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Matérias / Brasil

Os planos da corte portuguesa para a viagem ao Brasil

A viagem real ao Brasil foi muito bem planejada, com direito a proteção da Inglaterra e tudo

Sara Duarte Publicado em 17/01/2019, às 07h00

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Conheça os planos da corte portuguesa para a viagem ao Brasil  - Getty Images
Conheça os planos da corte portuguesa para a viagem ao Brasil - Getty Images

Se você está achando que a família real portuguesa veio para o brasil as pressas esta muito enganado. Os preparativos para a viagem ao Rio de Janeiro começaram já em agosto de 1807, após Napoleão exigir que Portugal rompesse laços com a Inglaterra.

Começou aí um jogo de dom João: enquanto tentava chegar a um acordo com a França, dizia aos ingleses que ficaria neutro no conflito entre os países. Mas, na surdina, mandava empacotar toda a riqueza da corte. Assim, durante quase quatro meses, camarotes foram sendo construídos em navios atracados em Lisboa, para onde eram transportados água e mantimentos.

A ordem para zarpar veio em 29 de novembro. Segundo o historiador Jurandir Malerba, professor da Universidade Estadual Paulista e autor de A Corte no Exílio, quando as tropas francesas cercaram Lisboa, o embarque teve de ser feito em algumas horas. O historiador inglês Kenneth Light, que estudou os diários de bordo da época, diz que cerca de 11500 pessoas viajaram. Os franceses chegaram a Lisboa às 4h da manhã do dia 30 – e a corte já estava a caminho do Rio, aonde chegou em 17 de janeiro. Dom João e a família, após ficarem presos em uma área sem vento, aportaram no dia 22 – e em Salvador. Ao Rio, só chegaram em 7 de março de 1808.

Correria no Rio

A nobreza preparou o embarque durante 4 dias, e assim que embarcaram a corte encheu nove naus-de-linha – navios de guerra de 2 mil toneladas e até 80 canhões. A “Príncipe Real” levou dom João, sua mãe, dona Maria I, os infantes Pedro e Miguel e mais 1050 pessoas. Navios mercantes, escunas e charruas também foram usadas.

Durante a viagem, foram protegidos pela Inglaterra até a Ilha da Madeira – até onde Napoleão poderia chegar para persegui-los. A Inglaterra deslocou nove naus  já que a França não tinha grandes navios. De lá, cinco naus voltaram para bloquear o rio Tejo contra os franceses e as outras seguiram na escolta.

Ninguém sabia quando as tropas francesas chegariam, então o clima era de tensão e muito medo. Até porque os pobres nobres levaram tudo que podiam: documentos, prataria, mobília, livros, jóias. Nem um pedaço de cristal que decorava o Gabinete de História Natural de Lisboa foi deixado para trás. Além do mais na bagagem da corte veio uma biblioteca inteira, além de um prelo e tipos para uma prensa. Uma fragata trouxe 19 carruagens e calcula-se ainda que a corte tenha trazido 80 milhões de cruzados em ouro e diamantes – metade do capital circulante no reino. Imagina se os franceses tomassem tudo isso? Seria um caos.

O engraçado é que das 11.500 pessoas que formavam a tripulação, 7 mil eram trabalhadores e os outros 4500 eram passageiros. Como a nau não tinha motor, eram precisos pelo menos 600 homens para fazê-la navegar. Vieram marinheiros, carpinteiros, fuzileiros e cozinheiros, entre outros.

Quem embarcou

Alguns dos principais personagens que vieram morar no Brasil

Dom João VI (1767-1826)

Retrato por Jean-Baptiste Debret Domínio Público

Filho de dona Maria I e de dom Pedro III, o segundo na linha sucessória ocupou o trono porque o primogênito, dom José, morreu. Foi coroado rei no Brasil, em 1818. Por ter fugido, divide opiniões. Para uns, foi um estadista. Para outros, um covarde.

Dona Maria I, a Louca (1734-1816)

Domínio Público

Herdou o trono porque seu pai, dom José I, não teve filhos homens. Em 1760, casou-se com o tio, dom Pedro de Bragança. Dizem que perdeu o juízo ao ficar viúva e costumava ver assombrações. Declarada insana em 1792, foi substituída pelo filho, dom João.

Carlota Joaquina (1775-1830)

Domínio Público

Nascida na Espanha, aos 10 anos casou-se com dom João e teve nove filhos. Em 1805, tramou para matar o marido, que foi viver em outro palácio. No Rio, também viveram separados. De volta a Portugal, em 1821, estimulou o filho dom Miguel a dar o golpe.

Dom Pedro I (1798-1834)

Domínio Público

Deixou Portugal com 9 anos. Em 1821, virou príncipe regente no Brasil. Menos de um ano depois, as cortes de Lisboa tentaram destituí-lo e ele proclamou a independência. Em 1826, voltou a Portugal para tentar reaver o trono usurpado pelo irmão.

Dom Miguel (1802-1866)

Domínio Público

Terceiro filho de dom João, viveu no Rio dos 5 aos 18 anos. Em Lisboa, tornou-se comandante do Exército e organizou uma insurreição. Virou regente em 1826 e rei de 1828 a 1834. A disputa pelo trono virou uma guerra civil e dom Miguel perdeu.

Sir Graham Moore (1764-1843)

Domínio Público

 Os britânicos ofereceram proteção a dom João para não se aliar a Napoleão. A chegada da família real a salvo aqui foi garantida pela escolta do capitão Graham Moore, que liderou quatro naus britânicas – Marlborough, Monarch, Bedford e London.