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Matérias / Segunda Guerra

Stalin, o arquiteto da Segunda Guerra

Entenda como o ditador soviético, em um acordo com Hitler, elaborou uma importante estratégia de vitória

André Nogueira Publicado em 02/09/2019, às 13h00

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Crédito: Reprodução / Klimbim
Crédito: Reprodução / Klimbim

A Rússia insiste em fazer aparições surpreendentes nas guerras, mudando completamente a dinâmica do jogo. Na Primeira, a Revolução fez sumir o enorme país dos campos de batalha. Na Segunda, o momento de aparição do país, agora em associação como União Soviética, mudou os rumos da guerra para sempre.

A primeira aparição da antiga URSS na geopolítica de guerra europeia foi o acordo Molotov-Ribbentrop de 1939, importantíssimo para entender o início da guerra. Hitler, já tendo anexado um bom pedaço da Europa sem grandes reações, prevê uma guerra contra seu país.

Para impedir uma guerra em dois fronts, ele fecha o Leste da possibilidade de guerra entrando em contato com a URSS, negociando um tratado de não-agressão. Esse tratado, envolvendo a divisão da Polônia entre os dois impérios, foi o estopim da guerra. Porém, Stálin sabia muito bem o quanto Hitler não era muito de cumprir tratados pré-estabelecidos: o plano do soviético era outro!

Esse plano começa lá na URSS, país não muito antigo. Com a morte de Lênin, a Nova Política Econômica, que tenta conciliar desenvolvimento do capital com planificação econômica, não segue em frente. Assumindo Stálin, é iniciado um processo de fechamento econômico e político do país e investimento na indústria.

Aos pés da Segunda Guerra, ninguém sabia exatamente como estava a URSS ou suas capacidades bélicas (para além do contingente da infantaria, marca histórica do exército russo), e Stálin sabia disso. 

Foto da reunião diplomática de assinatura do pacto / Crédito: Wikimedia Commons

O Pacto de Não-Agressão aparece para Stálin como uma excelente oportunidade. Ele precisa adiar a invasão nazista para finalizar as bases de uma contra iniciativa. O plano de Stálin é claro e audacioso. Com o pacto, anula-se a oportunidade de uma guerra imediata no Leste europeu.

Enquanto isso, as potências capitalistas do ocidente europeu iniciam uma guerra em proporções homéricas, abalando suas economias, traumatizando suas sociedades e criando déficits generalizados.

É a oportunidade do enfraquecimento da Europa ocidental, que chagaria a um ponto que estaria devastada demais para uma iniciativa soviética, com o novo contingente militar bem preparado e equipado, graças ao plano econômico stalinista.

Na época, parecia fora de cogitação a entrada dos EUA na guerra. O país estava quebrado desde 1929, ensaiando a retomada econômica na mão de Delano Roosevelt e com uma população massivamente contra a entrada do país na guerra.

Dessa maneira, na visão de Stálin, a guerra era a final oportunidade de alastrar seu poder de coerção a todo o território europeu, fazendo desta guerra o ponto limite da estratégia de fechamento completo ao mundo, entrando para uma fase expansionista (que seria visível durante a Guerra Fria, com a disputa imperial entre EUA e URSS).

Quando a Operação Barbarrosa entra em ação e a Alemanha invade a URSS, nasce finalmente a oportunidade. Numa clássica estratégia de guerra russa, o Exército Vermelho recua. Destruindo as cidades que vão sendo deixadas, os russos impedem que os alemães encontrem recursos para si.

A única surpresa de Stalin foi o momento em que a Operação aconteceu. Que Hitler trairia o acordo, isso já era de se esperar. Mas o momento da invasão da URSS foi consideravelmente inoportuno para os planos de Stalin: a maioria do contingente do Exército Vermelho, na época, estava mais preocupado com o front japonês, e quando a Alemanha apareceu, as tropas tiveram a infeliz missão de atravessar o país de Leste a Oeste, o que deu espaço para as consecutivas vitórias alemãs nos primeiros momentos.

Era necessário, portanto, criar empecilhos para a Alemanha, enquanto o exército não chegava. Aproveitando o grande espaçamento que há entre as cidades russas, é só questão de tempo para o exército inimigo entrar em fadiga, o que faz com que mesmo a invasão de Moscou seja extremamente problemática: em algum momento, o inimigo, despreparado para o terreno, vai cansar.

Assim como foi com Napoleão, esse cansaço atinge seu ápice quando a cereja do bolo aparece: o General Inverno (como os russos apelidaram o rigoroso inverno que afasta os estrangeiros).

Com a incapacidade dos alemães de avançar, o exército russo retoma a iniciativa e arrasta os alemães num avanço militar singular: a URSS derruba os alemães no território russo, toma o controle alemão nos países do Leste Europeu e não para até atingir o objetivo final que é o coração do império nazista, Berlim.

Russos preparam artilharia / Crédito: Reprodução

A Segunda Guerra teve muitas idas e vindas. O ataque direto do Japão aos EUA, na base havaiana de Pearl Harbor, também foi uma mudança dramática no desenvolvimento da guerra, com a entrada de outra potência que tenta dividir (ou melhor, disputar) com a URSS os territórios europeus. Se a história fosse diferente, talvez uma das consequências dessa guerra tivesse sido a dominação europeia pelo comunismo.

Mas na história não existe o que poderia ter sido, só o que foi, e sabemos que Stálin tornou-se um dos principais arquitetos da guerra e a URSS, a grande responsável pela queda de Berlim.