tribunal, seria expedido um mandato de prisão de Wilde. O escritor teve, entre o julgamento e a expedição, uma hora e meia em que poderia ter entrado num trem para a França, mas negou-se. Ele sentia, segundo alegou, um "amor que não se atreve a dizer seu nome".

Então, foi encaminhado para a severa e violenta unidade punitiva de Reading Gaol. Depois que saiu, dois anos após o caso, escreveu seu último texto A Balada do Cárcere de Reading, morrendo poucos anos depois: “Não sei se as leis são justas ou se as leis são falhas… Isso não cabe a mim. Nós só sabemos, na prisão, que o muro é forte; como sabemos, sim, que cada dia é um ano, um ano cujos dias parecem não ter fim”.


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