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Matérias / Personagem

Charlotte Corday, a mulher que cometeu um assassinato para salvar a França

Após um golpe ousado, a girondina teve a sua morte garantida na guilhotina

Caio Tortamano Publicado em 11/03/2020, às 17h59

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A girondina Charlotte Corday - Wikimedia Commons
A girondina Charlotte Corday - Wikimedia Commons

Charlotte Corday era membro de uma família aristocrata de pequena expressão na região da Normandia, na França. Após a morte de sua mãe e de sua irmã mais velha, foi mandada pelo pai para um convento em Caen. Lá, a jovem teve contato com as obras de pensadores como Plutarco, Voltaire e Rousseau.

Em plena Revolução Francesa, durante o século 18, os movimentos populares se intensificaram e tornaram-se cada vez mais violentos, atingindo, inclusive, o Reino do Terror, em que diversas pessoas notáveis da sociedade aristocrática e real foram guilhotinadas em praças públicas. Como consequência, Corday começou a simpatizar com os girondinos, que se opuseram ao regime instalado pelos jacobinos.

Durante sua juventude, Charlotte passou a frequentar grupos girondinos e entender que este seria o pensamento que salvaria de uma vez por todas a França. Os girondinos eram contra o radicalismo empregado por aqueles no poder, que simplesmente matavam qualquer um que se opusesse ao regime vigente que agora tomava conta do país.

De maneira bem irônica, Corday desenvolveu um plano para matar o jacobino mais radical da revolução, Jean-Paul Marat. Marat foi um teórico jacobino extremo ao regime antes colocado em prática na França, e abandonou sua carreira como cientista e médico em prol dos movimentos populares que se opuseram à monarquia francesa.

Seu Jornal, L'Ami du peuple (do francês, Amigo do povo) desempenhou papel fundamental durante o Reino do Terror, evocando a população a movimentos públicos e incentivando a desobediência civil.

O papel de Marat preocupava muito Corday, que acreditava que seu espírito errático poderia levar o país a uma guerra civil. Para ela, a morte do líder jacobino acabaria com a violência da França e poria fim às ameaças que a República sofria.

Depois de abandonar o convento, passou a morar com o seu primo ainda em Caen. Em julho de 1793, ela saiu de sua casa e foi até a capital Paris, onde se hospedou em um hotel. Durante seus dias de hospedagem — além de ter comprado uma faca de cozinha —, Charlotte redigiu uma carta intitulada Discurso aos franceses amigos da Lei e da Paz, onde explicava sua motivação e razões para o assassinato que estava por vir.

O plano inicial de Corday era bem ousado, mataria o líder jacobino em frente à Convenção Nacional (primeiro governo da Revolução Francesa), mas descobriu que ele não frequentava mais esses eventos públicos pelo estado deteriorado de sua saúde. Marat tinha uma doença de pele que obrigava ele a ficar imerso em uma banheira de água com ervas medicinais que amenizavam a dor que sentia.

Assim, ela começou a conspirar um novo plano para dar fim ao “inimigo da República”. Na manhã de 13 de julho, Charlotte bateu à porta do jacobino afirmando saber de uma revolta girondina em Caen (sua cidade natal), mas ela teve a sua entrada recusada pela cunhada de Marat.

A girondina não se rendeu ao primeiro momento de dificuldade, e resolveu que voltaria para a casa do líder jacobino na parte do entardecer. Nesse horário, Marat — surpreendentemente — aceitou a entrada da aparente apoiadora do movimento revolucionário.

Dentro da casa dele, ela foi conduzida ao escritório do jornalista, que agora contava com uma banheira de onde ele tocava a maior parte de seus assuntos. Enquanto Charlotte Corday nomeava um por um dos revoltos girondinos de Caen, Marat ia tomando nota para que esses fossem entregues ao regime do Terror.

Enquanto isso, a mulher tirou subitamente a faca e cravou diretamente no peito do homem na banheira. Depois de golpeado, o jacobino teria dito algo como: “Me ajude, cara amiga!”, falecendo logo após.

A famosa pintura que representou a morte de Marat / Crédito: Wikimedia Commons

A casa não estava vazia, e depois dos gritos agonizantes de Marat, a noiva do homem entrou no quarto e se deparou com a cena, juntamente com um amigo do casal responsável por distribuir o jornal, que imobilizou Corday. Dois vizinhos, um cirurgião militar e um dentista tentaram reviver o falecido homem, enquanto outros republicanos tentavam acalmar o povo que havia se reunido para linchar a assassina.

Seu julgamento não demorou muito para acontecer, poucas foram as contestações — inclusive da própria acusada, que não negou em nenhum momento ter cometido o crime sozinha. Depois de ser sentenciada, Charlotte solicitou ao tribunal que um retrato seu fosse pintado, para que sua imagem ficasse guardada para a posteridade.

Retrato de Corday, solicitado antes que ela morresse / Crédito: Wikimedia Commons

Quatro dias após a morte de Marat, em 17 de julho, Corday foi executada e decapitada na guilhotina. Usando uma roupa vermelha, sua peça denotava que ela matou um representante do povo.


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