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Matérias / Brasil

Escadas improvisadas e pânico: Neste dia, em 1974, o incêndio do Joelma abalava o país

Em aproximadamente 5 minutos, o fogo tomou conta do local, resultando num dos episódios mais tétricos do Brasil

Fabio Previdelli

por Fabio Previdelli

fprevidelli_colab@caras.com.br

Publicado em 01/02/2021, às 10h37 - Atualizado às 10h38

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Registro do incêndio - Divulgação/Vídeo/Globo News
Registro do incêndio - Divulgação/Vídeo/Globo News

Na manhã chuvosa de 1º de fevereiro de 1974, a rotina de trabalho no Edifício Joelma, um prédio com salas comerciais no Centro de São Paulo, se iniciava como qualquer outro. O local era alugado pelo Branco Crefisul de Investimentos, que contava com mais de 750 empregados separados pelos 25 andares da construção.

Tudo parecia bem, até um curto-circuito em um aparelho de ar condicionado no 12º andar se iniciar por volta das 8h45 da manhã. Rapidamente, o fogo se alastrou e, em menos de 5 minutos, a fumaça preta atrapalhava a visão de quem buscava fugir do foco das chamas.

Imagens do fogo consumindo o Joelma / Crédito: Wikimedia Commons

“Eu cheguei ao prédio em torno de 8h30, e subi normalmente pelo elevador. Cheguei ao meu andar (18°) e fui até o toalete. Quando eu voltei e fui até a minha sala, uma amiga que trabalhava na mesma sala e era secretária de outro diretor me avisou que o prédio estava pegando fogo”, declarou a sobrevivente Sueli Versignassi em entrevista exclusiva ao AH.

O fogo consumiu 14 dos 25 andares, desesperadas, pessoas tentavam fugir pelas escadas de incêndio, elevadores e, em casos mais extremos, muitas desistiram de lutar pelas próprias vidas e se jogaram pelas janelas.

“Tivemos momentos de todos os tipos que você pode imaginar, desde tentar se encolher para se esconder das chamas, pois elas lambiam o teto, até usar o corpo de pessoas que já estavam mortas para nos proteger do fogo. Era o Inferno de Dante”, disse Sueli.

Ao todo, o incêndio catastrófico deixou 300 feridos e vitimou 187 pessoas. Após todos esses anos, o acidente do Joelma continua sendo o maior que ocorreu de forma acidental em um arranha-céu — ele só perde em número de vítimas para as torres do World Trade Center em 11 de setembro de 2001.

Minuto a minuto

8h45 até 8h50: O incêndio se inicia após uma explosão causada pelo curto-circuito no sistema de ar-condicionado do 12° andar.  Nos próximos 5 minutos, o fogo se espalha de maneira devastadora até o 25º andar.

9h: 10 minutos depois chegam os primeiros carros do Corpo de Bombeiros. Nesse momento, 4 pessoas já haviam se jogado do Joelma.

Pessoa se jogando do Joelma / Crédito: Getty Images

9h20: Os bombeiros resgatam a primeira sobrevivente, sete pessoas ainda esperam para serem salva. No entanto, no 16º andar, sem muitas chances de se salvarem, mais duas pessoas se jogam.

Entre 9h25 e 9h30: Equipes de apoio começam a chegar, assim como o primeiro helicóptero. Mais duas pessoas saltam do Joelma e caem na Avenida 9 de Julho. Partes do edifício começam a cair.

9h35: Uma explosão acontece, provavelmente, ocasionado por um botijão de gás. A tensão aumenta.

9h37: Mais uma pessoa se atira ao solo. Agora, do 14º andar.

9h40: O resgate pelas vítimas se intensifica. Uma delas cai enquanto descia por uma escada improvisada, mas o impacto com o solo é contido por um grupo de pessoas que ajudavam no resgate.

Pessoas ficaram nos parapeito para fugirem do fogo e da fumaça / Crédito: Reprodução

9h42: Ouve-se um estrondo no centro do Joelma. De lá, sai um fogo azulado. Neste momento, outra pessoa se joga.

Entre 9h50 e 9h55: Mais três pessoas se jogam. Neste momento, uma base de atendimento começa a ser montada no heliporto da Câmara Municipal.

Entre 10h e 10h10: No 16º andar, um homem tira as roupas e faz uma corda improvisada para descer até o 13º andar. Por ela, descem outras pessoas. No entanto, quando chega sua vez, ele despenca. Na queda, ele atinge mais três pessoas, entre elas, um bombeiro. Ninguém sobreviveu.

Neste meio tempo, chegam helicópteros particulares, do Governo do Estado, e da Força Aérea Brasileira.

Helicópteros chegam para resgatar as pessoas / Crédito: Reprodução

10h15: Chegam suplementos para atender aos pedidos médicos. Mais duas pessoas saltam.

10h25: Bombeiros derrubam árvores para facilitar a descida dos helicópteros. O fogo começa a cessar. Outro corpo cai ao solo.

Entre 10h30 e 10h50: Bombeiros que se intoxicaram com a fumaça são retirados de ambulância. O fogo fica perto de atingir 5 pessoas que estavam no 19º andar. Desesperadas, elas ameaçam se jogar.

Pessoas na rua olhando o resgate dos bombeiros / Crédito: Reprodução

Entre 10h55 e 11h55: No 14º andar, um rapaz impede que uma mulher se jogue, ambos acabam salvos. Reforços da cavalaria são acionados para afastar a multidão da região. Até agora, estima-se que 30 pessoas já se jogaram do Joelma.

12h35: As buscas continuam intensas, mas o forte calor impede a aproximação de alguns helicópteros. Até o momento, 80 pessoas foram salvas.

14h: Os bombeiros são informados que não há mais pessoas viva dentro do Edifício.

Entre 14h15 e 14h30: 17 corpos são retirados do 12º, outros 9º são encontrados no 15º.

15h: Os bombeiros encerram a remoção de sobreviventes.

Pessoas ajudando no resgaste das vítimas / Crédito: Reprodução

15h45m: Equipe de bombeiros chegam ao topo do Joelma. Lá, mais de vinte corpos estão carbonizados.

Entre 17h e 17h30: Os carros que estavam na garagem do prédio começam ser retirados. A limpeza da área começa a ser feita no local com o auxilio de carros-guinchos.


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Vozes do Joelma: Os gritos que não foram ouvidos, de Marcos Debrito, Marcus Barcelos, Rodrigo de Oliveira, Victor Bonini e Tiago Toy (2019) - https://amzn.to/2S1JVeh

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