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Matérias / Brasil

Disputa por tombamento e demolição: a saga da mansão Matarazzo

Ícone da Avenida Paulista, o antigo palacete tinha 19 dormitórios, 17 salas, biblioteca e abrigou o primeiro carro da cidade

Wallacy Ferrari Publicado em 01/06/2022, às 13h59 - Atualizado em 04/06/2022, às 12h32

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Fotografia panorâmica da antiga Mansão Matarazzo - Acervo Matarazzo / Everton Calício
Fotografia panorâmica da antiga Mansão Matarazzo - Acervo Matarazzo / Everton Calício

Em 1896, a poderosa família Matarazzo, condutora das Indústrias Reunidas Fábricas Matarazzo, esbanjava poder e fortuna ao ser uma das famílias mais ricas do país, com seu fundador, Francesco, se tornando o homem com o maior patrimônio do Brasil.

Através do grupo, a atuação se espalhava em atividades metalúrgicas, químicas, alimentícias, têxteis, em eletricidade, ferrovias e outras ações de comercio. Aos 42 anos, o empresário havia se casado no ano anterior e, já com 20 anos de convivência e 9 filhos, decide construir uma casa à altura de tal grandeza, como reportamos anteriormente.

Em um terreno de 4,4 mil metros quadrados instalaca-se a Mansão Matarazzo, localizada no número 1230 da Avenida Paulista, até hoje um dos endereços mais notórios da América Latina.

Primeira versão da Mansão Matarazzo na Av. Paulista / Crédito: Wikimedia Commons / Domínio Público

Dando direto a principal avenida da capital paulista, o local era estrategicamente próximo do centro administrativo onde seu grupo de empresas atuava, prédio que hoje abriga a Prefeitura de São Paulo.

Palácio do líder

De acordo com o Projeto São Paulo City, sua primeira versão, antes de numerosas reformas ao longo das nove décadas seguintes, o terreno completava 12 mil metros quadrados de jardim, contando com 19 dormitórios, 17 salas, refeitórios, três adegas e até mesmo uma biblioteca contando com obras raras, inclusive de outros modos de artes além da literatura, como pinturas de Rubens e Canaletto.

Além disso, foi um dos primeiros com garagem para carro, visto que seu dono era proprietário do veículo Packard com a placa número 1 da frota municipal, ou seja, o primeiro a circular pelas ruas da cidade. Com a aquisição de prédios ao redor na década de 1940, a residência tomou uma forma ainda maior ao ser expandida até a calçada da avenida.

Falência geral

Com a queda dos negócios da família de maneira gradativa, em decorrência de dívidas e inserções comerciais de concorrentes, inclusive internacionais, os bens dos Matarazzo foram sendo deixados de lado ao longo das décadas.

A mansão em questão foi um dos últimos bens deixados para trás; a condessa Mariângela, viúva do conde Chiquinho Matarazzo, foi a última a se instalar no local junto da filha Maria Pia, o deixando em 1989, mesmo ano onde a prefeita de São Paulo decidiu tombar o prédio, iniciando uma disputa.

De acordo com o jornal Estado de S. Paulo, o tombamento foi a contragosto da família, que chegou a tentar implodir o imóvel durante uma madrugada ao instalar uma bomba no porão, sem sucesso, apenas danificando parte da estrutura interna do imóvel.

Jornal anuncia demolição da Mansão Matarazzo / Crédito: Divulgação / Estado de S. Paulo

Erundina, então prefeita de São Paulo, por sua vez, tinha interesse em instalar o Museu do Trabalhador, fato que não se concretizou, visto que, em 1884, a família reverteu a decisão judicialmente e conseguiu reaver a mansão, a demolindo em 1996, justamente no centenário de sua edificação.

Invés de manter o prédio histórico, preferiram vender o terreno a um grupo de propriedades comerciais, que inicialmente abrigou um estacionamento até os anos 2010, quando iniciaram a contrução do que hoje é o Shopping Cidade São Paulo.


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