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Matérias / Arqueologia

Stonehenge brasileiro: O místico sítio Calçoene, no Amapá

O impressionante observatório astronômico indígena possui 127 monólitos da Amazônia, mas pouca gente o conhece

André Nogueira Publicado em 19/01/2020, às 08h00

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O sítio Calçoene, no Amapá - Wikimedia Commons
O sítio Calçoene, no Amapá - Wikimedia Commons

Um dos sítios arqueológicos mais interessantes do Brasil se encontra no Amapá e é chamado de Observatório Astronômico de Calçoene, no Parque Arqueológico do Solstício, mas seu principal apelido é Stonehenge brasileiro, por suas óbvias semelhanças com a enigmática obra paleolítica da Inglaterra.

Trata-se de um monumento lítico no Norte do país que possui 127 monólitos que foram erguidos em um raio de 30 metros. O sítio também é chamado de Rego Grande, pois a região é banhada por um rio de mesmo nome, que margeia o local, no interior do parque.

As pedras de mais de 4 metros foram erguidas e talhadas há mais de 2000 anos e sua disposição é feita para, no solstício de inverno do hemisfério norte, as pedras apontarem para os principais astros do céu amazônico e o sol, ao meio dia, fique na posição exata do centro da obra.

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Crédito: Wikimedia Commons

A construção era utilizada para guiar as comunidades do Amapá a repararem o caminhar do mapa celeste e, assim, acompanhar as épocas de chuva, orientar a chegada das estações, as mudanças do clima e marcar o fim dos grandes ciclos (equivalente ao ano solar no Ocidente).

Desde que os monólitos foram achados por Emílio Goeldi, zoólogo suíço em visita à Amazônia no século XIX, se discute qual a origem dessas pedras e que indígenas que montaram o observatório. Muitas teorias foram traçadas, mas pouca coisa realmente se comprovou com dados materiais, fazendo do sítio um objeto de pesquisa cheio de mistérios. Inicialmente, se defendeu que foram índios aruaques, vindos do Caribe, que construíram o observatório.

Também se defende que, na verdade, foram comunidades do Norte dos Andes que o ergueu, trazendo as rochas por rotas terrestres que ligariam as regiões. Apesar da comprovação da teoria das rotas de comunicação interamericanas, atualmente, por Eduardo Gois Neves, ainda não se delimitou a realidade dessa rota especificamente.

Atualmente, a teoria considerada com maior possiblidade de comprovação sobre a origem dos monólitos do Amapá aponta para o interior da Amazônia. Isso porque foram encontradas na região uma série de cerâmicas enterradas cuja cultura aparenta correlação com tribos amazonenses, como louças cerimoniais Aristé ou Cunani, parecidas com as louças marajoaras.

Crédito: Divulgação

Esses indícios podem indicar que o Observatório foi construído pelas comunidades que reproduziam a cultura cerâmica da Tradição Polícroma da Amazônia, originais da Ilha de Marajó e que se expandiram pela Bacia do Amazônas a partir do segundo milênio d.C..

É quase consenso na academia que o sítio, quando utilizado, era um espaço de observação astronômica. Porém, muita discussão ainda ocorre em relação a suas formas de utilização e sua participação dentro dos circuitos culturais e materiais na vida social desses indígenas. Também se discutem possíveis outras funções sociais do lugar na época em que era ocupado.

Além do apontamento sobre ser um observatório do céu, se coloca que o sítio de Calçoene possui traços que podem fazer com que os cientistas considerem-no um sítio funerário. Isso porque, além dos monólitos circularmente organizados, foram encontradas urnas funerárias de cerâmica nas proximidades do sítio e vestígios de vasos decorados, quebrados em estilhaços, que poderiam conter oferendas para os mortos.


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