Busca
Facebook Aventuras na HistóriaTwitter Aventuras na HistóriaInstagram Aventuras na HistóriaYoutube Aventuras na HistóriaTiktok Aventuras na HistóriaSpotify Aventuras na História
Matérias / Europa

Sem amor, nem calor: o casamento arranjado de Dom João VI e Carlota Joaquina

A união foi um pedido de Portugal para melhorar a relação entre os reinos. No entanto, os pombinhos se detestavam

André Nogueira Publicado em 17/01/2020, às 09h00

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Dom João VI e Carlota Joaquina em pintura oficial - Wikimedia Commons
Dom João VI e Carlota Joaquina em pintura oficial - Wikimedia Commons

Madrid, 1783. Na sede da Corte Espanhola, chegava o enviado da Coroa Portuguesa, o Conde de Louriçal, representante do Rei Pedro III de Portugal, para realizar o pedido oficial do himeneu – ou seja, o casamento – entre seu segundo filho, Infante D. João, e a primogênita do herdeiro do trono espanhol, D. Carlota Joaquina. Já naquele momento, viu-se que esse acordo seria turbulento: desde o dia, o representante português alegou antipatia com a pequena princesa espanhola.

Portugal queria traçar uma união diplomática (e, claro, não política) entre as Coroas Ibéricas para fim de proteção e confiança mútua naquele momento de perda de centralidade de ambos os Reinos no cenário europeu.

O objetivo eram negociações diplomáticas de apaziguamento e um arranjo dinástico entre as Coroas, que já possuíam herdeiros definidos. A Espanha, ao mesmo tempo, necessitava de boas relações com o vizinho. Muitos nobres portugueses temiam o desencadeamento de uma nova União Ibérica, mas a rainha Maria I sabia que a Espanha não tinha força para tanto.

Nesse confuso cenário, dois anos de negociações foram necessários para que, em 8 de maio de 1785, fosse normalizado o contrato de casamento entre as partes. Com isso, seria selada a amizade entre Portugal e Espanha.

Dom João e Dona Carlota quando adultos / Crédito: Wikimedia Commons

No entanto, o choque entre as realidades foi forte. A Corte espanhola, ambígua, fazia suas princesas passarem por uma etiqueta rígida, ao mesmo tempo em que possuía uma rainha progressista que fazia grandes festas no Palácio, criando um ambiente de verdadeira alegria e liberdade, se comparado com as demais cortes europeias. Já o Palácio Português era espaço de um forte catolicismo tradicional e conservador, enquanto os portugueses possuíam um forte receio em relação aos espanhóis. Por isso, foram necessários muitos anos de negociações.

Por terem relações parentais e pelo fato de que, enquanto João tinha 18 anos, Carlota era uma criança de 10, foi necessário uma dispensa papal para a consumação do casamento. Após tal realização, Foi outorgado o acordo de capitulações matrimoniais no Palácio Espanhol, em uma cerimônia com estilo e pompa, em que representantes de ambas as Cortes testemunharam o acordo, seguido da confirmação do noivado e de um banquete.

Nesse meio tempo, Carlota Joaquina passou por embaraçosos testes da Corte Portuguesa, que exigia da moça postura e decoro. Com representantes de ambos os Reinos, Carlota realizou o procedimento e passou com excelência. Ela, destacam os que a conheceram, era absurdamente inteligente.

Retrato pedido por Carlota quando deixou a Corte Espanhola / Crédito: Wikimedia Commons

Depois de toda essa ladainha, foi considerado correto a realização do casamento e Carlota, então, seguiu em uma comitiva espanhola em direção a Lisboa, sendo recebida no Palácio do Paço de Vila Viçosa. Em 1785, casou-se com João, dando origem ao que a Europa inteira considerava o casal mais horrendo do continente. Era o preguiçoso príncipe barrigudo de olhos esbugalhados e a vaidosa menina ossuda, ainda jovem demais para gerar descendentes.

A situação complicou-se ainda mais com o crescimento de Carlota. Ambiciosa e impulsiva, ela casou-se com um príncipe paspalho de uma rainha detestada pela Europa (mesmo que, depois, ambas se tornassem grandes amigas), que se tornou herdeiro do Império após a morte de seu irmão, D. José.

Carlota era neta preferida do Rei Carlos III da Espanha, e por isso era obstinada, inteligente e ardilosa, sendo submetida como consorte de uma dinastia extremamente fechada. Por isso, tramou contra João (quando já era o sexto, Rei de Portugal, Algarves e, ainda, Brasil) em diversas ocasiões e quase conseguiu tomar o trono e se tornar rainha absoluta de Portugal algumas vezes.


++Nota: todos os adjetivos aqui usados para descrever os pombinhos foram retirados de documentos da época.


++Saiba mais sobre Dom Pedro I e o Brasil Império através dos livros abaixo

D.Pedro - A história não contada, Paulo Rezzutti (2015) - https://amzn.to/2rx3W3b

Titília e o Demonão – A história não contada, Paulo Rezzutti (2019) - https://amzn.to/2tVUhnC

História do Brasil Império, Miriam Dolhnikoff (2017) - https://amzn.to/2Q1DGqV

Histórias da gente brasileira, Mary Del Priore (2016) - https://amzn.to/37b1bUj

Vale lembrar que os preços e a quantidade disponível dos produtos condizem com os da data da publicação deste post. Além disso, assinantes Amazon Prime recebem os produtos com mais rapidez e frete grátis, e a revista Aventuras na História pode ganhar uma parcela das vendas ou outro tipo de compensação pelos links nesta página.