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Matérias / Personagem

Carlos Caszely: amado ídolo chileno e opositor de Augusto Pinochet

O atacante era sucesso na Europa e em seu país natal, e divergiu do regime militar com uma ação poderosa, corajosa e marcante

Caio Tortamano Publicado em 21/03/2020, às 06h00

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O atacante Carlos Caszley driblando os adversários - Divulgação
O atacante Carlos Caszley driblando os adversários - Divulgação

Hoje em dia, sendo o maior jogador do Chile em atividade no país, é de se esperar que uma proposta da Europa venha a sua porta. Porém, na década de 70, transações do tipo não eram tão comuns, e em especial na Espanha — que havia vetado a compra de estrangeiros em 1962, e só retornou em 1973.

Portanto, Carlos Caszely, atacante do Colo Colo, ao ser comprado pela equipe do Levante gerou grande comoção para os espanhóis. Do lado chileno, coisas um pouco mais sérias aconteciam no país. Em 11 de setembro de 1973, o general Augusto Pinochet tomava o governo de Salvador Allende, a quem Carlos tinha grande admiração.

Apesar do momento tenso que seu país natal vivia, a novidade do tomado governo ainda não tinha afetado diretamente o atleta. Recebido como herói no Levante, fez quatro gols na sua estreia e causou histeria na torcida Granote (apelido dos torcedores do time espanhol).

1974 era ano de Copa do Mundo, e Caszely era a grande aposta da seleção chilena depois de sua boa temporada pela equipe da Espanha, e voltou para seu país para encontrar com a delegação do Chile.

Caszely (esq.) cumprimentando Salvador Allende / Crédito: Divulgação

Desconfiando de que sua mãe não estava bem na situação atual do país, uma vez que era alinhada a pensamentos de esquerda, ele a encontrou em uma situação deplorável. Ela havia sido agredida e estava visivelmente abalada, Carlos sabia que sua mãe havia sido torturada.

Pouco antes da ida da La Roja para a Alemanha Ocidental (sede da Copa do Mundo daquele ano) Pinochet resolveu dar uma festa de despedidas para desejar sorte aos atletas. Ao cumprimentar os jogadores, um por um, o ditador só encontra problemas quando chegou na estrela do time, Caszely recuou sua mão e deixou o militar sem graça.

O episódio foi relatado por um jornalista que acompanhava o evento, que ainda afirmou que Pinochet disfarçou e passou batido pelo atleta. Esse ato marcaria para sempre a reputação do atleta, que viria a ser constantemente atacado pelos órgãos governamentais — obviamente — alinhados ao governo militar.

O Chile foi eliminado ainda na primeira fase da competição, e Caszely entrou para a história como o primeiro jogador a ser expulso de uma partida da competição (o sistema de cartões só havia sido implementado na edição anterior, em 1970). Depois da competição, voltou para a Espanha e alcançou a impressionante marca de 26 gols no ano, se tornando o maior artilheiro do país.

Com isso, foi negociado com o Espanyol (o outro, e menor, time da Catalunha) e vendido pelo astronômico valor de 25 milhões de euros. Seu começo foi conturbado, com seu processo de naturalização espanhola atrasando e sendo impossibilitado de jogar por já haverem dois estrangeiros no plantel.

Em Barcelona, a história de que ele teria debochado do cumprimento de Pinochet começou a fazer com que ele se tornasse muito amado pela torcida. Como se não bastasse, ele levou o Espanyol para a Copa da UEFA, a maior competição continental do futebol, e sua contratação foi especulada pelo Barça.

O negócio não foi pra frente quando Caszely descobriu que seria para o maior rival do Espanyol, motivo que o fez recusar a oferta imediatamente. Depois de três anos no time, seu tempo tinha chegado, o então técnico da equipe, Heriberto Herrera, não era fã do estilo ofensivo do atacante, e o dava poucas oportunidades de jogo.

Já não vendo muito mais futuro no país, voltou para o Chile deixando mais de 60 gols e histórias na Europa. Se aposentou dos gramados em uma cerimônia no Estádio Nacional de Chile repleta de fãs.

Após a cerimônia, apareceu na televisão aberta do país ao lado de sua mãe, para que ela contasse dos horrores que viveu enquanto era torturada pelo regime de Pinochet depois de ter sido sequestrada. O ato de coragem foi um grande incentivo para que a população votasse no plebiscito que viria por tirar o poder das mãos dos militares, em 1988.


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