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Matérias / Nagasaki

Nagasaki: Memorial da Paz recorda 78º aniversário do lançamento da Fat Man

No dia 9 de agosto de 1945, há exatos 78 anos, cidade japonesa era atingida pelo lançamento da segunda bomba atômica da história

Redação Publicado em 09/08/2020, às 00h00 - Atualizado às 10h03

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O efeito da bomba em Nagasaki - George R. Caron via Wikimedia Commons / Domínio Público
O efeito da bomba em Nagasaki - George R. Caron via Wikimedia Commons / Domínio Público

Há exatos 78 anos, em 9 de agosto de 1945, a cidade de Nagasaki era atingida pelo lançamento da segunda bomba nuclear lançada pelos Estados Unidos apenas três dias depois do bombardeio de Hiroshima.

O número oficial de mortes pelos dois episódios é incerto até hoje. Segundo repercute a BBC, estima-se que cerca de 140 mil — de uma população de 350 mil — morreram com a explosão em Hiroshima; já as vítimas em Nagasaki ultrapassam os 74 mil.

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No 78º aniversário do bombardeio, a cidade de Nagasaki promoveu uma homenagem às vítimas em evento realizado no Memorial da Paz. Em mensagem, António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas, enfatizou que a humanidade está diante de uma corrida armamentista.

Guterres ainda pediu para que os países se comprometam novamente com a eliminação de armas nucleares. "78 anos atrás, armas atômicas foram usadas em Nagasaki. Nunca mais devemos permitir que tal devastação ocorra. A única maneira de eliminar o risco nuclear é eliminar as armas nucleares".

Lamentamos os mortos, cuja memória nunca desaparecerá. Nós nos lembramos da terrível destruição causada nesta cidade e em Hiroshima. Honramos a força e resiliência implacáveis ​​do povo de Nagasaki para se reconstruir".

Nagasaki e a Fat Man

Três dias depois da complexa devastação de Hiroshima, a bomba nuclear Fat Man foi lançada em direção a Nagasaki, às 11h02 de 9 de agosto de 1945. O projétil, carregado com 6,4 quilos de plutônio-239, explodiu a 469 metros do chão.

As cenas vistas em seguida compunham uma narrativa de horror puro: a cidade japonesa sumiu do mapa. A detonação provocou um calor de 3.900 graus Celsius e ventos de 1.005 km/h. Cerca de 80 mil pessoas morreram imediatamente.

Na história das guerras, nunca foram usadas bombas tão potentes quanto as lançadas em agosto de 1945 sobre o Japão. Às 8h15 do dia 6 de agosto, o bombardeiro B-29 americano Enola Gay lançou sobre a cidade de Hiroshima, no sul do Japão, a primeira bomba atômica da história, detonada por uma reação em cadeia de urânio-235. 

Em poucos segundos, a Little Boy, como os americanos chamavam a carga explosiva, formou um cogumelo de fumaça de 18 quilômetros de altura e matou 100 mil pessoas. Pássaros queimaram em pleno voo; cadáveres transformados em cinzas continuaram de pé; cérebros, olhos e intestinos explodiram com o calor.

Rastros da bomba / Crédito: Cpl. Lynn P. Walker, Jr. (Marine Corps) via Wikimedia Commons / Domínio Público 

Com poder equivalente a mais de 15 mil toneladas de explosivos, a bomba ainda mataria mais 200 mil japoneses nos cinco anos seguintes de doenças provocadas pela radiação e complicações decorrentes dos ferimentos.

Três dias depois, veio a segunda bomba, em Nagasaki. O golpe de misericórdia arrasou a cidade: dos 263 mil habitantes, cerca de 74 mil morreram. O cogumelo de fumaça era visível a 400 quilômetros de distância — como se uma bomba lançada sobre o Rio de Janeiro fosse vista de São Paulo.

Em Hiroshima, três dias antes, o responsável por fotografar a destruição havia sido o sargento americano Bob Caron. No caso de Nagasaki, não se sabe quem fez o registro. Sabe-se, no entanto, que seu autor era um dos militares presentes nos bombardeiros envolvidos na missão.

Réplica da bomba conhecida como Fat Man lançada em Nagasaki / Crédito: .S. Department of Defense via Wikimedia Commons / Domínio Público 

Foi desse ângulo privilegiado que o autor clicou a nuvem de 18 quilômetros de altura. Depois desse ataque, nenhuma bomba atômica voltou a ser usada em guerras. Mas a sombra do cogumelo de Nagasaki ainda paira sobre o planeta.

Mas, por que, depois do sucesso da missão em Hiroshima, os norte-americanos ainda lançaram outra bomba em Nagasaki?

"Os dois ataques eram desnecessários, mas os Estados Unidos gastaram cerca de 2 bilhões de dólares nas bombas, o maior investimento feito num artefato de guerra. Queriam mostrar aos soviéticos que tinham poder e que estavam prontos para usá-lo", diz o historiador Martin Sherwin, autor do livro 'A World Destroyed: Hiroshima and its Legacies' (ou 'Um Mundo Destruído: Hiroshima e seu Legado', em português).

A bomba também serviu para evitar a morte de milhões de pessoas, caso a guerra continuasse no solo", afirma o historiador americano Gerhard Weinberg. Ironicamente, a bomba que matou tantas pessoas serviu também como arma de ameaça para evitar outros conflitos e outras tantas mortes.