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Matérias / África

Griots: Os contadores de histórias da África Antiga

Até hoje, os Griots seguem seu papel de guardiões da tradição

Texto Joseane Pereira // Revisado por: Tiago Azanha Publicado em 26/10/2020, às 16h03 - Atualizado às 16h04

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Os antigos Griots - Wikimedia Commons
Os antigos Griots - Wikimedia Commons

Contadores de histórias, mensageiros oficiais, guardiões de tradições milenares: todos esses termos caracterizam o papel dos Griots, que na África Antiga eram responsáveis por firmar transações comerciais entre os impérios e comunidades e passar aos jovens ensinamentos culturais, sendo hoje em dia a prova viva da força da tradição oral entre os povos africanos.

Utilizando instrumentos musicais como o Agogô e o Akoting (semelhante ao banjo), os griots e griottes estavam presentes em inúmeros povos, da África do Sul à Subsaariana, transitando entre os territórios para firmar tratados comerciais por meio da fala e também ensinando às crianças de seu povo o uso de plantas medicinais, os cantos e danças tradicionais e as histórias ancestrais.

Diferente da civilização ocidental, que prioriza a escrita como principal método para transmissão de conhecimentos e tem historicamente fadado povos sem escrita ao âmbito da pré-história, em sociedades de tradição oral a fala tem um aspecto milenar e sagrado, e é preciso refletir profundamente antes de se pronunciar algo, pois cada palavra carrega um poder de cura ou destruição. 

Nesse sentido, os Griots são os guardiões da palavra, responsáveis por transmitir os mitos, técnicas e tradições de geração para geração.

O termo griot tem origem no processo de colonização do continente africano, sendo a tradução para o francês da palavra portuguesa criado. No século XVI, com a ocupação da costa africana pelo reino de Portugal baseada na construção de fortes que atuavam como entrepostos, os lusitanos passaram a fazer transações com Reinos africanos como Kongo, Mali e Songhai.

Esses primeiros contatos já transformavam tanto as culturas africanas como a nação de Portugal, mas acabaram levando a muitos reinos à desestruturação. Com o tráfico de escravizados e o processo de Neocolonização do século XIX, países como França, Bélgica e Alemanha adentraram os territórios africanos, contribuindo para o processo.

Entretanto, até os dias de hoje os Griots seguem em seu papel de guardiões da tradição, estando presente em muitos lugares da África Ocidental, incluindo Mali, Gâmbia, Guiné e Senegal, e entre os povos Fula, Hausá, Woolog, Dagomba e entre os árabes da Mauritânia.

Aqui no Brasil, podemos ver semelhanças entre os Griots e os repentistas, que também se utilizam da oralidade para transmitir cultura.

Em sociedades africanas marcadas pela escravidão, os sujeitos foram classificados como objetos sem memória a serem liderados pelos que detinham a razão. Afinal, povos sem escrita eram povos sem cultura.

Nesse sentido, os Griots atuais são a prova viva da força da tradição oral que, de geração em geração, tem preservado memórias, costumes e saberes.