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Matérias / Crimes

Lady Barba Azul: A sangrenta saga da serial killer Belle Gunness

Em pleno século 19, a assassina matou quase 50 pessoas e conseguir escapar se envolvendo em um dos maiores mistérios dos EUA

Alana Sousa Publicado em 21/12/2020, às 15h00 - Atualizado em 16/02/2024, às 12h27

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Belle com as três filhas - Wikimedia Commons
Belle com as três filhas - Wikimedia Commons

O começo da vida de Belle Gunness é rodeado de especulações, sabe-se que ela nasceu na Noruega, em 11 de novembro de 1859. Acredita-se que ela tenha se mudado para os Estados Unidos, em 1881, após ser atacada por um homem e perder seu bebê, após esse fato a personalidade de Belle mudou completamente.

Batizada como Brynhild Paulsdatter Størset, a norueguesa decidiu americanizar seu nome, daí nasceu Belle. Segundo sua irmã, Nellie Larson, sua maior fraqueza era o dinheiro, o que mais tarde provou ser a causa de seus crimes.

+ Lady Killers: obra conta detalhes do caso de Belle Gunness, a açougueira de homens

Primeiro homicídio

Morando em Chicago, nos Estados Unidos, em 1884, casou-se com Mads Ditlev Anton Sorenson. Após seis anos de casamento, em julho de 1900, Mads morreu de Sorenson morreu de hemorragia cerebral, explica o New York Post.

No dia do enterro, ela foi retirar o dinheiro do seguro que tinha em nome do marido. Com o valor, Gunness comprou uma fazenda na cidade de La Porte, em Indiana, Estados Unidos — mudou-se para lá com as três filhas do casal.

Belle ainda jovem / Crédito: Wikimedia Commons

O senso americano de Chicago, que contabilizava famílias na região, registrou que Belle tinha quatro filhos: Caroline, Axel, Myrtle e Lucy. Sendo que dois deles, Caroline e Axel, morreram ainda na infância (os dois possuíam seguro, que foram pagos após a morte). Viviam com ela na fazenda, Lucy, Myrtle, e a filha adotada, Morgan.

La Porte

Em La Porte, Belle conheceu o norueguês Peter Gunness, em abril de 1902 eles se casaram. Uma semana depois, a filha de Peter é encontrada morta dentro de casa. Oito meses mais tarde é o marido quem morre. Segundo a homicida, uma máquina de moer caiu em cima do homem e o matou instantaneamente. Mais uma vez, ela recebeu o seguro em dinheiro.

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Ray Lamphere / Crédito: Wikimedia Commons

Depois, mais um caso intrigante. Jennie Olsen, filha adotiva, desapareceu. Belle afirmou que havia enviado a garota para um colégio interno — anos mais tarde, seu corpo seria encontrado enterrado em sua propriedade.

A serial killer fez um anúncio no jornal local chamando homens ricos que desejavam juntar sua fortuna com a dela. Era o início de anos de assassinatos.

Diversos homens viajavam para a fazenda de Belle — sempre levando sua fortuna em dinheiro — e jamais voltavam.

“Como muitos psicopatas, ela foi muito perspicaz na identificação de possíveis vítimas”, explicou Harold Schechter, autor de “Hell's Princess: The Mystery of Belle Gunness, Butcher of Men", conforme o New York Post. “Eram solteiros noruegueses solitários, muitos completamente isolados das suas famílias. Ela os enganou com promessas de culinária norueguesa caseira e pintou um retrato muito sedutor do tipo de vida que eles desfrutariam.”

Um desses homens foi o agricultor Andrew Helgelien, que viajou da Dakota do Sul para Indiana, a fim de conhecer a mulher, levando todas suas economias — o que Gunness o recebeu com fervor. Alguns dias depois, o homem desapareceu, e Belle foi ao banco descontar um cheque em seu nome. No entanto, não foi o único.

Ray Lamphere

Ray Lamphere era apaixonado por Belle, e fazia tudo que ela lhe pedisse, entretanto, acabou chutado pela amada, que, na época, receberia Helgelien.

Gunness o demitiu em fevereiro de 1908, e alertou as autoridades da cidade sobre o perigo que Ray poderia ser para a comunidade, alegando que ele sofria de insanidade.

Um teste foi realizado e Lamphere foi liberado. Alguns dias depois, ela voltou para prestar uma queixa, dizendo que ele havia ameaçado sua família e tentado invadir sua residência.

A fazenda Gunness / Crédito: Wikimedia Commons

Diante da gravidade da situação, a mulher passou a ter medo de que Lamphere atentasse contra sua vida e de seus filhos.

Dias depois, o funcionário de Belle, Joe Maxon, contratado para substituir Ray Lamphere, acordou e percebeu que a casa estava ardendo em chamas, explica a obra de Harold Schechter. Correu em busca de ajuda, mas já era tarde. Os filhos de Gunness foram encontrados mortos juntos a um cadáver sem cabeça, que julgaram ser dela.

As autoridades, que já estavam cientes das supostas ameaças que Ray havia feito à família Gunness, acusaram-no de incêndio criminoso. O homem, no entanto, sempre negou a autoria do crime.

O esqueleto decapitado

Apesar de identificarem o esqueleto sem cabeça como sendo de Belle, os vizinhos negaram que o cadáver pertencia à mulher, repercutiu o Norwegian Ridge. A autópsia comparou o esqueleto encontrado no incêndio com as roupas da serial killer, e registros em lojas de departamento, a conclusão foi a mesma: não era Belle.

A dúvida sobre a identidade atrás do cadáver decapitado gerou outra investigação, ainda mais terrível. Após Asle Helgelien chegar a La Porte em busca do paradeiro do irmão, que havia sido visto pela última vez em contato com Belle, uma busca na fazenda da assassina teve início.

Todos os dias corpos eram desenterrados do solo da propriedade, incluindo de Jennie Olsen, Andrew Helgelien.

O número total de vítimas varia de uma fonte para outra. Conforme repercutido pelo New York Post, um total de doze corpos foram encontrados na propriedade, no entanto, o Guinness, livro dos recordes, cita 28 corpos.

Ray Lamphere foi acusado de cometer todos os assassinatos, mas confessou posteriormente que nunca matou ninguém. Ele foi condenado à prisão pelo incêndio e morreu na cadeia um ano depois, de tuberculose.

Paradeiro desconhecido

Conforme o livro 'Lady Killers Profile: Belle Gunness', também de Harold Schechter, em uma suposta última confissão, ele teria dito que o corpo decapitado pertencia a uma vítima, que Gunness havia assassinado poucos dias antes do incêndio. E que tudo fazia parte de seu plano de fuga. Ela havia envenenado as crianças até a morte e posicionado junto ao corpo da mulher. Depois ela teria fugido para outra cidade. A informação nunca foi confirmada.

Nas décadas seguintes diversas pessoas afirmaram ter avistado Belle em lugares como Chicago, São Francisco, Nova York, e Los Angeles. Existe uma teoria de que ela seria Esther Carlson, uma mulher acusada de matar o marido envenenado, repercutiu o Chicago Tribune em 2008, no entanto, não passa de um rumor. O destino da serial killer permanece desconhecido até hoje.

“Ambas as possibilidades parecem igualmente plausíveis para mim”, explicou Harold Schechter sobre o destino de Belle, segundo o New York Post. “Depois de passar anos nesse horror, pude vê-la finalmente querendo acabar com isso. Por outro lado, dada a personagem insidiosa que ela era, posso igualmente imaginá-la encenando tudo. Todos com quem conversei e que leram o livro sentiram fortemente que ela se safou. Não posso dizer que sim.”


*Matéria atualizada com mais informações sobre o caso.