O documento registra um passo a passo da destruição do corpo causada pela masturbação
Thiago Lincolins Publicado em 27/09/2019, às 07h00
Assim como em todas as outras formas de sexo não-reprodutivo, religiosos sempre condenaram a masturbação. Mas uma coisa é prometer a danação eterna. Outra é dizer que seu corpo vai se desfazer aqui mesmo. E essa foi a crença dos médicos por todo o século 19.
Inspirado no trabalho de um teólogo de um século antes, em 1760, o médico suíço Samuel-Auguste Tissot lançou L'Onanisme, um tratado no qual afirmava que o sêmen era um "oléo vital" que, se perdido, causaria "uma notável redução da força, da memória e mesmo da razão". E também: "todos os tipos de gota e reumatismo, enfraquecimento dos órgãos genitais, sangue na urina, distúrbio do apetite, dores de cabeça e um grande número de outras desordens".
Segundo o historiador da medicina James Whorton, da Universidade de Washington, a doutrina anti-masturbatória tem a ver com a evolução da própria psiquiatria. "A construção de hospícios para tratar doentes mentais fez com que médicos tivessem contato próximo e frequente com pacientes que se masturbavam repetidamente em frente de todos."
Foi nesse contexto que, em 1830, foi publicado o livro anônimo Le Livre Sans Titre (O livro sem título) com 15 ilustrações desenhadas e coloridas a mão. É um passo a passo da destruição do corpo causada pela masturbação. O personagem das imagens é um jovem de 17 anos, que definha lentamente até sua destruição final. Veja abaixo.
A capa do livro
"Ele era jovem, bonito e a esperança de sua mãe"
"Ele se corrompeu! Logo o seu crime o tornou velho antes do tempo e suas costas começam a ficar curvadas"
"Um fogo devorador queima suas entranhas e ele começa a sentir de dores de estômago horríveis."
