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Matérias / Ditadura Militar

Edson Luís de Lima Souto: 52 anos da morte que antecedeu o AI-5

Neste dia, em 1968, acontecia o assassinato do estudante secundarista que gerou uma comoção coletiva na cidade do Rio de Janeiro e, provocou atos relevantes contra a ditadura militar

Isabela Barreiros Publicado em 28/03/2020, às 08h00

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Edson Luís de Lima Souto, o estudante secundarista assassinado durante a ditadura militar - Wikimedia Commons
Edson Luís de Lima Souto, o estudante secundarista assassinado durante a ditadura militar - Wikimedia Commons

“Pode-se dizer que tudo começou ali — se é que se pode determinar o começo ou o fim de algum processo histórico. De qualquer maneira foi o primeiro acontecimento que sensibilizou a opinião pública para o movimento estudantil”, escreveu o jornalista e autor Zuenir Ventura em sua obra 1968: O Ano Que não Terminou.

O evento em questão era a assassinato de um estudante secundarista no Rio de Janeiro. Edson Luís de Lima Souto nasceu em Belém, no Norte do país, e se mudou para a capital fluminense para estudar no segundo grau no Instituto Cooperativo de Ensino, no qual estava localizado o restaurante Calabouço, palco do homicídio cometido por policiais durante a ditadura militar.

Caixão de Edson Luís sendo carregado por manifestantes / Crédito: Domínio Público

Edson era apenas um estudante comum — aos seus 18 anos, não fazia parte de nenhum movimento estudantil muito menos era líder de alguma dessas ações. No dia 28 de março de 1968, policiares invadiram o Calabouço, estabelecimento onde 300 estudantes jantavam, por acreditarem que eles iam atacar a Embaixada dos Estados Unidos naquele dia.

Na verdade, os alunos planejavam realizar uma pequena passeata que teria como intuito protestar contra a alta do preço da comida no restaurante, mas nem isso chegou a acontecer. O resultado da invasão policial foi catastrófico e violento e teve como resultado a morte de dois jovens, Edson e um segundo, Benedito Frazão Dutra, que morreu no dia seguinte enquanto estava internado em um hospital.

Foi o comandante da tropa da PM, aspirante Aloísio Raposo, quem atirou no primeiro estudante a queima roupa, em seu peito. A violência propagada pela polícia foi respondida por paus e pedras, que teve como sequência o início de tiros sendo disparados contra qualquer um que estivesse no local.

O corpo de Edson Luís de Lima Souto foi recuperado por estudantes que o carregaram em uma passeata em sua homenagem, que se tornou ato político em plena tensão da ditadura militar no país. Ele foi levado até as escadarias da Assembleia Legislativa, na Cinelândia, centro do Rio de Janeiro e foi velado no local. Depois disso, até o Cemitério São João Batista, onde foi enterrado.

O enterro de Edson Luís / Crédito: Domínio Público

O assassinato antecedeu a radicalização dos crimes cometidos pelo regime no Brasil por meio do Ato Institucional AI-5, em 13 de dezembro de 1968. E também marcou um momento em que muitos opositores lutavam intensamente contra a ditadura — a cidade do Rio foi tomada por enormes protestos após sua morte.

No dia 29 de março daquele ano, o dia seguinte ao acontecimento, mais de 50 mil pessoas compareceram ao seu cortejo, caminhando juntas até o Cemitério São João Batista, em Botafogo. Protestando, os cinemas da Cinelândia estavam passando três filmes: A noite dos Generais, À queima roupa e Coração de Luto. Os manifestantes ainda colaram cartazes por toda a cidade onde lia-se "Mataram um estudante. E se fosse seu filho?", "Bala mata fome?" e "Os velhos no poder, os jovens no caixão".

Coração de Luto no cartaz de um cinema na Cinelândia / Crédito: Domínio Público

A missa realizada em sua memória também teve como consequência tragédia causada pela polícia. Na Igreja da Candelária, cavalaria da Polícia Militar cercou o local sagrado e ainda atacou as pessoas que estavam prestando homenagens ao garoto. Isso fez com que dezenas de pessoas ficassem feridas.

A Passeata dos Cem Mil, por exemplo, também floresceu no contexto do homicídio causado pela polícia militar. Em 26 de junho de 1968, militantes, líderes estudantis, artistas e até políticos contrários ao regime permaneceram, também, nas as ruas da Cinelândia. No começo do ato, havia cerca de 50 mil pessoas no local, mas uma hora depois, o número ainda dobraria, totalizando 100 mil manifestantes.


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